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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Garimpeiros assassinam os povos indígenas em nome dos lucros dos capitalistas

A política de genocídio dos povos indígenas continua sendo comandada pelas classes dominantes em busca de lucros desumanos.

Gabriela Torres 
Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.


Foto: Apu Gomes/MídiaNinja


AMAPÁ – Durante esse final de semana, na madrugada de sábado (27), o povo waiãpi foi invadida por garimpeiros na região da Pedra Branca do Amapari no estado do Amapá.

O ataque começou com o assassinato da liderança dos waiãpi: o cacique Emyra Waiãpi, de 68 anos, foi morto por facadas e teve seu corpo jogado no rio. “Ele foi morto a facadas. Várias facadas no corpo dele, inclusive no pênis. Foi muito feio”, testemunhou Viceni Waiãpi, membro e coordenador das aldeias Waiãpi.

Os habitantes descreveram ainda disparos feitos para intimidar e agressões às crianças e mulheres, promovidas por cerca de 50 garimpeiros. A comunidade indígena mantém 1.300 integrantes e reside em uma área que possui aproximadamente 6.000 quilômetros quadrados e é objeto de cobiça das mineradoras.

Os Interesses Econômicos Por Trás da Política de Extermínio

A região que inclui Pedra Branca do Amapari, onde se localiza a aldeia Mariri atacada, foi demarcada durante os anos 90 e abarca 4.6 milhões de hectares de floresta amazônica, tanto do estado do Amapá quanto do estado do Pará. A existência dos povos nativos se consolida ainda mais como empecilho para o interesse das grandes empreiteiras graças à RENCA (Reserva Nacional do Cobre e Associados), um projeto que restringe a atuação empresarial externa com o intuito de tentar defender alguma soberania nacional, criando unidades de conservação integral, reservas indígenas e, portanto, delimitações na extração autorizada de minérios, sendo permitido que apenas os povos originários (que o fazem de forma não predatória) utilizem as riquezas do solo. A delimitação geográfica protegida possui o tamanho do estado do Espírito Santo e abundância em cobre, ferro e ouro.


Foto: Apu Gomes/AFPRESISTÊNCIA – Os povos indígenas resistem assim como a classe operária e os camponeses às políticas genocidas do governo Bolsonaro.


O Governo Federal e a Submissão aos Interesses Econômicos

Em contrapartida com o cenário sangrento dos brasileiros originários, o que a comunidade indígena recebeu como respaldo do Estado brasileiro diante do genocídio dos waiãpis dessa semana foi omissão: após as denúncias, e apesar de um vídeo enviado por Kurani Waiãpi às autoridades alegando “estamos pedindo socorro”, o Ministério Público Federal demorou quatro dias para responder a esse genocídio. A investigação criminal só foi aberta neste domingo (28), e por isso as próprias vítimas tiveram de planejar sua sobrevivência: as mulheres e crianças indígenas tiveram de ser transferidas para a aldeia Aramirá, enquanto os homens mantiveram-se tentando expulsar os garimpeiros.

O atual presidente da república, Jair Bolsonaro, além de não se pronunciar sobre tal atrocidade, é favorável à barbárie promovida com as terras indígenas: fomentando nepotismo, anunciou durante um evento das Forças Armadas que indicaria seu filho Eduardo Bolsonaro para fazer uma aproximação com os Estados Unidos para invadir terras Ianomamis demarcadas: “estou procurando o ‘primeiro mundo’ para explorar essas áreas”, destacou Eduardo.

A defesa feita no governo Bolsonaro é para os banqueiros, ruralistas e garimpeiros, e as empresas mineradoras que patrocinam o assassinato indígena só se preocupam com o abastecimento do comércio exterior e com a proteção da política de subserviência aos Estados Unidos e à China adotada pelo Brasil, e enquanto o protagonismo delas for admitido, o lucro se manterá acima da vida de todos os brasileiros.


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