A Unidade Popular realizou, neste domingo (15/03), seu 2º Congresso que contou com a participação de 12 cidades, cerca de 120 pessoas, representantes de vários movimentos sociais, como Marcelo Buzetto do MST. A militância aprovou as indicações de pré-candidaturas para a discussão no Diretório Nacional e o novo Diretório Estadual. Também foi realizado um ato pela memória, verdade e justiça.
Queops Damasceno
Vivian Mendes é filha de operários, nasceu e cresceu na periferia, zona leste de São Paulo, e tem 39 anos. Se formou no ensino técnico na adolescência e trabalha desde os 16 anos. Também é graduada em Comunicação Social pela Unesp.
Começou sua militância nas comunidades eclesiais de base, engajando-se em movimentos ligados à teologia da libertação. Depois militou no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e no Movimento de Mulheres Olga Benario.
Atualmente é Presidente da Unidade Popular em São Paulo e militante dos direitos humanos, membro da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e fez parte das Comissões da Verdade do Estado e do município de São Paulo, militando sempre por Memória, Verdade e Justiça.
A VERDADE: Como está atualmente o processo de construção da UP?
VIVIAN: Em São Paulo estamos construindo os núcleos da UP principalmente nas periferias e nas regiões de grande concentração da classe trabalhadora, que são onde nossos militantes residem e trabalham. Jardim Pantanal, Lajeado, São Miguel, Brasilândia, Pirituba, Jaguaré, Brás e outros. Por aí os núcleos estão se organizando e se fortalecendo.
Também organizamos núcleos nos locais de trabalho e estudo, como é o caso da categoria metroviária e ferroviária onde temos atuação e nas escolas técnicas e universidades onde nossos militantes estão. Temos um trabalho importante, também, na organização dos trabalhadores terceirizados nesses locais.
A VERDADE: Em quais lutas a UP está mais diretamente envolvida nesse momento?
VIVIAN: A luta por moradia e contra o despejo na região do Jaguaré; pelo metrô da Brasilândia; contra a privatização da CPTM; em defesa do SUS; contra as enchentes na zona leste e várias outras lutas.
Na cidade estamos promovendo um abaixo assinado de um projeto de iniciativa popular para que o vereador receba o mesmo salário de uma professora. Com ele estamos dialogando com a população sobre qual deve ser o papel e o caráter de um representante do povo no parlamento.
A VERDADE: O que a UP defende para a cidade de São Paulo?
VIVIAN: São Paulo é uma cidade dominada pelos interesses do capital, dos especuladores, dos banqueiros. A cidade está sendo toda privatizada, praticamente entregue gratuitamente para aumentar os lucros dos empresários, que são amigos dos poderosos. O número de pessoas vivendo nas ruas cresce exponencialmente. A reforma da previdência do município é uma vergonha, enfraquece os serviços públicos essenciais à população, principalmente a mais pobre.
A política municipal é fundamental, porque é através dela que a população sente os efeitos mais imediatos do desmonte do estado, dos serviços públicos. Saúde, educação básica e transporte são responsabilidade do poder municipal, por isso enfrentar os interesses dos grandes empresários é urgente.
A UP quer construir uma cidade que defenda os interesses dos trabalhadores, os mais de 90% da população que constrói as riquezas desta cidade. Isso só é possível enfrentando a exploração a que está submetida nossa classe. Não se muda uma sociedade sem enfrentar os interesses de quem lucra com a exploração do nosso povo.
A defesa, ampliação e melhoria dos serviços públicos são prioridade no nosso programa.
Também é prioridade a participação política, a construção de um verdadeiro governo popular. Não podemos manter a lógica de que há uma parcela – muito pequena e abastada – da sociedade e que decide como as coisas funcionam e outra, a imensa maioria, que é obrigada a aceitar. Se a organização do nosso povo não tivesse sido abandonada no passado, nós teríamos muito melhores condições de enfrentar o avanço do fascismo em nosso país. A organização e participação popular são nossos objetivos.
A VERDADE: Como a UP chegou ao seu nome como pré-candidata à Prefeitura de São Paulo?
VIVIAN: No diretório nacional da UP discutimos a importância de apresentar nosso programa imediatamente nas principais cidades do país. No diretório estadual fizemos a discussão sobre as possibilidades de candidaturas nas cidades onde temos atuação e sobre quem teria melhores condições de expressar nossa linha política. De fato eu nunca havia, antes da UP, almejado me candidatar a cargos políticos, mas o coletivo julgou que meu nome seria o mais adequado para a cidade e eu aceitei honradamente assumir esta tarefa.
De qualquer forma, a UP se constrói como um partido popular e democrático, sempre deixando muito claro que qualquer um que esteja representando nosso partido está submetido à política desenvolvida coletivamente. Todas as nossas candidaturas e mandatos serão coletivos, nossos representantes devem ser sempre pessoas que tenham condições de expressar e aplicar a vontade do partido e não a sua própria.
A VERDADE: Por fim, o que mais você gostaria de falar para os nossos leitores?
VIVIAN: O jornal A Verdade cumpre um papel histórico nesse momento em que vive o Brasil, dando espaço para que candidaturas verdadeiramente populares tenham voz, enquanto a grande imprensa e a própria legislação eleitoral priorizam de forma desigual as candidaturas de partidos que já possuem imensos recursos.
Aos leitores de A Verdade eu agradeço o apoio, a vibração pelas nossas candidaturas e o engajamento que terão em nossas campanhas. Muito obrigada!!!