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terça-feira, 23 de abril de 2024

Vale detonou explosivos antes do desabamento de barragem

As explosões, inicialmente, negadas pela Vale, foram comprovadas em fase de investigação. A empresa agora tenta negar a influência dos explosivos no rompimento da Barragem.

Fernando Alves


Foto: Daniel Protzner / Arquivo ALMGDEPOIMENTO – Moisés Clemente em depoimento na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.


BRASIL – No último dia 25 de junho, data em que se completaram exatos seis meses do crime ambiental e contra a humanidade cometido pela Vale na cidade de Brumadinho (MG), a Polícia Civil do Estado de Minas Gerais confirmou a detonação de 4,6 toneladas de explosivos no complexo da mina Córrego do Feijão, a cerca de 1,3 km de distância da barragem B1, que se rompeu matando 246 pessoas e deixando 24 desaparecidos (conforme dados atualizados de 25 de junho de 2019).

O delegado Luiz Otávio Paulon, chefe da investigação, declarou: “Efetivamente houve, sim, detonação de explosivos dentro da cava de Córrego do Feijão. A perícia já tem documentação e até mesmo filmagem sobre todo o complexo”. Cabe agora confirmar se as detonações aconteceram antes ou depois do desabamento da barragem.

Durante as investigações, a criminosa Vale negou que tenha havido detonações, mas após a confirmação de que houve explosões, a empresa negou que elas tivessem influenciado no rompimento da barragem. A Vale ainda alega que as detonações foram feitas após o rompimento, fato ocorrido às 13h28min.

Porém, durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), trabalhadores de empresas prestadoras de serviços à Vale apresentaram versões contraditórias entre si.

Informou-se ainda que a Vale sabia que o tempo máximo para evacuar as áreas administrativas e o refeitório era de apenas um minuto. Ou seja, a Vale sabia que não haveria tempo para os trabalhadores conseguirem se salvar caso ocorresse a queda da barragem. Para apurar os fatos que comprovem a exatidão dos horários das explosões, serão utilizados dados sismográficos.

Outra situação que está sendo investigada desde o final do mês de maio partiu da Agência Nacional de Mineração (ANM), que revelou que a Vale omitiu da Defensoria Pública (órgão que homologou os acordos de indenização entre mineradora e moradores) a informação de que a área devastada pela lama é rica em minério, além de possuir grande potencial mineral. De qualquer forma, todos os crimes que vêm sendo cometidos pela Vale S.A. e demais mineradoras em Minas Gerais mostram que essas empresas têm omitido informações relevantes sobre a situação das barragens, a capacidade e até o potencial de riqueza mineral nas cidades e regiões do Estado.

O caso do Município de Barão de Cocais, que envolve a ameaça de rompimento da barragem Sul Superior, é cercado de muitas dúvidas e desinformação. Existe contradição entre o risco de uma iminente ruptura e a duração estimada para concluir obras emergenciais para conter o suposto desabamento. São obras de alto impacto socioambiental, feitas às pressas. A cidade foi evacuada e a Vale entrou em campo para negociar a compra de terrenos e casas a custo abaixo do seu valor real, utilizando-se da falta de informações oficiais e do medo. Não se trata de um caso isolado, já que essas obras se encontram na chamada “Zona de Alto Risco de Morte”.

A Vale faz jogo duplo, ora querendo passar credibilidade e controle da situação (de que nada vai acontecer), em outro momento fazendo uma política de terror e medo nas comunidades. Por si só, essa maneira de agir já representa um grave crime. Além disso, os impactos dessas obras já vêm causando danos muito graves, não apenas em Barão de Cocais, mas nas cidades de André do Mato Dentro (Santa Bárbara), Macacos (Nova Lima) e Itabirito.

Há muitos questionamentos e não há respostas convincentes. O resultado, além dos impactos ambientais, é o adoecimento da população. O número de atendimentos médicos e psicológicos aumentou assustadoramente. O hospital da região registrou seis mil atendimentos desde que a denúncia se tornou pública.

A impunidade segue como a marca de um poder público submetido à lógica do capital. O ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, está afastado desde o crime de Brumadinho, mas continua solto e usufruindo de liberdade.

São inúmeros crimes que devem ser apurados rigorosamente, porque a natureza, vidas humanas e a fauna e a flora têm sido destruídas para manter a ganância e os super lucros da Vale e suas prestadoras de serviços.

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