Por Mateus Henriques
INTERNACIONAL – No ano passado, ocorreram as eleições presidenciais na Bolívia. Sob um clima de disputa muito grande, Evo Morales conquistou nas urnas seu quarto mandato como presidente do país, o que foi questionado pelos setores oposicionistas por uma suposta fraude eleitoral do Movimiento al Socialismo (MAS), partido de Morales.
A contestação às eleições foi liderada por figuras públicas da extrema-direita boliviana. A partir deste momento, houve manifestações de rua pedindo a anulação do pleito. Isso tudo apoiado pelos EUA, que é o mais interessado na fragilidade de governos que são contrários a sua política econômica na América Latina.
Com toda a pressão internacional elaborada pelos grupos de extrema-direita, os EUA e a imprensa burguesa, Evo Morales renunciou ao governo no dia 10 de dezembro de 2019 e Jeanine Añez, senadora de direita, autoproclamou-se presidente do país, consumando o golpe, que contou, inclusive, com apoio das Forças Armadas.
O argumento da contestação às eleições foi reforçado pela “análise” dos dados eleitorais por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), organização criada em 1948 para confluir os países do ocidente contra a influência da União Soviética e do movimento comunista que crescia em todo o mundo.
Essa análise, totalmente parcial, apontou supostas fraudes no processo eleitoral boliviano. Porém, pesquisadores independentes questionam esta análise da OEA. Uma pesquisa feita pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, com dados concedidos pelas autoridades eleitorais da Bolívia ao jornal The New York Times, conclui que os resultados apontados pela análise da OEA são defeituosos. Esse estudo foi publicado pelo insuspeito jornal em sua edição de ontem (07/06).
A conclusão a que chegamos a partir disso é que a intervenção da OEA estava orientada com objetivo claro: desestabilizar ainda mais o governo de Morales para que fosse adotada uma política econômica que tenha como prioridade o enriquecimento da burguesia boliviana e para a venda das riquezas naturais bolivianas aos Estados Unidos da América, como, de fato, aconteceu após o golpe de Estado.
As eleições na Bolívia estão marcadas para o dia 6 de setembro e o candidato à Presidência pelo MAS, Luis Acre, está cotado para vencer, de acordo com as últimas pesquisas eleitorais. O clima de instabilidade política perdurará até as eleições e, dependendo do resultado, vai continuar.
E quem mais sofre com isso são os povos indígenas da Bolívia e a classe trabalhadora. É por isso que defendemos a autodeterminação dos povos, que o povo de um país decida o que irá acontecer com o futuro do seu país, sem interferências por parte dos governos imperialistas, que só querem controlar o mundo.
Mateus Henriques é diretor da UNE
Fontes:
https://www.nytimes.com/2020/06/07/world/americas/bolivia-election-evo-morales.html