Ícaro Santos
SÃO PAULO – O compromisso do fascista Jair Bolsonaro de desmontar a educação pública, a despeito das necessidades do povo, se confirma novamente durante a crise da Covid-19. Sua política governamental tem apresentado um completo desinteresse na função social da educação, tendo, por exemplo, defendido a aplicação das aulas a distância mesmo sabendo que 30% da população brasileira não tem acesso à internet. Além disso, o ministro da Educação, o inconsequente Abraham Weintraub, havia adotado uma postura de defesa à realização comum do Enem, contrariando diversas entidades estudantis e movimentos sociais. O Movimento Correnteza e várias entidades estudantis logo se posicionaram pelo adiamento do exame.
O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do ABC foi uma destas entidades. “O papel do DCE foi discutir com os Diretórios e Centros Acadêmicos quais eram os principais problemas da educação a distância, fazer a articulação entre os docentes, tendo ainda o desafio de fazer tudo isso de maneira remota, por lives ou reuniões online”, diz Laura Passarella, presidenta do DCE-UFABC. “Fizemos uma live com a Ares-ABC e com a escola preparatória da UFABC para discutir essa questão e temos feito a mobilização online, usando todas as nossas mídias para divulgar a #AdiaEnem, já que não podemos ir às ruas nesse período”, finaliza.
Quanto à questão dos professores, que tiveram que encarar as aulas a distância sem qualquer preparo anterior, Thainá Battesini, professora da rede pública de Passo Fundo-RS e militante do Movimento Luta de Classes, diz: “As dificuldades das aulas remotas têm sido diversas. Primeiro, não sabemos como os estudantes estão e o que estão passando neste momento. Muitos têm que trabalhar e os patrões dão mais horas de trabalho, pois sabem que eles não estão tendo aulas presenciais. Nesse sentido, a maioria vive o estresse de trabalhar em meio a uma pandemia sem talvez ter os EPIs necessários que garantam sua proteção. Segundo ela, os governos exigem de professores e alunos produzir como se não existisse uma pandemia lá fora. A relação professor e aluno também fica prejudicada. É difícil não saber se seu aluno está compreendendo o conteúdo – se tem dúvidas, enfim. E, por último, não dá para imaginar o que eles vivem durante a crise, em suas casas; sem um ambiente adequado de ensino não é possível uma aprendizagem de qualidade”.
Mas, felizmente, a luta muda a vida! Depois da pressão social organizada, o Senado aprovou o adiamento do Enem 2020, mesmo com um voto contra, da família Bolsonaro. Mesmo que parcial, pois ainda exige votação na Câmara dos Deputados, essa vitória se deve à organização popular e à luta conjunta.