“Não podemos tratar cada caso como esses apenas como desastres naturais inevitáveis. Cada tragédia que ocorreu em São Paulo, Belo Horizonte, Pernambuco e em tantos outros lugares do país são culpa direta do governo burguês.”
Yago Amador
Fotos: Jornal A Verdade
CARTA – Todos os anos, durante o final de fevereiro e o começo de março, são notificados diversos casos em que famílias trabalhadoras são prejudicadas pelas chuvas em toda a Região Metropolitana de São Paulo. Pancadas intensas tomam a cidade continuamente, ocasionando enchentes, desabamentos e mortes em diversos pontos da cidade, especialmente nas áreas periféricas.
Esses casos não são uma novidade. Todos os anos, durante a época das chuvas, nosso povo se ver obrigado a lutar e procurar sobreviver. A falta de manutenção, aplicação de políticas de prevenção de riscos e o todo o processo capitalista de produção da cidade são os responsáveis por esconder os rios, expulsar os pobres das regiões centrais, gerar diversos pontos de enchentes, queda de árvores, alagamentos, casas perdidas e mortes terríveis. Ao todo, no ano passado, foram registrados 59 pontos de alagamento só na capital de acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). No ABC Paulista, foram 302 acionamentos aos bombeiros por enchentes, 121 por quedas de árvores e 23 por desabamentos ou deslizamentos. E um total de 10 pessoas mortas. Tudo isso registrado pelo Jornal A Verdade nos 11 primeiros dias de março.
Os rios, em seu estado natural, têm em suas margens a capacidade de suportar o aumento do seu volume durante a época de chuvas graças ao formato que adquiriram durante milhares de anos, junto à vegetação ao seu redor. Agora, porém, os rios Tamanduateí e Tietê, retos, repletos de poluição e ao lado de grandes e importantes avenidas, são um grande anúncio de desastres. Assim como uma família ser obrigada a viver sem direito a educação, saúde, saneamento básico e em áreas com risco de desabamento é um desastre anunciado. A chuva não é a culpada pelos desastres. Políticos, empresas e bancos são aqueles que possuem as mãos manchadas com o sangue de cada pessoa e família que foi afetada pelas águas de março.
De acordo com o Jornal A Verdade, em 2019: “As gestões do PSDB cortaram para menos da metade os investimentos na área. A verba destinada à realização de obras de drenagens foi cortada em 66%, dos R$824 milhões que estavam destinados, apenas R$279 mi foram empregados. O que se repete nas obras e monitoramento de enchentes, que sofreram um corte de 61%, dos R$575 mi que estavam previstos, apenas R$222 mi foram gastos.” O mesmo dinheiro que vai parar na mão de homens que nunca terão que se preocupar um dia se quer da sua vida se sua casa irá cair em cima da sua cabeça enquanto dorme. Ou se seu filho voltará vivo para casa depois de uma chuva forte no centro.
Em São Bernardo do Campo, foi construído um grande piscinão no centro da cidade, com um custo de R$353 milhões, porém, nada é feito em relação a áreas como o Montanhão, onde, durante o ano passado, famílias com risco de perderem suas casas por conta do descaso público tiveram apenas como resposta uma oferta de R$300 de auxílio aluguel, como se compensasse por cada gota de suor e sacrifício que tiveram para construir suas casas que levaram anos para estarem prontas.
Não podemos tratar cada caso como esses apenas como desastres naturais inevitáveis. Cada tragédia que ocorreu em São Paulo, Belo Horizonte, Pernambuco e em tantos outros lugares do país são culpa direta do governo burguês. Esse problema não irá se solucionar enquanto o nosso povo não tiver o controle sobre suas próprias cidades. Enquanto não pudermos decidir sobre o nosso próprio futuro, nada melhorará. Em março, os problemas surgirão e só com uma revolução nesse país e muito trabalho é que nossos rios e cidades serão feitos para a nossa vida!