Derramamento de óleo no Nordeste: Bolsonaro segue ignorando a população afetada pela tragédia.

37

“Para tentar conter as consequências do problema, ao contrário do que tem feito o governo do fascista Bolsonaro (PSL), trabalhadores da praia e moradores das regiões, de forma voluntária, organizaram, em coordenação com algumas das prefeituras e governos estaduais locais, mutirões de limpeza das areias e das águas.”

Leonardo Laurindo


Foto: Reprodução/Esquerda Diário

BRASIL – Pouco antes de completar dois meses do derramamento de óleo nas praias do Nordeste, de causa ainda desconhecida, vários pescadores, categoria de trabalhadores mais afetada pela tragédia, amanheceram a terça-feira passada (22) ocupando a sede do Instituto Brasileiro Do Meio Ambiente dos Recursos naturais Renováveis (Ibama), exigindo respostas e soluções para o problema. Mais de 144 mil pescadores tiveram sua produção afetada, chegando a perder 100% da produção devido à impossibilidade de pescar.

Os impactos ambientais de tamanha catástrofe ambiental sobre nossas águas – considerada a pior de toda a história – ainda são incalculáveis. Vários estados já detectaram tartarugas marinhas, aves, peixes e répteis mortos em decorrência do óleo, e a tomada das águas pelo óleo também afastou turistas, que representam parte significativa da economia das regiões litorâneas do Nordeste.

Para tentar conter as consequências do problema, ao contrário do que tem feito o governo do fascista Bolsonaro (PSL), trabalhadores da praia e moradores das regiões, de forma voluntária, organizaram, em coordenação com algumas das prefeituras e governos estaduais locais, mutirões de limpeza das areias e das águas. Até agora, só em Alagoas e Pernambuco, mais de duas mil toneladas de óleo foram recolhidas. Com isso, a força de vontade e a solidariedade da classe trabalhadora ficam claras, e isso só ocorre pois essas pessoas sabem que dependem da natureza para retirar seu sustento.

Foto: Reprodução/Halisson Ferreira

A verdade é que, em menos de um ano, o governo Bolsonaro coleciona tragédias ambientais. No início de 2019, em Brumadinho, uma barragem de mineração se rompeu, deixando 252 mortos e, até hoje, 18 pessoas permanecem desaparecidas. Como já foi denunciado no Jornal A Verdade, o atual presidente da República, em sua ânsia de remodelar o Estado brasileiro para se adequar aos moldes da contração fiscal, a qual agrada a especulação financeira, desmantelou cerca de 50 conselhos no início de seu mandato. Entre estes, dois conselhos que seriam responsáveis por empreender medidas de combate a crimes e tragédias ambientais, o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Água, instituído em 2013 no governo Dilma Rousseff (PT). Na análise do Ministério Público Federal, esse seria um dos principais motivos para a demora e para a desorganização da investigação sobre o caso do aparecimento de petróleo na costa Brasileira.

Dois meses, porém, teria sido tempo de sobra para resolver isso, se não fosse o total desinteresse e descaso de Bolsonaro sobre o caso. Mas sua preocupação é com o programa econômico do capital financeiro e do Imperialismo, sendo todo o restante visto como obstáculo aos lucros de seus empresários aliados. É por isso que, ao invés de serem efetivados planos efetivos para o combate aos danos causados pelo óleo derramado, o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, está mais interessado em culpar a Venezuela e em se reunir com empresários do agronégocio no Country Club de Porto Alegre.

Por isso, a ação dos pescadores que ocuparam a sede do Ibama se faz necessária e deve ser reproduzida. Apenas a força da classe trabalhadora pode garantir que nossas riquezas naturais sejam protegidas tanto da sanha destruidora do agronegócio como do descaso que a contração fiscal do capital financeiro impõe.

Foto: Reprodução/CESE

Investigações Sobre o Caso São Usadas Como Palanque Político

Ainda sobre as lentas e questionáveis investigações que têm sido feitas sobre a tragédia, a Petrobrás afirma que a origem do óleo derramado é Venezuelana, o que fez com que a base do governo Bolsonaro tenha usado essa informação como forma de promover sua luta contra o governo de Maduro, mesmo que o fato de o óleo supostamente ser Venezuelano simplesmente não prove que a Venezuela seja a culpada direta do derramamento. Além disso, permanecem sem explicação os dois barris de petróleo pertencentes à empresa Shell e produzidos em Dubai que foram encontrados boiando em alto mar em regiões próximas às áreas afetadas; a mesma Shell que, em 2018, admitiu ter sido responsável por um vazamento de petróleo no litoral de Santos (SP).

Para que se tenha uma noção de como é irresponsável culpabilizar a Venezuela pela tragédia, mesmo que o óleo seja de fato de origem Venezuelana,  William Nozaki, diretor-técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), criado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), chama a atenção para o fato de que as sanções comerciais e embargos de ativos impostos pelos EUA tanto ao Irã, quanto à Venezuela, tem aumentado a prática de transferência de petróleo de navio a navio em alto mar, com elevados riscos de derramamento.

Ou seja, enquanto os trabalhadores e os moradores das áreas afetadas pelo derramamento de óleo continuam lutando para solucionar com as próprias mãos, Bolsonaro e sua corja seguem negligenciando as medidas concretas que conseguiriam ajudar concretamente essa população para promover suas rixas políticas desonestas e baratas a fim de se promover. Isso só mostra o quanto ainda temos que lutar contra o Fascismo e contra a política irresponsável do mercado financeiro e da iniciativa privada, representada por Bolsonaro, em busca de cada vez mais lucros, mesmo que isso represente tanto prejuízo ao Meio Ambiente.