Por Carlos Gomes,
Unidade Popular (UP) – Nova Iguaçu
O hino da Internacional Comunista, em seu refrão, faz uma convocação ao povo trabalhador e explorado para unirem-se na luta pela superação dessa exploração e pela construção de um novo Estado, igualitário, fraterno e justo.
Em Nova Iguaçu, cidade que eu tanto amo, essa esperança também arde nos corações daqueles que amam a justiça e militam em prol dela. Aqui, talvez mais do que em qualquer outro lugar, a esperança de dias melhores tem importância vital para todos os iguaçuanos, que tanto sofrem diante das dificuldades do dia-a-dia e do descaso do poder público.
Segundo o Atlas Brasil, site especializado em dados demográficos por município, o percentual de ocupação da população economicamente ativa em Nova Iguaçu é de apenas 63,26%. O restante da população de aproximadamente 820 mil habitantes se encontra no quadro desesperador do desemprego ou nas extremas limitações do mercado informal.
Não é à toa que no ranking de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), divulgado pela ONU, Nova Iguaçu aparece na humilhante 43ª posição entre as cidades do Estado do Rio de Janeiro. Um dos motivos desse desempenho negativo é a condição de acesso ao saneamento básico no município. Segundo dados do instituto Trata Brasil, apenas 0,57% de todo o esgoto produzido em Nova Iguaçu é tratado, o que coloca a cidade entre as dez piores no ranking nacional de saneamento básico.
Uma cidade de contrastes
A violência urbana também é um grave problema enfrentado pela população. Dados do IPEA de 2017, mostram que Nova Iguaçu é 7ª cidade mais perigosa do Estado do Rio de Janeiro, com uma taxa de homicídios de 60,9 a cada 100.000 habitantes.
Essa realidade cria uma mistura de revolta e tristeza em qualquer cidadão. São tantos problemas (habitação, mortalidade infantil, urbanização, acesso aos serviços básicos, etc.), que qualquer um acreditaria que está diante de mais um município pobre, com pouca arrecadação e dificuldade em se autossustentar. No entanto, está aí o grande engano. Nova Iguaçu tem, segundo o IBGE, o sexto maior PIB (conjunto de riquezas produzidas em um determinado lugar) do Estado e o 54º maior PIB do país. São mais de 16 bilhões de reais arrecadados anualmente. Logo, os cofres da prefeitura não estão vazios.
A explicação para essa contradição é simples: descaso com o povo, corrupção dos governos da burguesia, gestão pública incompetente e ineficaz para o povo. Tudo isso tem levado, infelizmente, à desmobilização social de grande parte da população, deixando caminho livre para a manutenção desse estado de coisas.
Outro mundo é possível
Por isso é fundamental desenvolver um trabalho de base que abra os olhos da população para o fato de que somos participantes ativos de toda transformação em nossa sociedade e que não podemos continuar reféns dos desmandos dos governos dos ricos, mais comprometidos com os interesses econômicos da classe burguesa do que com as carências das camadas menos favorecidas.
Esse trabalho é necessário, antes de mais nada, para plantar sementes de esperança, denunciar os verdadeiros responsáveis por tantos problemas e apresentar um novo ponto de vista, livre de vícios dos ensinamentos conservadores que aprendemos desde o tempo escolar, sobre o mundo, a religião, o trabalho, a ética, etc., sem esquerdismos que acabam por espantar e confundir o povo.
Se queremos mudar a realidade de nossa cidade, Estado ou até mesmo de nosso país, precisamos primeiramente mudar a nós mesmos por meio da compreensão das experiências históricas daqueles que empenharam suas próprias vidas em prol do êxito da luta do proletariado. O conhecimento gera a persuasão, que por sua vez gera a organização, invencível se plantada em terreno fértil.