Em meio à pandemia da COVID-19, é importante entender qual a real dimensão da ameaça.
Guilherme Piva
Recentemente, a ONU declarou que a COVID-19, infecção causada por um novo coronavírus (SARS-CoV-2), é uma pandemia. Mas o que isso significa?
O status de pandemia não significa, como podemos ser induzidos a supor, que o vírus ficou mais agressivo, mas sim que já está presente em todo o planeta, nos cinco continentes.
O coronavírus que causa a COVID-19 não é o único existente. A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) que assolou a China no começo dos anos 2000 também foi causada por um coronavírus. Já houve surtos de coronavirus ao longo da década de 2010 no Oriente Médio e Coreia do Sul. Com isso, nota-se também que na região há uma maior sensibilidade para essa família de vírus.
Os coronavírus são um grupo de vírus de genoma de RNA simples de sentido positivo, pertencentes à subfamília Orthocoronavirinae da família Coronaviridae. São conhecidos desde os anos 1960, e causam infecções respiratórias de brandas a moderadas de curta duração.
A taxa de letalidade do SARS-CoV-2, embora seja maior que a do Influenza (vírus da gripe), é a menor taxa entre a família dos coronavírus. Até o dia 12/03, de acordo com dados da OMS, a taxa média de letalidade era 3,6%, sendo de 3,9% na China e 3,2% fora dela. No dia 14, a taxa de mortalidade média era de 3,74%. É consideravelmente menor que a taxa de letalidade do Ebola, por exemplo.
Os idosos são o grupo mais vulnerável – entre pessoas acima de 80 anos a taxa de mortalidade do vírus pode passar de 15%. Entre os jovens, porém, é menor que 0,5%.
O problema do vírus está na sua alta taxa de transmissão que comparada ao H1N1 é quase o dobro. Uma pessoa com COVID-19 pode infectar até quase 3 pessoas enquanto para os portadores do H1N1 esse índice era de 1,5.
Somada ao sucateamento do SUS e à sensação de medo, essa taxa alta e rápida de transmissão pode causar uma sobrecarga do sistema de saúde já que pessoas desesperadas podem correr para os hospitais sem observar se apresentam todos os sintomas do vírus. Isso fará com que seja gasto tempo que poderia ser usado para atender um caso suspeito de fato, bem como leitos que poderiam atende-los estarão sendo ocupados por pessoas que não possuem o coronavirus.
Nessa situação existem dois polos opostos: um é a subestimação da ameaça o outro é a histeria coletiva. A grande mídia, que muitas vezes transmite as notícias de maneira irresponsável, induz a população à paranoia incutindo o pânico em nosso subconsciente.
Nem subestimar, nem entrar em pânico
A COVID-19 não é uma doença difícil de evitar. É muito importante seguir as recomendações de prevenção como lavar as mãos, utilizar álcool gel, cobrir a boca ao tossir, dentre outras, mas basta fazer isso e se alimentar bem que é possível manter a situação sob controle. Mas é importante manter a disciplina nessas medidas.
Já houve várias demonstrações práticas de como a negligência pode causar surtos de doenças que já haviam sido erradicadas. O exemplo mais recente foi um surto de sarampo em São Paulo (o sarampo já havia sido erradicado, o que levou muitas pessoas a ignorarem a importância de se vacinar). Erradicar a doença significa que um país conseguiu solucionar o problema e zerar os casos de infecção, porém o vírus não desaparece, por isso é importante continuar prevenindo novos casos de maneira permanente.
Coronavirus e guerra biológica
A China acusou os EUA de introduzir o vírus no país, usando-o como uma arma biológica. Conhecendo o histórico dos EUA, que já usaram armas biológicas na Guerra do Vietnã, e considerando que a pandemia ocorre em meio a uma intensa guerra comercial interimperialista entre chineses e estadunidenses, é uma hipótese que não pode ser prontamente descartada e tratada como “teoria da conspiração”.
Além disso, a pandemia é utilizada como pretexto para a disparada do preço do dólar (chegando pela primeira vez na história a 5 reais) e o início dos casos estimulou a xenofobia contra os asiáticos ao se divulgar que o vírus teria sido contraído por humanos através do consumo de uma sopa feita com carne de morcego, hipótese que depois caiu por terra.
Um alvo comprovado do uso do coronavirus como uma guerra biológica e cibernética do imperialismo é o Irã. O país desenvolveu um aplicativo com informações sobre o vírus, medidas preventivas e como lidar com a situação, mas o aplicativo foi tirado do ar pela Google, devido às sanções econômicas dos EUA.
Coronavirus e saúde pública
A pandemia mais uma vez mostrou a importância de um sistema forte de saúde pública. O Interferon-alfa-2b, medicamento antiviral já usado no surto de SARS, também está sendo utilizado para a COVID-19 e curou mais de 1.500 pessoas apenas na China. O medicamento é produzido por Cuba, vanguarda mundial quando o assunto é medicina e biotecnologia. A ilha socialista também já está trabalhando no desenvolvimento de uma vacina contra esse novo vírus.
Também voltou-se a comparar os sistemas de saúde do Brasil e dos EUA. No coração do imperialismo, as pessoas não têm dinheiro sequer para fazer o teste para detectar se há ou não a contaminação pelo vírus, enquanto no Brasil o teste é gratuito e oferecido pelo SUS, que lançou também um aplicativo para celular com informações sobre o agente viral.
A China decretou o fim do pico da COVID-19 no país e o Dr. Zhong Nanshan, epidemiologista que lidou com a SARS, afirmou que, se a comunidade internacional se mobilizar contra a disseminação do vírus, a pandemia terminará em junho.
Portanto, não há motivo para pânico, basta ter responsabilidade no cumprimento das recomendações dos órgãos de saúde e na divulgação de informações verdadeiras a respeito, combater a desinformação e as fakenews e, claro, defender o SUS!
hiperlink: https://www.saude.gov.br/fakenews/46442-coronavirus-vem-do-morcego-e-fake-news
https://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/03/2020/aplicativo-do-sus-ajuda-a-populacao-a-reconhecer-sintomas-de-coronavirus