A relação entre classe e evasão: por que a classe determina o futuro do estudante?

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Igor Barradas, Rio de Janeiro.

A evasão escolar é um dos grandes desafios relacionados ao sistema educacional brasileiro, mais especificamente à escola pública. A exclusão do ambiente escolar atinge milhões de brasileiros, que ainda não se beneficiam do ingresso e da permanência no ambiente acadêmico. O sistema econômico capitalista destrói os programas que são pensados para solucionar esta questão. Para a manutenção da opressão do capital, pouco interessa ao estado burguês que pessoas sejam capacitadas de pensar criticamente.

De acordo com dados do Censo Escolar 2018 divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entre 2014 e 2018, a Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental 1 e 2, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos – EJA) “perdeu” 1,3 milhão de alunos matriculados. O Brasil tem cerca de 2 milhões de crianças e adolescentes entre 4 a 17 anos fora das salas de aula. As maiores concentrações estão na faixa de crianças com 4 anos de idade, com 341.925 crianças fora da pré-escola e aos 17 anos, com 915.455 jovens.

Os estudantes secundaristas são os mais atingidos, com 220 mil jovens a menos de 2017 para 2018. Essa queda ficou mais evidente nas redes estaduais, com redução de 197,1 mil alunos. Nas escolas da rede privada, a retração foi de 40 mil matrículas, de acordo com o Censo. As causas da evasão escolar por parte do estudante secundarista são diversas, desde falta de interesse do aluno e muitas vezes da própria família, que ocasionalmente não se construiu de forma bem estruturada. Porém, a necessidade de vender sua força de trabalho logo que se torna adolescente é a principal causa para o aluno ser privado do acesso a educação.

Estamos diante de um governo que pretende tornar o ensino ainda mais mecanicista e vinculado ao mercado de trabalho. O capitalismo destrói a oportunidade dos jovens de estudar e buscar uma nova posição na divisão do trabalho, jogando os mesmos para “atrás das máquinas”, convertendo-as em fonte de benefícios, tanto para a burguesia como para seus pais. Karl Marx, teórico do socialismo científico e do materialismo-dialético, afirmou na sua obra “O Salário, anexo ao Trabalho Assalariado e Capital” que “O verdadeiro significado da educação, para os economistas filantropos, é a formação de cada operário no maior número possível de atividades industriais, de tal modo que, se é despedido de um trabalho pelo emprego de uma máquina nova, ou por uma mudança na divisão do trabalho, possa encontrar uma colocação o mais facilmente possível”. O elevado desemprego, entretanto, que decorre da política econômica ultraliberal de Bolsonaro e Guedes, vem criando um grupo cada vez mais elevado e jovens que nem estuda e nem trabalha, os chamados “nem-nem”.

É evidente que a escola pode ser um dos caminhos para uma mudança radical no país, mas que para isso, é preciso uma mudança estrutural na sociedade brasileira. Por isso, precisamos lutar por uma educação que esteja nas mãos dos trabalhadores, em torno de um programa socialista que emancipe o proletariado e seus filhos. Que a educação esteja a serviço de capitalistas parasitas, mas sim, da maioria da população, pela ampliação de investimentos e valorização da escola pública e pelo acesso universal à mesma. Até lá é indispensável denunciar o caráter anti-povo da política educacional do governo, além de organizar os jovens e a sociedade para que exijam políticas que valorizem a educação e ponham fim à evasão escolar que tanto prejudica os jovens brasileiros.