Desde o início da quarentena de Covid-19, o Movimento de Mulheres Olga Benario no Ceará tem realizado reuniões on-line de formação política. Com a pandemia do novo coronavírus e a impossibilidade de reunir presencialmente, o movimento viu nesse meio uma forma de continuar o trabalho e coletivo além de perceber que os dias em casa poderiam agregar a formação teórica de sua militância.
Para entender o sistema que nos oprime e nos explora é necessário conhecê-lo, estudá-lo para não cair nas armadilhas do feminismo liberal e do pós-modernismo tão em moda nos dias atuais. Através do estudo da teoria marxista e do feminismo podemos compreender que a verdadeira emancipação só ocorrerá através de profundas transformações sociais contra o capital.
Pensando nisso, a coordenação estadual do movimento organizou a partir da Biblioteca do Movimento Olga Benario, o estudo de obras sobre a teoria feminista, que nacionalmente é disponibilizada para militância. Em seu primeiro encontro, o grupo estudou alguns capítulos da obra “A nova mulher e a moral sexual”, da comunista e revolucionária Alexandra Kollontai, responsável por uma importante contribuição sobre as questões da mulher na construção da sociedade socialista.
A Coordenadora estadual, Lorena Jales, explica que “neste momento de isolamento social, devido a pandemia do coronavírus, achamos importante a ideia de continuarmos os encontros do Movimento Olga Benario, antes presenciais, agora via aplicativo de voz. Nessas reuniões virtuais, nós estudamos, discutimos e aprendemos juntas assuntos de relevância para a formação feminista-classista.”
O estudo acontece a cada 15 dias, na plataforma de interação Discord. Nela as companheiras do movimento podem se organizar e discutirem juntas sobre os textos propostos, a metodologia dos estudos acontece de forma bastante semelhante à das reuniões nos núcleos presenciais, com inscrições e tempo para as falas, garantindo o direito de voz a todas e oportunizando um debate mais ampliado.
Para a continuidade dos estudos, escolheu-se a obra Mulheres, Raça e Classe, da ativista do Movimento Negro e comunista estadunidense Angela Davis. Além de ser um clássico da literatura feminista classista, a escolha do livro se deu pela necessidade da militância em se aprofundar no debate sobre raça, vinculado às questões de gênero e classe, alinhadas com a linha política do feminismo marxista.
Para a militante, Raiany Oliveira, que já está no movimento desde 2018, “os grupos de debates (GDs) estão sendo muito importantes. Primeiro para que possamos continuar evoluindo nos estudos e para não nos perdermos em nossas ideias. Depois, ele vem servindo para que possamos continuar nos fortalecendo como mulheres na luta de classe, mas também para que tenhamos a oportunidade de ler sobre outras temáticas tão importantes quanto, como o feminismo negro. Além de mantermos o contato com nossas companheiras de luta e poder continuar compartilhando experiências, visões, interpretações e discutindo como podemos evoluir cada vez mais, construindo novas reflexões e possíveis atitudes”.
O GD Benarias, como foi batizado pelo grupo, tem contribuído para uma formação política aprofundada de sua militância, tarefa fundamental para o avanço de consciência da nossa classe. É a partir desse estudo que podemos responder às questões concretas que nos aparecem na sociedade capitalista, como a opressão e a exploração da mulher trabalhadora, o nosso fortalecimento ideológico, os caminhos que devemos trilhar para a mudança dessa realidade, e a luta pelo fim do patriarcado e pela construção de uma sociedade socialista, onde as mulheres e os homens sejam verdadeiramente livres.
Por Catarina Matos, da coordenação estadual do Movimento de Mulheres Olga Benario – Ceará
Veja abaixo os links para a Biblioteca do Movimento de Mulheres Olga Benario: