Identificado através de câmeras de segurança, suspeito foi encaminhado à delegacia.
Guilherme Piva
Na manhã do último domingo (15), uma trágica notícia abalou Barbacena. Um incêndio, que teria começado em um carro da garagem de um edifício e se alastrado, matou uma menina de 4 anos, filha do diretor do jornal Folha de Barbacena, Thiago Faria. Outras onze pessoas teriam ficado feridas, duas delas em estado grave, incluindo o pai da garota, que teve 60% do corpo queimado e foi encaminhado para o centro cirúrgico do Hospital Regional.
Algumas horas depois, surgiu uma informação ainda mais revoltante: o incêndio foi criminoso. Através de câmeras de segurança da garagem, a polícia identificou o suspeito, José Ricardo Rossi dos Santos, oficial da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAr), subtenente da Força Aérea Brasileira. Segundo informações, o militar não aceitava o fim do relacionamento e ateou fogo no carro da ex-esposa. O subtenente Rossi foi detido e encaminhado à delegacia. Ele afirmou que só falaria perante seu advogado.
O ataque que resultou na morte da menina Helena reforça uma estatística observada a nível municipal e nacional: o aumento da violência contra a mulher. Em Barbacena, de janeiro a setembro de 2019, foram registrados 834 casos, mas o número real é ainda maior, já que não entram nessa contabilidade os dados referentes às denúncias através do 180 e o REDS (em que as vítimas ainda não compareceram à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher para representar criminalmente). Somente no primeiro semestre do ano passado, Barbacena já havia registrado uma taxa de registros de violência contra a mulher maiores que a média do estado. Enquanto a média de Minas era de 3,04, a média do município foi de 4,97.
A negligência do poder público e a ausência de políticas públicas para o enfrentamento à violência contra a mulher na cidade contribuem para manter essa estatística. Não existe um local na cidade para acolher vítimas de violência, a DEAM não funciona 24h, encerrando seu expediente às 18:30, e na Câmara o número de projetos voltados ao enfrentamento à violência contra a mulher é quase nulo. Essa negligência generalizada também reflete o cenário nacional, uma vez que o governo federal zerou os recursos para políticas de combate à violência contra a mulher, o que faz com que essa questão adquira uma importância ainda maior para o movimento de mulheres.
No último período, as mulheres têm sido linha de frente nas principais lutas. Basta lembrar do Fora Cunha cujo impulso se iniciou no 8 de Março, e em 2018, com os atos do #EleNao. O governador Romeu Zema enfrenta uma grande greve da educação que já estremece as bases de seu governo, e sabemos a importância das mulheres também nesse processo, uma vez que os postos de trabalho da educação básica ainda são ocupados majoritariamente por elas.
É necessário portanto confluir as demais lutas com a luta das mulheres contra as políticas machistas do fascista Bolsonaro, amplificando assim a potência dessas mobilizações para a derrubada de seu governo.