Uma carta encaminhada para o Jornal A Verdade. Uma mulher trans, comunista, explicou a injustiça que vivem sob o capitalismo.
Elisa Tavares Ferreira
União da Juventude Rebelião e Movimento de Mulheres Olga Benário.
Foto: Jornal A Verdade
CARTA – Elisa, esse é o meu nome agora, já faz um tempo que me assumi uma mulher trans para minha família e de certa forma para sociedade. Todos os dias, sofro preconceito em vários lugares por causa do meu jeito de ser. Por causa das roupas femininas que uso, por causa da maquiagem, por causa de eu ser bem feminina, etc.
A transfobia é muito grande no Brasil, cada vez mais, querem destruir a existência das trans e das travestis, querendo que a gente não seja o que realmente é, mas sim o padrão que a sociedade conservadora deseja. Eu acredito que umas das coisas que mais destrói esse brasil é o conservadorismo, pois quem tem o pensamento conservador não estar disposto a um pensamento revolucionário, um pensamento de mudanças.
A sociedade e o governo fascista, pensa que a gente é uma ameaça a família brasileira, nos negando oportunidades de emprego e estudo, nos negando a inclusão social. Por isso a maioria da gente tem que se sujeitar a prostituição, para que a gente possa se manter de alguma forma.
Não fui ainda para prostituição, por causa de algumas pessoas que me ajudam no dia a dia, porém não tem sido fácil, e sei que nem sempre terei ajuda dessas pessoas, se algum dia eu ir, sei que é por causa do capitalismo e por causa da sociedade conservadora que nos oprime todos os dias.
A taxa de existência das trans é de 35 anos, pois somos assassinadas todos os dias pela sociedade e oprimidas pelo Estado, isto já é uma grande prova de que o governo e a sociedade não entende a gente, não entende como a gente pensa e o que a gente quer.
Eu, Elisa, uma menina trans, espero um dia que o governo e a sociedade saiba algum dia cuidar da gente. Não quero servir como produto para o capitalismo, não quero servir como uma garota de programa para a sociedade. O que eu realmente quero é minha segurança, quero uma moradia, uma alimentação, quero ser respeitada por onde eu andar, quero poder estar no mercado de trabalho, é isso que eu quero.
Não tem sido fácil para mim ser uma menina trans, o preconceito da sociedade é muito grande com as meninas trans.
Eu tenho orgulho de ser eu mesma, tenho orgulho de ser uma mulher, tenho orgulho de ser quem eu sou e não o que os outros querem que eu seja. Sim me sinto mulher e sou feliz assim, digo não a transfobia, digo não ao preconceito, digo não a violência. Digo sim a nossa aceitação na sociedade, a nossa segurança, a nossa vida.