“Essas estratégias de desligar luz e água têm sido usadas pelos agentes do Estado como forma de desmobilizar o movimento e como forma de tortura contra a população, e nesse caso, mulheres vítimas de violência de gênero, que hoje mais uma vez sofrem uma agressão, dessa vez praticada pelo estado.”
Casa de Referência da Mulher “Mulheres Mirabal”
Movimento de Mulheres Olga Benario
CARTA – Ontem, dia 11 de novembro, um dia após o lançamento do projeto de geração de renda para mulheres “Quitutes Mirabal”, foi cortada a luz elétrica de nossa Casa a pedido da Secretaria de Educação do Estado do RS.
Esse pedido foi feito ainda no ano passado, um mês após virmos para esse prédio, que se deu no dia 7 de setembro de 2018. Nossa instalação no prédio foi realizada com o objetivo de se fazer cumprir o acordo firmado após meses de negociação entre movimento e entes públicos, acordo que a Prefeitura de Porto Alegre se negou em cumprir.
Em quase 10 meses de negociação para que o serviço prestado pela Casa de Referência da Mulher Mulheres Mirabal pudesse continuar existindo, foi firmado o compromisso do estado e município em destinar a escola Benjamin Constant, que estava desativada, para a continuidade de nosso projeto.
A Prefeitura de Porto Alegre, agindo de má fé, solicitou a reintegração de posse do prédio. No entanto, conseguimos uma decisão judicial favorável que designa que a Prefeitura deve dialogar com o movimento, entendendo que houve de fato um acordo que deve ser cumprido.
Esse mesmo Estado e Prefeitura que fecharam esse acordo hoje não estão garantido que a Mirabal tenha acesso à luz, e isso é um grave atentado aos direitos humanos.
Essas estratégias de desligar luz e água têm sido usadas pelos agentes do Estado como forma de desmobilizar o movimento e como forma de tortura contra a população, e nesse caso, mulheres vítimas de violência de gênero, que hoje mais uma vez sofrem uma agressão, dessa vez praticada pelo estado.
Hoje durante o dia fomos em diversas secretarias. Estamos fazendo um grande movimento e um grande esforço para que prontamente seja restabelecida a luz na casa, até agora sem sucesso.
Já estamos indo para 48 horas sem luz.
Nossa Casa acolhe mulheres e crianças e uma delas tem a necessidade de fazer nebulização.
O que o Estado está fazendo é um crime, um atentado contra a vida das mulheres e crianças que hoje estão abrigadas na Casa justamente porque os órgãos públicos não cumprem o seu papel!
Com muita ajuda e colaboração dos nossos apoiadores conseguimos um gerador para que de forma paliativa consigamos garantir as mínimas condições de vida à essas companheiras e seus filhos. No entanto, seguimos em situação precária, de total descaso e que prejudica o nosso atendimento.
Estamos lutando há 3 anos para que esse serviço ocorra na cidade, resistindo aos ataques do Estado e tentativas de reintegração de posse. Não vai ser esse corte de luz que vai fazer a gente parar. A luta segue, se fortalece e cresce! Não vamos aceitar mais esse atentado às nossas vidas! Exigimos o restabelecimento da luz elétrica da Casa e regularização do nosso serviço frente à prefeitura.
É pela vida das mulheres!
Existimos porque Resistimos!