15 de Outubro: Dia de luta!

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A unica coisa a se comemorar esse dia é a disposição de luta dos professores de todo o país contra o governo Bolsonaro, em defesa de uma educação de qualidade para a juventude e condições dignas de trabalho.

Guilherme Amorim


Foto: Reprodução

BRASÍLIA – Celebramos mais um dia dos professores em nosso país, data que deveria ser de alegria e comemorações, mas a realidade se mostra oposta. Há décadas assistimos atônitos os sucessivos governos promoverem a destruição do ensino público brasileiro. Os números falam por si só, todos concordam que a educação vai de mal a pior e, para nós profissionais do ensino, infelizmente não surgem perspectivas de melhora e a luz no fim do túnel nem dá sinais.

Vejamos alguns traços desse cenário: em pesquisa recente, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) apontou que o Brasil é o último país em um ranking de 48 países pesquisados no quesito salarial e, nos últimos anos não conseguimos uma política sequer de reajuste a margem da inflação. Diante disso, é muito comum encontrar profissionais que para alcançar um rendimento satisfatório, necessitam trabalhar em mais de uma escola, às vezes, em três turnos. Sob o aspecto psicológico, 1 a cada 3 professores está com algum tipo de transtorno psiquiátrico, seja moderada ou grave, conforme pesquisa também divulgada este ano, nosso país ocupa a triste colocação de mais violento para com os profissionais de ensino básico.

Foto - 15 DE OUTUBRO

Não fosse apenas por esta triste realidade, o atual governo Bolsonaro concretiza de todas as formas a destruição do ensino público como conhecemos hoje. Desde o início de seu mandato, nomeou Ricardo Rodríguez que abertamente declarou que faria uma gestão liberal-conservadora, mas acabou sendo demitido por não corresponder a altura dos interesses do grande capital e, principalmente do guru “intelectual” do governo, Olavo de Carvalho. Atualmente o ministro Abraham Weintraub é responsável por legitimar uma séria de ações que partem do setor econômico do país, tais como, ser corresponsável pelo corte de mais de 5,8 bilhões de reais na educação, além de apresentar o programa FUTURE-SE, que na prática entrega o ensino público aos interesses de empresas privadas, e com isso, paira também a ameaça sobre os profissionais do ensino superior. Não podemos esquecer que Weintraub assim como Bolsonaro são defensores fervorosos da militarização das escolas. Para nós, profissionais do ensino, a solução dos problemas da educação brasileira não passa pela força e sim por investimentos sérios em políticas educacionais que respeitem as diversidades étnicas e culturais existentes em um país tão complexo como o nosso.

Mesmo com todas as adversidades citadas acima, os profissionais de ensino lutam diariamente dando o seu melhor. Primeiro, para construir uma educação de qualidade; segundo pela conquista e avanço de mais direitos, alguns previstos em lei; e terceiro, sendo protagonistas nas lutas nacionais e locais denunciando a retirada de direitos tanto dos educadores quanto as demais categorias profissionais. Esses elementos provam o não corporativismo dos professores: quando lutamos, por exemplo, contra a terceirização queremos impedi-la em nosso meio, assim como não desejamos que nossos alunos e amigos sofram em função dela. Nas lutas contra a Reforma da Previdência também estivemos presentes em todo o país, denunciando seu caráter maléfico e extremamente prejudicial para nossa profissão. E assim também se deu nas lutas contra as Reformas Trabalhistas, PEC da Morte e tantas outras.

Diante disso, o 15 de outubro precisa ser um dia de luta! Precisamos despertar em cada escola desse país um espírito de revolta contra aqueles que diariamente planejam a destruição de nossos direitos, que trabalhemos até o limite de nossas energias, que nossa educação seja reflexiva e libertadora e não bancária e formadora de mão de obra barata. A construção de uma nova sociedade passa pela transformação da educação!

Se há algo para se comemorar neste dia é nossa capacidade de organização e disposição de luta, pois sempre estivemos presentes nas ruas e mais do que nunca precisamos ocupar estes espaços. O atual momento político, econômico e social pelo qual passamos ilustra a crise de valores e um cenário de intolerância precedentes à regimes totalitários. Por isso, defender uma educação de qualidade em uma escola laica que respeite as diversidades e atenda os interesses da maioria da população é uma luta não somente dos professores, mas de todos aqueles que desejam e lutam por uma sociedade justa.


FONTES

1. Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE;
2. Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp);
3. Movimento Todos Pela Educação.