Em 1993 Peréz sofreu um impeachment por desvio de dinheiro e seu sucessor perdoou Chavez, que se tornou mais e mais popular, alçando-o ao patamar de líder venezuelano no pleito de 1998. O maior herdeiro do Caracazo é a “revolução bolivariana”.
Redação São Paulo
Jornal A Verdade
Foto: Reprodução/Reuters
CARACAS – Há 31 anos ocorreu o Caracazo, o momento em que explodiu um dos maiores conflitos sociais da história do povo venezuelano, que sacudiu o governo neo-liberal e corrupto de Carlos Andrés Perez.
Em um cenário de extrema desigualdade social, em 1989 uma crise nos preços do petróleo afundou o país em uma inflação aguda e a grande maioria da população se viu beirando a miséria. A saída encontrada pelo neo-liberal Peréz foi aprofundar o desmonte do estado o que resultou em aumentos nas contas, gasolina e água. O transporte público em especial aumentou 30% da noite para o dia.
Sufocados neste agressivo avanço do capital, o povo Venezuelano, especialmente as camadas mais pobres, foi às ruas e enfurecidos depredaram e queimaram ônibus, saquearam lojas e mercados e tomaram as ruas para si.
Peréz respondeu de forma brutal: ordenou as forças militares a tomarem de volta as ruas e autorizou o uso de munição real, e ainda suspendeu garantias constitucionais ao decretar Estado de Emergência. Milhares de pessoas foram mortas, outros milhares foram feridos e existem muitos relatos de desaparecimentos e torturas.
Não houve pressão internacional, não houve apelos da mídia ocidental para quê cessassem o massacre. Ninguém na comunidade internacional pediu a renúncia ou impeachment de Peréz.
Este contexto de repressão brutal e miséria extrema foi a motivação para que o então tenente-coronel Hugo Chavez tentasse um golpe em 1992, sendo preso em seguida. Em 1993 Peréz sofreu um impeachment por desvio de dinheiro e seu sucessor, Rafael Caldera Rodríguez, perdoou Chavez, que se tornou mais e mais popular, alçando-o ao patamar de líder venezuelano no Pleito de 1998. O maior herdeiro do Caracazo é a “revolução bolivariana”; o maior herdeiro da repressão, morte e tortura que afogou esta revolta pertencem ao mesmo partido de Peréz.