A organização “Arma da Crítica” sustenta que o novo acordo com a União Europeia reafirma a submissão brasileira aos países imperialistas.
Arma da Crítica
Brasil, 09 de julho de 2019
Foto: Divulgação
CONJUNTURA – No encontro anual do G-20 em Osaka, Japão, Bolsonaro anunciou como grande vitória diplomática do seu governo o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Européia. Mas o acordo, ao contrário da propaganda oficial, representará um aprofundamento da dependência da economia brasileira em relação às potências imperialistas. O resultado será a destruição de empresas nacionais, o aprofundamento da condição primário-exportador do Brasil e a desindustrialização ainda maior do país.
Em seus termos o acordo prevê grande redução recíproca de tarifas de exportação. Do lado brasileiro e do Mercosul em geral, os ganhos caberão apenas ao agronegócio. As tarifas da carne bovina importada pela UE, cujo volume de 80% provém dos países do Mercosul, serão eliminadas. Já a União Europeia, por sua vez, será agraciada com a redução tarifária de produtos industriais como veículos e partes, maquinário, produtos químicos e farmacêuticos, vestuários, calçados e têxteis.
O acordo também prevê liberalização de comércio e serviços de telecomunicações e financeiros. Compras governamentais e licitações públicas, instrumento utilizados por vários governos em todo o mundo para proteger produtores locais, serão liberalizadas. Considerando as assimetrias econômicas e tecnológicas da economia brasileira, menos produtiva quando comparada à Europa, a burguesia do Velho Continente será a mais beneficiada. O acordo representará, para o nosso país e os demais povos do Mercosul, uma regressão ainda maior em sua dependência econômica, tecnológica e produtiva.
Do ponto de vista dos interesses da burguesia europeia, o acordo os beneficia amplamente. Suas economias estão pressionadas, por um lado, pela concorrência industrial chinesa e, por outro, pela política unilateral dos Estados Unidos em aplicar sanções econômicas a países como Irã e Cuba, afetando diretamente os negócios europeus. Ao mesmo tempo a economia européia em seu conjunto, além de enfrentar um cenário de baixo crescimento econômico, enfrenta uma queda na produção local de veículos automotivos com impactos em todos os países do bloco.
O presente acordo é mais um exemplo de como a burguesia brasileira e latino-americana abandonou qualquer veleidade desenvolvimentista. Para garantir seus lucros, seu projeto de país é o de consolidar o rentismo como eixo hegemônico da acumulação, aplicar uma especialização regressiva tornando-nos meros produtores de commodities agrícolas e alinhar o país aos interesses do imperialismo. À massa trabalhadora restará um aumento dos níveis de exploração, com a desregulamentação absoluta do mercado de trabalho, redução nos gastos públicos, desemprego em massa, fim de qualquer perspectiva de mobilidade social e perda acentuada de direitos.
Por isso, às massas trabalhadoras resta, como única alternativa, enfrentar esse projeto de destruição nacional e de espoliação com organização e luta. Temos insistido que o Brasil precisa ser refundado a partir de um projeto centrado nos interesses preponderantes do trabalho. Isso exige a conquista do poder político pelas massas trabalhadoras. Para tanto, as atuais lutas contra as medidas de Bolsonaro precisam avançar em seu nível político e organizativo. Deixar de lado os aspectos folclóricos e por vezes escatológicos de seu governo e fixar nossa atenção na grande política e nos interesses do povo. Só assim faremos avançar a luta popular e poremos fim definitivamente à destruição do país e a espoliação do povo, redimindo-nos de 519 anos de exploração e injustiças.
Pelo Socialismo!
Todo o Poder às Massas Trabalhadoras!