Daniela de Oliveira Paiva
MINAS GERAIS – O sistema capitalista apresenta diariamente enormes fragilidades. Muitas vezes, nós que lutamos contra este sistema somos contestados com frases que apontam a impossibilidade de sua destruição e que um governo popular é puro idealismo. No entanto, a necessidade de uma alternativa popular e a total possibilidade de fazer-se real um governo que represente, de fato, a maioria da sociedade está na ordem do dia.
Temos vários exemplos de descaso com a maioria do nosso povo, que, vale lembrar, é: trabalhadores, mulheres, pobres, negros. Podemos citar grandes acontecimentos: em 2019, o rompimento da barragem em Brumadinho, que foi responsável por diversas mortes, colocando o lucro de uma empresa acima da vida. No início deste ano, também em Minas Gerais, enchentes mataram mais de 55 pessoas e a culpa das mortes foi colocada na chuva, mas sabemos que foi culpa da falta de estrutura básica para os pobres.
Agora, em março, observamos a chegada de um novo vírus, o Covid-19 (coronavírus) ao Brasil e todos os cidadãos receberam a recomendação de não sair de casa pelo bem da saúde individual e nacional. Porém, novamente são os mais pobres que pagam o pato, não podendo estocar comida, tendo que trabalhar, não podendo aderir à quarentena indicada por estudiosos como necessária ou, muitas vezes nem tendo casa para se isolar das aglomerações.
Ao mesmo tempo, o Brasil tem na sua Presidência Jair Bolsonaro, que incentiva seus eleitores a se aglomerarem e, em rede nacional de televisão, desdenhou da pandemia, chamando-a novamente de “gripezinha”. Além disso, Bolsonaro defende a privatização do Sistema Único de Saúde (SUS), colocando a vida dos brasileiros como uma mercadoria, já que o SUS desempenha um papel fundamental na vida da população e têm sido, durante a epidemia do coronavírus, um instrumento indispensável para a saúde de toda a população.
No entanto, é possível percebermos que, mesmo com o grande descaso com povo, é este que é o responsável por movimentar o país. Temos como exemplos a Greve Geral de 2017, movimento contra as reformas das leis trabalhistas, que teve adesão de 40 milhões de pessoas, diminuindo a circulação de capital das grandes empresas, assim como a greve dos caminhoneiros de 2018, que parou o país por nove dias, gerando falta de mantimentos nos mercados, de medicamentos nos hospitais, pouca gasolina nos postos.
No último dia 18 de março, mesmo com a suspensão das manifestações de rua por conta do coronavírus, o povo se organizou para fazer o barulhaço nacional nas próprias janelas de casa em defesa da educação, do SUS e de todos os serviços públicos, a favor da revogação da PEC 95, do teto de gastos, para liberação de investimentos na saúde pública.