Claudiane Lopes
Diante do isolamento social, o mundo todo busca informações acerca do enfretamento à pandemia de COVID-19. Os jornais – televisivos e impressos – mudaram as suas rotinas e se reinventam para levar informação com checagem rigorosa à população brasileira. Porém, esses não são os únicos mecanismos de informação neste momento, e é imprescindível redobrar a atenção e optar pelas fontes credíveis.
Circulam diariamente mensagens pelo aplicativo whatsapp com vídeos, áudios, imagens que viralizam, às vezes, quase na velocidade da luz. Além disso, as redes sociais vêm ganhando força através das lives e das coberturas sobre o Coranavírus. Mas quem produz esse conteúdo? Na sua grande maioria são os jornalistas, os trabalhadores da imprensa.
Samira de Castro, segunda vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, ressalta o importante papel dos jornalistas brasileiros para a população do nosso país garantido o seu direito à informação. Centenas de trabalhadores jornalistas estão na linha de combate ao novo coronavírus, ao produzir informação verdadeira sobre a pandemia e ao contribuir para a difusão dos cuidados e das medidas que todos devem tomar nesse momento.
Ela vê com grande preocupação a postura do presidente Jair Bolsonaro, que contraria todas as opiniões de especialistas e descuida no combate à pandemia no Brasil. “Os ataques do presidente aos jornalistas e à imprensa têm sido frequentes desde a sua posse, e nesse momento de grande dificuldade, ele tenta, mais uma vez, enganar a população brasileira com sua técnica de desinformação: dizer mentiras como se fossem verdades e criticar quem produz informação verdadeira”, finaliza.
São os trabalhadores da imprensa que mesmo diante dessa situação, produzem a cada hora informações com veracidade para a sociedade não cair nas fake news. Infelizmente são reproduzidos conteúdos que vão na contramão de todas as orientações dos órgãos internacionais de saúde para a não proliferação do vírus. Assim, podemos perceber que os jornalistas são peças fundamentais para ajudar à população no esclarecimento sobre a doença, sobre as medidas a serem tomadas, e como reagir a essa realidade que afeta tanto a economia, os lares brasileiros e a rotina de milhares de pessoas.
O Governo Federal aprovou um decreto que coloca a imprensa na lista de serviços essenciais. Isso quer dizer que todos os meios de comunicação e de divulgação disponíveis, estão incluídos: a radiodifusão de sons e de imagens; a internet; os jornais e as revistas, dentre outros. Entretanto, os operários da notícia, por estarem na linha de frente, precisam de cuidados ao exercer sua profissão e como bom exemplo disso, destaca-se a atuação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Ceará – Sindjorce, que desde o primeiro momento cobrou das empresas jornalísticas do Estado a adoção de medidas protetivas que garantissem adequadas condições de trabalho, aos operários da comunicação diante da pandemia.
Ações como o afastamento de funcionários do grupo de risco (pessoas a partir de 60 anos, pessoas com doenças crônicas e grávidas); home office para funções que não necessitam de presença física; o uso de microfone adicional nas entrevistas de ruas ou nos conteúdos gravados; manter distância de, pelo menos 2 metros, do entrevistado e não compartilhar equipamentos; mostrar para o público, de forma transparente, as medidas adotadas para prevenir à proliferação do coronavírus dentro do ambiente de trabalho; suspender as gravações e edições ao vivo de todos os conteúdos de entretenimento, sejam novelas ou programas de auditório; reduzir o número de pessoas compartilhando as redações – ambientes fechados com aglomeração são potenciais locais para a disseminação do vírus – , e lançar programação especial com informações sobre a covil-19, entre outras ações.
“Os jornalistas, assim como os profissionais de saúde e segurança, estão na linha de frente das ações contra o Coronavírus. No nosso caso em particular, combatemos a pandemia da desinformação. Sim, porque informação de qualidade também salva vidas. São os jornalistas hoje que estão levando para as pessoas as medidas preventivas e as orientações fundamentais. Por estar na linha de frente, estamos submetidos a riscos de contaminação. Temos diversos profissionais em quarentena em nosso estado, alguns já infectados, mas passando bem, e em outros estados jornalistas em mais complicações. Diante de tudo isso, são necessárias medidas que diminuam os riscos impostos a esses trabalhadores” declara Rafael Mesquita – Presidente do Sindjorce.
Segundo o jornalista Paulo Jeronimo (Pagê) da Associação Brasileira de Imprensa – ABI, a entidade orienta todos os sindicatos de jornalistas pressionar os donos dos jornais para aplicar todas as medidas de segurança à categoria. “A nossa entidade quase que diariamente denúncia o desrespeito aos jornalistas, em especial, lançou uma ação popular contra o presidente Jair Bolsonaro pela sua postura diante do jornalismo e dos jornalistas” afirma Pagê.
A situação é grave. Vários jornalistas já foram infectados ou estão com suspeitas e foram afastados de suas funções, o que poderia ter sido evitado se os grupos de Comunicação tivessem agido com brevidade nas medidas protetivas. Outro problema enfrentado na crise implantada são as demissões. Erradamente, os grupos de Comunicação estão adotando tal medida como única, aproveitando-se do momento para dispensar os trabalhadores com a desculpa das consequências da pandemia.
É possível citar o exemplo desumano da demissão de Luís Antônio Giron, editor de cultura da Revista ISTO É, que estava em home office por causa de uma grave crise de infecção das vias respiratórias, conforme atestado médico, e foi dispensado pelo seu diretor de redação Germano Oliveira, por meio do whatsapp. Assim também aconteceu no Grupo O POVO, dono do Jornal O POVO, no Ceará, onde o número já chega na casa dos 40 demitidos.
O jornalista exerce um papel de extrema importância, tornando-se cada vez mais indispensável para uma sociedade democrática e soberana. Além de sempre mantê-la bem informada, abre os olhos dos leitores diante de tiranias ou de retiradas de direitos da classe trabalhadora. Portanto, faz-se necessário a valorização desses profissionais que trabalham na divulgação de informações, em coberturas de fatos e na propagação de ideias que podem até mudar o mundo e influenciar a sociedade na escolha de novos caminhos, que aliás é tudo o que precisamos nesse cenário mundial.
Mais informações acesse o link: https://fenaj.org.br/coronavirus-fenaj-reune-informacoes-sobre-acoes-e-orientacoes-dos-sindicatos-de-jornalistas-em-todo-o-pais/