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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Ex-PM envolvido no “Caso Marielle” confirma propina à delegacia do Rio de Janeiro

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A cada fase divulgada da investigação fica mais evidente a relação das milícias no assassinato de Marielle Franco, mas perguntas como “Quem mandou matar Marielle?” seguem sem respostas.

Jady Oliveira


Foto: Divulgação/Fabiano RochaACORDO – Após rendição, Ferreirinha presta depoimento à Delegacia que investiga assassinato de Marielle.


RIO DE JANEIRO – A menos de dez dias para que se completem um ano e seis meses do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, o crime segue sem mandantes identificados. Contudo, as investigações apontam para o envolvimento das milícias que atuam no Estado.

Em depoimento recente, as declarações do Policial Militar Rodrigo Jorge Ferreira reforçaram essa linha da investigação. Ferreirinha, como é conhecido, alegou que, a mando do ex-PM miliciano Orlando Curicica, levava dinheiro de propina à Delegacia de Homicídios da capital (DH), unidade que investiga o “Caso Marielle”. A alegação consta no inquérito da Polícia Federal em que Ferreirinha e sua advogada, Camila Lima Nogueira, são acusados de obstruírem a investigação do caso por falso depoimento em relação ao mandante do assassinato.

O Envolvimento das Milícias

Em maio desse ano, Rodrigo Jorge Ferreira foi preso durante uma ação do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil, suspeito de compor a milícia comandada por Orlando Curicica. O grupo é acusado, dentre outras coisas, por realizar invasões em favelas, sendo que mensagens apreendidas no celular de Curicica demonstram como planejavam as invasões e mapeavam os lucros que obteriam com elas.

Longe de ser uma exceção, a formação de milícias comandadas por PMs e os crimes cometidos por elas são realidade nas favelas cariocas, onde os moradores são obrigados a conviver com um Estado de guerra que assassina, sobretudo, os corpos negros, como denunciava Marielle Franco, morta quatro dias após escrever em suas redes sociais:

“Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento (…) Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior”.

Apesar de tipificada como crime através da Lei n° 12.720/2012, a atuação das milícias, enquanto organização paralela ao Estado, cada vez mais se entrelaça e se confunde com a ação do poder militar estatal, legitimando o genocídio do povo negro.

Nesse sentido, se destaca o depoimento de Ferreirinha sobre o pagamento de propina à Delegacia que investiga o “Caso Marielle” e que corrobora a declaração do próprio Curicica que, anteriormente, depôs sobre o pagamento de uma mesada, paga por membros do grupo de milicianos “Escritório do Crime” a alguns policiais dessa delegacia para que investigações sobre as execuções praticadas pela milícia protegessem os responsáveis pelos crimes.

Foto: ReproduçãoCÚMPLICES – Flávio Bolsonaro posa com seu assessor Fabrício Queiroz.


O grupo “Escritório do Crime” também é investigado como possível mandante do assassinato da vereadora. Além disso, até novembro do ano passado, a mãe e a esposa de Adriano Magalhães, apontado como chefe dessa milícia, eram funcionárias no gabinete do então Deputado Estadual Flávio Bolsonaro. Como se não bastasse, o miliciano que fora homenageado por Flávio no passado, possui estreita relação com Queiroz, ligando a família Bolsonaro às milícias investigadas nesse caso e que diariamente promovem a morte de centenas de inocentes no Rio de Janeiro.

Foto: Divulgação/Mídia NinjaJUSTIÇA – Em ato realizado em memória à Marielle Franco, militante questiona quem foi o mandante do assassinato.


Assim, a cada fase divulgada da investigação fica mais evidente a relação das milícias no assassinato de Marielle Franco, mas perguntas como “Quem mandou matar Marielle?” seguem sem respostas. Enquanto isso, nas favelas, o sangue de jovens negros, de moradores e inocentes segue sendo derramado, ora pela ação declarada da Polícia Militar enquanto braço armado do governo fascista de Bolsonaro e Witzel, ora na figura dos milicianos, seus amigos íntimos.

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