Sindmotoristas estima que ataques de Bruno Covas ao transporte público da cidade poderão resultar em 6.500 postos de trabalho prejudicados.
Julia Ponte e Lucas Nascimento
Foto: Lucas Nascimento/Jornal A Verdade
SÃO PAULO – Motoristas e cobradores dos ônibus que circulam na cidade de São Paulo continuam paralisação nesta sexta-feira (6). Os manifestantes protestam contra a redução das linhas de ônibus na cidade, contra a extinção dos cobradores e pelo pagamento da Participação nos Lucros e Resultados.
Os protestos organizados pelo Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo) se iniciaram na quinta-feira (5) após assembleia composta por mais de 6 mil motoristas. Segundo o sindicato, a gestão Bruno Covas retirou 450 veículos de circulação e pretende, até o final do ano, retirar mais mil. Estima-se que cerca de 6.500 postos de trabalho seriam colocados em risco por conta das medidas.
Em panfleto distribuído nos terminais de ônibus na quarta-feira (4), o sindicato afirma que o subsídio destinado às empresas não foi repassado e, por conta disso, um déficit de R$174 milhões foi gerado até o fim ano passado. “Estamos enfrentando uma crise sem precedentes no sistema e o Poder Público e os empresários de ônibus querem jogar essa conta para o trabalhar pagar. Isso jamais vai acontecer. Agora é guerra. Vamos defender com as armas que temos nossos direitos e empregos”, enfatiza Valdevan Noventa, presidente do Sindmotoristas e deputado federal.
Sucateamento: Usuários Prejudicados e Funcionários em Risco
O sindicato calcula que, caso os cobradores forem extintos das linhas de ônibus da cidade, 19 mil trabalhadores teriam seus empregos perdidos. Sobre o corte de linhas e de frota, estima-se que 6.500 trabalhadores ficariam comprometidos. As medidas de Covas totalizariam cerca de 25.500 trabalhadores perdendo seus empregos, em um país que atualmente possui 12% de sua população desempregada.
“Embora não admita publicamente, o prefeito Bruno Covas tem adotado medidas que comprometem seriamente a qualidade do serviço e que devem resultar na demissão em massa dos trabalhadores o que, consequentemente, refletirá na qualidade do serviço prestado aos usuários”, aponta o Sindmotorista no panfleto distribuído aos usuários.
Covas afirmou que os repasses de verba às empresas de ônibus estão em dia e que “eventual verba trabalhista que não esteja sendo repassada aos funcionários não é por conta de falta de pagamento da prefeitura”. Sobre os empregos em risco, disse que as empresas estão orientadas a efetuar as mudanças de maneira com que não haja demissões, negando a possibilidade de demissões em massa que o sindicato apontou.
Além disso, o prefeito afirma que não vê problema nos motoristas passarem a cumprir a função do cobrador nas linhas, pois apenas 5% dos usuários paga a passagem em dinheiro. Desconsiderando o acúmulo de funções que os motoristas enfrentariam em suas jornadas de trabalho e as possíveis 19 mil demissões dos cobradores, ele afirma: “Várias cidades já implementaram e deu certo. Se deu certo em outras cidades, porque não pode dar certo na cidade de São Paulo”.
Paralisação na Cidade
Após a assembleia do dia 4 o sindicato já iniciou a divulgação das paralisações que começaram quinta-feira (5). O Tribunal Regional do Trabalho determinou que a frota funcione parcialmente, 70% nos horários de pico e 50% nos demais horários. O Sindmotoristas acatou a condição e prosseguiu com suas reivindicações nesses termos, uma vez que sofreria uma multa de R$100 mil caso contrário, segundo a SPTrans.
O Viaduto do Chá foi bloqueado por 43 ônibus e faixas de importantes avenidas da cidade foram ocupadas pelos manifestantes. No total, 23 dos 44 terminais de ônibus de São Paulo foram bloqueados.