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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Autoritarismo do governo marca o ato por democracia no Ceará

Por Michell Gomes – Ceará 

Em todo o país, milhares de trabalhadores e estudantes se manifestaram no último domingo, dia 7 de junho, contra o governo fascista de Bolsonaro, contra o Racismo e em defesa da Democracia. Eram protestos pacíficos convocados com todas as medidas sanitárias possíveis. Mesmo assim, em Fortaleza, o governo estadual mobilizou tropas especiais e uma estrutura militar de dar inveja ao período da ditadura militar. O que se viu foram carros blindados, o famoso “Caveirão da Morte”, micro-ônibus, motos, cavalaria, caminhões, dezenas de viaturas e até Helicóptero. Foi dessa forma que o Governo Camilo Santana (PT/PDT/PCdoB), recebeu centenas de manifestantes, em sua maioria jovens entre 14 a 25 anos, que foram às ruas dizer um basta ao fascismo e contra o genocídio do governo dos banqueiros e generais, representado pelo capitão reformado, Jair Bolsonaro.
Era público e notório que o governo dificultaria a realização do ato. O próprio governador já havia deixado claro, quando na sexta-feira foi ao Twitter- utilizando o mesmo método de ameaça dos fascistas que ocupam o governo federal-, para afirmar que os atos seriam reprimidos. Exatamente por isso, foram assumidas todas as medidas de segurança recomendadas pela OMS (distanciamento social, uso de máscaras e álcool em gel). Ironicamente e lamentavelmente, Camilo Santana, que já teve o pai perseguido pela ditadura militar fascista, escolheu assumir uma posição covarde nesse momento crucial da história do nosso país.   
A todo o momento, os corajosos/as lutadores/as que foram às ruas, eram  intimidados e provocados pela PM. Muitos policiais estavam em carros descaracterizados preparando tocaias para encurralar a manifestação. Nas avenidas próximas à concentração do ato (que foi bloqueada ainda pela manhã com viaturas, motos e barreiras físicas), os manifestantes pró-democracia, antifascistas e antirracistas eram submetidos à revistas vexatórias e abusivas.
Numa delas, militantes do partido UP (Unidade Popular), que caminhavam em direção à concentração do ato, foram abordados com truculência pelo Batalhão Raio. Na “revista”, chutes, provocações, que geraram o repúdio da população que passava pela rua e criticava aquela atitude abusiva. O crime desses camaradas? Nenhum! Apenas estavam com jornais A Verdade em suas mochilas e Jornais da UP, e uma faixa “Fora Bolsonaro! Por um governo popular”! Desta foi arrancada as madeiras que lhe davam suporte nas duas pontas, alegando os policiais que aquilo poderia ser utilizado como arma.
Além disso, a todo o instante da abordagem, o preconceito de classe e raça, típico dessas corporações, era exposto. Aos três militantes, perguntavam a idade: “Você é maior?”. Ao único negro do grupo, o estudante de Biblioteconomia da UFC, Diretor da União dos Estudantes do Ceará e pré-candidato a vereador pela UP em Fortaleza, Fábio Andrade, 28 anos, a pergunta foi diferente: “Tu responde o quê?” Pra fechar a dita abordagem, utilizando a velha tática da criminalização das lutas, insinuaram que os militantes estavam portando drogas (certamente, descabida), e após uma conferência, liberaram os três e ordenaram que voltassem para as suas casas.
Dez pessoas foram detidas levadas para delegacia e dezenas foram impedidas de chegar a concentração. Era um clima de terror que ocorreu em cada esquina, em cada avenida. Policiais do Batalhão de Choque, armados com pistolas, armas de choque elétrico e fuzis, em número desproporcional ao de manifestantes, apontavam sua artilharia para a cabeça dos jovens, que faziam o trabalho de distribuição de máscaras e álcool em gel, que até hoje o governo do estado sequer cogitou a fazer. Em certo momento, cercaram cerca de 40 jovens em um dos quarteirões. Os manifestantes não puderam seguir nem voltar.
Ora, se o governador e sua polícia autoritária creem que com isso, o povo se intimidará. Podem tirar o ‘cavalo da chuva’. Uma nova geração será forjada na luta contra o fascismo, o racismo e por liberdades democráticas no nosso país. Muitos foram a uma manifestação pela primeira vez, e de lá saíram mais comprometidos com essa luta. Esse é o caso de uma militante secundarista, de 19 anos, que estava com o bloco da UP: “Gostei muito do dia de hoje. Sempre via esse tipo de violência às manifestações pela televisão. Agora já quero saber quando será a próxima pra eu estar presente novamente”!

    Michell Gomes, professor universitário da Universidade Regional do Cariri – URCA  e membro do Diretório Estadual e Nacional da Unidade Popular – UP. 

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