Redação Caruaru
Não é de hoje que os trabalhadores da limpeza urbana de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, sofrem com o assédio moral e os abusos dos patrões. Este ano, a categoria já promoveu cinco paralisações para ter direito a receber seus salários. Apesar de desempenharem um trabalho essencial, ainda mais importante em tempos de pandemia, esses trabalhadores segue explorados e pouco valorizados por empresas, governos e sociedade.
De fato, faça chuva ou sol, os agentes de limpeza estão nas ruas 24 horas, na maioria das vezes sem equipamentos de proteção, coletando lixo, capinando e varrendo a cidade. Mesmo assim, a empresa Locar Engenharia, responsável pela limpeza da cidade, insiste em desrespeitar a categoria e retirar seus direitos.
Cansados de tanta exploração, os trabalhadores da limpeza urbana, organizados pelo SINDLIMP, decidiram em assembleia realizada às 5 horas da manhã do dia 15 de maio não trabalhar sem receber seus salários. A decisão paralisou por 24 horas as atividades da coleta de lixo na cidade e contou com 100% de adesão dos trabalhadores. Toda a frota de caminhões da empresa ficou na garagem e foi organizado o protesto com a reivindicação de pagamento imediato dos salários e das férias atrasadas.
O piquete foi levantado sob as palavras de ordem de “Se não têm salário, também não tem trabalho”, “Trabalhador unido, jamais será vencido” e “Sindicato é para lutar”. A direção da empresa tentou impedir a mobilização dos trabalhadores com ameaças e desrespeito aos diretores do sindicato, e chegou a impedir que o presidente do sindicato Antônio Lira ingressasse na empresa.
Porém, a categoria não recuou. Os trabalhadores e trabalhadoras da limpeza urbana deixaram claro, mais uma vez, que não aceitariam nenhuma arbitrariedade e nenhuma falta de respeito por parte dos patrões, como declarou o dirigente sindical Cícero Noé: ”Ou os patrões respeitam os nossos direitos trabalhistas e pagam os salários e as férias em dia, ou a nossa cidade vai ficar debaixo do lixo”.
“O sentimento de revolta dos trabalhadores tomou conta da assembleia e, ao mesmo tempo, demonstrou o espírito de disposição para a luta que cada gari vem desenvolvendo. Toda essa luta reafirmou a importância do trabalho de base do sindicato e do MLC, que estão sempre presentes com a patrulha sindical e com as reuniões abertas do sindicato, além da realização mensal da brigada do jornal A Verdade em parceria com a UJR”, disse Antônio Lira.
Depois muita luta, as trabalhadoras e os trabalhadores tiveram os salários e as férias depositadas em suas contas. A luta agora é para que os salários sejam pagos em dia, pois tanto a empresa quanto a prefeitura lucram rios de dinheiro às custas da exploração da categoria. “Sabemos que essa luta é permanente e diária e que os trabalhadores só terão de fato direitos quando eles mesmo forem donos da sua força de trabalho. Como isso é impossível debaixo desse sistema que explora e oprime, aumenta a necessidade e a importância do sindicato defender e conscientizar os trabalhadores”, afirmou Ednaldo Lima, do MLC.
Após a paralização, 20 trabalhadores foram suspensos e 4 foram demitidos sem justa causa, comprovando assim o quanto os patrões temem a organização da classe trabalhadora porque sabem que juntos podemos tudo. A luta continua, agora pela readmissão desses companheiros e o fim das perseguições.