As balas perdidas percorrem somente os bairros pobres, operários, as favelas com a presença da polícia e da milícia de Wilson Witzel (PSC).
Gabriel Montsho
Foto: Reprodução
RIO DE JANEIRO – O mês de agosto foi marcado pelo aumento da violência policial nas favelas do Rio de Janeiro. Em apenas cinco dias, a PM do governador Wilson Witzel (PSC) assassinou seis jovens, vítimas de “balas perdidas”. Margareth, Dyogo, Henrico, Gabriel, Tiago e Lucas tiveram suas vidas e sonhos interrompidos por aqueles que deveriam zelar por sua segurança e proteção.
Infelizmente, casos como esses estão se tornando cada vez mais comuns e expressam a política há muito tempo posta em prática pelas elites dominantes: o genocídio da população negra e favelada.
A “desculpa” do Estado brasileiro para a repressão nas comunidades é a velha e hipócrita “guerra às drogas”, que na verdade não passa de guerra aos pretos pobres. De fato, segundo o Atlas da Violência, nos últimos dez anos, o número de pessoas negras vítimas de homicídio foi 30% maior que o de pessoas não negras. Apenas em 2017, 75,5% das mortes violentas foram de pessoas negras, a maioria delas jovens (55%) e com baixa escolaridade (74,6%).
No Rio de Janeiro, de acordo com levantamento feito pelo site UOL, 881 pessoas foram mortas em operações policiais nos seis primeiros meses deste ano, resultado da política de autorização para o “abate” promovida pelos governos Witzel e Bolsonaro.
Esses números são alarmantes e se concentram fundamentalmente na periferia, revelando que as tão faladas “balas perdidas” têm endereço, cor e classe social.
Violência Sem Fim
Hoje, ser jovem, pobre e negro no Brasil é viver em situação de permanente risco de morte. Quantas Cláudias (mãe de família arrastada até a morte por uma viatura da PM, em 2014), Amarildos (pedreiro desaparecido a mando da polícia na Rocinha, em 2013) e Evaldos (músico fuzilado por soldados do Exército no começo do ano) precisarão ainda morrer para que esta guerra termine? Quando os responsáveis por todos esses crimes serão levados à Justiça e punidos? Até quando vão continuar nos matando?
O cenário choca, mas não surpreende, uma vez que temos à frente do governo estadual e federal dois psicopatas, cuja fixação é massacrar as classes populares e instaurar um estado de terror em nosso país.
Só nos resta lutar para destruir esse sistema velho e podre, e colocar em seu lugar um outro tipo de sociedade, mais justa e fraterna, onde a cor de nossa pele ou o lugar onde moramos não se transformem num alvo em nossas cabeças ou num salvo-conduto para a polícia nos matar impunemente.