Empresas e governo aumentam preços das passagens de trens e barcas no RJ

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A agência reguladora dos transportes do Estado do Rio de Janeiro, ligada ao governo de Wilson Witzel, aprovou o aumento de passagens nos trens e barcas.

Felipe Annunziata


Foto: Raphael Assis/Jornal A Verdade

RIO DE JANEIRO – A passagem do trem irá de R$4,60 para R$4,70 e das barcas vai de R$6,30 para R$6,50. Paralisações do serviço por conta do má conservação, falta de investimento das empresas do setor, atrasos nos horários dos transportes, superlotação são algumas das realidades do transporte no Rio.

Agora mais um aumento na tarifa impõe aos trabalhadores que dependem desses transportes tirem mais dos seus bolsos para bancar o lucro dos donos dessas empresas. Por dia mais de 1 milhão de pessoas circulam no trem e nas barcas são dezenas de milhares sendo o principal meio de transporte entre Niterói, a Ilha de Paquetá e a cidade do Rio.

O Rio de Janeiro vem passando a anos com uma profunda crise no setor de transporte. No fim ano passado, mais de 40 trens da Supervia (empresa privada que controla os trens) foram retirados de circulação por defeitos de fabricação e demoraram 2 meses para ser repostos. Dependendo do ramal o serviço ainda não se encontra com trens climatizados e os trabalhadores são obrigados a ficar 1 ou 2 horas num trem lotado num calor que beira no verão aos 40°C.

Barcas são um dos principais meios de ligação entre Rio e Niterói.

As barcas, organizadas pela concessionária CCR, sofrem também com superlotação e tem tido constantes mudanças de horários para diminuir a quantidade de barcos em serviço e assim dar mais lucro à empresa. A concessionária tem tido inclusive uma particular atitude de perseguição com os moradores da Ilha de Paquetá, um pacífico bairro da capital com 5 mil habitantes localizado no meio da Baía de Guanabara e que só tem a barca como meio de transporte. A empresa impôs a população local uma redução nos horários das barcas e a conexão em outra estação antes de chegar ao centro do Rio, fazendo uma viagem de 1h levar 2 horas para se completar.

Para quem não quer pagar o valor a mais a alternativa seriam os ônibus ou o metrô. No caso do metrô as passagens são tão caras quanto a dos trens e a maior parte da cidade não consegue acessar por conta das linhas não chegarem em vários pontos da cidade. Já os ônibus tem que se contar, além da boa vontade das empresas em cumprirem os horários, com a sorte de se pegar um ônibus em bom estado de conservação e torcer para não ficar horas preso nas principais vias, como a Avenida Brasil, por conta de obras paralisadas e mal planejadas das prefeituras. Isso tudo pela “módica” tarifa de R$4,05 no caso da capital e que em algumas cidades da Região metropolitana pode chegar a R$15 ou R$16 nas linhas intermunicipais.

Toda essa crise é uma consequência do projeto de privatização do transporte público fluminense iniciado há mais de 20 anos. Esse processo possibilitou que as empresas impusessem, com apoio dos sucessivos governos estaduais e municipais, aumentos de tarifa e em troca de financiamento de campanhas políticas. O investimento na expansão do transporte de massa (como trem e metrô) é pouco ou inexistente. A prefeitura e governo estadual sempre reforçaram a lógica de priorizar os ônibus durante as obras da Copa e da Olimpíada e criaram uma rede de transporte de ônibus articulado (o BRT) que hoje são insuficientes e tem partes de sua rede controlada pela milícia.

Isso tudo são as motivações do governo e das empresas no aumento da passagem. Para eles o importante é o lucro e não a mobilidade das pessoas. O principal não é dar uma qualidade de vida aos trabalhadores fazendo com que se passe menos tempo no transporte e barateando o custo disso para quem já ganha muito pouco. Para o governo e empresas o lucro sempre vem acima da vida. O aumento das passagens passarão a valer a partir de hoje (1), no caso dos trens, e do dia 12 de fevereiro para as barcas.