Após atentado terrorista estadunidense no Iraque, parlamentares se posicionam contra a guerra e a ofensiva americana contra o Irã.
Felipe Annunziata
BAGDÁ – Neste domingo (5) o parlamento iraquiano votou por 170 a 0 uma moção exigindo a saída de todas as tropas estrangeiras do seu país. A lei foi votada no esteio da crise aprofundada com o atentado norte-americano que resultou no assassinato do general iraniano Qassem Suleimani e outras pessoas na última sexta feira. Em resposta, o presidente dos EUA Donald Trump com uma postura colonial ameaçou o país com sanções econômicas caso forçasse a saída de suas tropas.
Os EUA, junto com vários países europeus, ocupam militarmente o Iraque desde 2003 e em 2014 forçou um acordo com o governo iraquiano para auxiliar no treinamento do exército daquele país e no combate ao grupo fundamentalista Estado Islâmico. Durante a ocupação as tropas estadunidenses destruíram dezenas de cidades iraquianas, assassinaram dezenas de milhares de pessoas e destruíram a economia do país o que acabou por ajudar o surgimento do próprio Estado Islâmico.
Esta situação criou um sentimento de forte oposição do povo iraquiano a qualquer interferência estrangeira em seu país e a vários meses o povo iraquiano vem saindo às ruas exigindo a expulsão das tropas estrangeiras e exigindo mais direitos sociais. O assassinato do general iraniano nos primeiros dias do ano criou ainda mais um sentimento de revolta entre a população e diversos setores políticos iraquianos. Afinal, os EUA realizaram um ataque em solo soberano iraquiano sem nem consultar o governo local, reforçando ainda mais o papel que os Estados Unidos acham que tem de “xerifes do mundo”.
Diante dessa conjuntura o parlamento iraquiano impôs uma importante derrota ao imperialismo estadunidense tirando qualquer legitimidade política e legal da presença de suas forças militares no Iraque. Donald Trump respondeu agindo como um verdadeiro governante colonial do século XIX ameaçando os iraquianos de bloqueio econômico se o país insistir na saída de suas tropas. Trump afirmou que os EUA gastaram bilhões construindo bases militares no Iraque e que só sairia se os iraquianos devolvessem o dinheiro, como se as milhares de mortes a destruição da economia iraquiana pelos EUA já não fossem o suficiente. Diante de jornalistas o chefe do imperialismo norte-americano afirmou “Temos uma base aérea extraordinariamente cara ali. A construção custou bilhões de dólares, muito antes do meu mandato. Nós não iremos sair a menos que nos paguem por isso.”
Mais uma vez os EUA se portam como um país que não conhece nem respeita o direito dos povos de determinarem seus destinos. O governo estadunidense sob o discurso de defesa da implantação da “liberdade e democracia” busca sempre e por todos os meios afirmar que são seus interesses e não o dos povos do mundo que tem ser atendido. No fim das contas os EUA só buscam os recursos naturais (petróleo especialmente) e a espoliação máxima dos povos do Oriente Médio.