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quinta-feira, 28 de março de 2024

Ameaça à volta da ditadura só comprova que é preciso radicalizar ainda mais a luta contra o fascismo

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Em entrevista Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou de que se houver radicalização da esquerda no país “vai chegar um momento em que a situação vai ser igual ao final dos anos 60 no Brasil” , fazendo alusão ao AI-5 da Ditadura Militar, lançando uma clara ameaça ao povo brasileiro que segue em luta.

Por Raphael Assis
Diretório Estadual da UP-RJ


Eduardo Bolsonaro durante a entrevista

O filho do presidente fascista, Eduardo Bolsonaro (PSL), em plenário na Câmara dos Deputados na última terça-feira (29), deixou escancarado para todo o Brasil o tipo de política que ele deseja para o nosso povo caso decidamos ir às ruas em luta por melhores condições de vida: uma política repressiva, antipovo, representada pela corja de simpatizantes da milícia e das forças armadas militares, a qual estará disposta a tudo, inclusive à repressão violenta, caso a população se rebele contra os que hoje estão no poder.

Isso porque, ao se posicionar sobre a recente onda de protestos que vêm ocorrendo no Chile contra o aumento das passagens e os altos custos de vida que a política neoliberal de Sebastián Piñero tem provocado no país, Eduardo Bolsonaro ameaçou os movimentos “de esquerda” de que, caso as lutas populares contra o governo do fascista Bolsonaro se radicalizem aqui pelo Brasil, o nosso povo veria o passado se repetir, fazendo uma clara alusão ao período da Ditadura Militar; alusão essa que ficou ainda mais clara na quinta-feira (31), quando Eduardo, não só repetiu a ameaça feita na Câmara, como também confirmou o seu apoio ao retorno do AI-5 como resposta a possíveis manifestações populares que venham a ocorrer entre os brasileiros.

É preciso lembrar que o AI-5 (Ato Institucional de número 5) foi uma medida adotada em dezembro de 1968, a qual, sob forma de decreto, deu pleno poder político aos militares, excluindo o parlamento e os ministérios, além de extinguir direitos civis constitucionais que deram respaldo legal à tortura cometida pelo próprio Estado.

Quando Eduardo Bolsonaro, em tom de ameaça, diz que o atual governo do Brasil não irá tolerar manifestações como as que têm ocorrido no Chile, ele não só demonstra o desprezo que tem pelo direito do povo de protestar pela melhora de sua qualidade de vida diante de políticas que estejam indo contra a essa melhora, como ele também nos prova, mais uma vez, que o clã Bolsonaro e toda a sua base fascista de governo, deseja implementar, no Brasil, um regime político autoritário, o qual, além de não dialogar com o seu povo, ainda reprime violenta e brutalmente, qualquer tipo de reivindicação que nós possamos ter sobre as políticas que vêm sendo adotadas.

Ele deslegitima toda a luta justa que colocou mais de 1 milhão de chilenos nas ruas e que vem sendo travada contra a política neoliberal de Piñero, porque é essa mesma política que a base de Bolsonaro vem tentando implementar no Brasil. Uma política que faz o Chile ser um dos países mais desiguais da América Latina; que privatizou tudo o que pôde privatizar, inclusive a água; e que fez com que idosos aposentados escolhessem o suicídio em vez de ter que viver miseravelmente recebendo meio salário mínimo de aposentadoria, resultado da cruel Reforma da Previdência Chilena, tão aclamada por Paulo Guedes, o qual não esconde ter se baseado nela para implementar a reforma que hoje está em curso no Brasil.

Ou seja, ao ameaçar o povo brasileiro desta forma, Bolsonaro admite saber que é só uma questão de tempo até nós nos rebelarmos também contra todo o retrocesso que vem sendo bombardeado na nossa sociedade. É a prova concreta de que, diante de qualquer fedor de fascismo, nós não podemos vacilar: temos que fazer o que eles tanto temem: radicalizar a nossa luta, não só pelos direitos que já vem sendo retirados, mas pela garantia de que poderemos lutar sem temer a morte, a tortura e a brutalidade de quem não está disposto a dialogar com os interesses de seu próprio povo.

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