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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Prefeitura recusa retirar barranco e criança morre soterrada

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Cirilo Conceição no início do ano solicitou auxílio da prefeitura para retirar barranco que ameaçava cair sobre sua casa, o direito foi negado. Na última semana quando voltava do trabalho recebeu a notícia que seu filho havia sido vítima de soterramento. Apesar de ser resgatado com vida, a rua esburacada dificultou o atendimento médico e a criança faleceu.

Jorge Ferreira



Francisco Morato é conhecida como uma cidade dormitório. Isso porque diariamente milhares de pessoas pegam o trem que liga o município à capital paulista para irem trabalhar e voltam somente tarde da noite. É comum depois de um dia exaustivo no trabalho, muitos ficarem horas no transporte público porque a região está alagada. Mas a última quinta-feira a rotina difícil do eletricista Cirilo Conceição se transformou em verdadeira tragédia. Ao retornar do trabalho, foi orientado pelos vizinhos a ir para Santa Casa, e de lá para a delegacia. Foi pelo delegado que recebeu a informação de que seu filho havia morrido soterrado pelo deslizamento de um barranco na sua casa.

Alexandre tinha 10 anos. No momento da chuva forte, enquanto a família se abrigava no vizinho, se dispôs a voltar na casa pra buscar roupa pra sua irmã mais nova. Seu amigo, Gabriel, foi junto e contou para o Jornal que em poucos segundos, enquanto esperava Alexandre na porta da residência, viu o teto desmoronar em cima do amigo. Os vizinhos conseguiram resgatar Alexandre ainda com vida, mas a quantidade de buraco na rua, que é de barro, dificultou o acesso de veículo e retardou o socorro

O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas ( MLB) foi nesse sábado no bairro prestar solidariedade aos familiares. Pelo caminho encontrou o luto no bairro todo. Na porta da escola onde estudava Alexandre, o aviso de suspensão das aulas ainda estava pendurado. Diogo, seu irmão de 16 anos, voltou no local da tragédia essa tarde, e por onde passava a vizinhança o abraçava para manifestar o carinho e apoio a toda família. Os pais de Alexandre foram para casa de parentes e afirmaram que no início do ano, ao se dirigirem à prefeitura da cidade para emitir o boleto do IPTU ( imposto sobre o imóvel), solicitaram auxílio para retirar o barranco que estava ameaçando cair sobre a laje da residência. O pedido foi negado pela administração pública.

Apesar de diariamente milhares de pessoas saírem cedo de Francisco Morato para trabalhar e construir todas as riquezas da capital e da região metropolitana de São Paulo, ainda são obrigadas a todos os anos conviverem com alagamentos que muitas vezes impossibilitam até mesmo no retorno pra casa. Apesar de milhares de homens e mulheres moratenses pagarem seus impostos e contribuírem com o Estado, suas ruas continuam esburacadas, suas casas continuam nos barrancos. Apesar de milhares de trabalhadores e trabalhadoras entregarem a maior parte das horas do seu dia ao patrão para conseguirem levar o leite da criança, suas crianças tem sido assassinadas pelo descaso dos governantes.

Andando pelo bairro, os militantes do MLB presenciaram outras casas destruídas pela última chuva, comprovando que não se trata de um caso isolado. Pelo contrário, só nesse início de ano já se somam dezenas de mortos em todo o país pela falta de obras para resolver o problema das enchentes. As famílias em Francisco Morato decidiram se organizar e convocam todos aqueles que estão indginados a se reunirem no próximo sábado para organizar a revolta e lutar pelos direitos do povo.

Se você quiser contribuir pode depositar qualquer valor direto na conta da família do Alexandre:

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