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terça-feira, 23 de abril de 2024

O peso do indivíduo em meio à pandemia

Foto: Jorge Ferreira / Jornal A VERDADE

Por Lucas Rodrigues de Oliveira

Parece que meditar acerca do papel do indivíduo em meio a esse quadro apresenta-se quase como tarefa inevitável da razão. E, enquanto as notícias anunciam novamente o desejo do presidente Jair Bolsonaro em “defender” a economia e o povo brasileiro, contrariando as medidas que a OMS insiste deverem ser mantidas e reforçadas, novamente se percebe uma população cada vez mais dividida – artimanha da extrema direita que, neste momento, soa como deboche.

Já, a crise mundial, que rapidamente se instaura, evidencia, constantemente, que é apenas a tomada de consciência individual que poderá vir a controlá-la: a contribuição de cada um é a de isolar-se socialmente e a de compreender a importância disso. Daí a campanha “Fique em casa”, pedindo encarecidamente essa postura. No entanto, pela via contrária, nota-se algumas “mentes pensantes” – inclusive as de chefes de Estado, como o caso de nosso presidente, que deveriam ser guias – insistindo em optar pela oposição ao conhecimento científico, e, consequentemente, botando em jogo a vida de milhares de pessoas. Logo, não só parece como é necessária uma reflexão sobre o papel de cada indivíduo nesta luta e qual a importância de se agir corretamente em um mundo cada vez mais globalizado.

As medidas de isolamento, por sua vez, foram tomadas pelo fato de os seres humanos serem o vetor da Covid-19 – diferentemente da malária, por exemplo, que só em 2016 matou cerca de 731 mil pessoas no mundo todo, cujo vetor são os mosquitos –, o que impede o contato entre os mesmos. As orientações de permanência desse isolamento, se ignoradas, acarretarão o aumento do número de casos da doença e, assim, no colapso do sistema de saúde. É por isso mesmo que o peso recai imediatamente sobre cada indivíduo.

Neste ponto surge a responsabilidade – que fora igualmente distribuída às mãos de cada um. Pois, se o vetor do vírus são os indivíduos, ao mesmo tempo se estabelece uma relação de dependência mútua entre eles para que o problema seja resolvido, o que dá, necessariamente, uma tarefa a literalmente todo mundo.

Para a realização desta, dever-se-á pressupor uma liberdade individual, que, intimidadora em si mesma, disfere o golpe letal que não abstém ninguém que a possuir de ser responsabilizado pela má decisão. Logo, é o sujeito mesmo que poderá, ou não, evitar a catástrofe mundial, ou no mínimo nacional, tendo em mente que, sendo parte do todo, é peça essencial no combate à pandemia.

Um pequeno erro, por mera ignorância, agora ganha a importância que talvez não fosse tão notável em outros tempos. A história nos dá exemplos de sujeitos de má índole que sozinhos inundaram a terra de sequelas que até hoje parecem insuperáveis. No entanto, o momento demonstra que um pequeno deslize no cumprimento das regras de isolamento pode ser o princípio para milhares de mortes. O cenário demonstra que tal deslize, causado despropositadamente, até mesmo pelo mais bondoso dos Homens, pode possibilitar o mal geral. É por isso que aqui não se fala somente em sujeito de boa ou má índole, mas principalmente em sujeito responsável e como a falta de conhecimento pode intensificar ainda mais a crise. Tamanha é a responsabilidade individual.

Ela preenche cada ser humano com tanta incumbência e protagonismo no destino da humanidade que é improvável, ou ao menos deveria ser, não sentir o devido e justificado peso de uma ação que tem forte influência na vida de bilhões de seres humanos. Se alguns achavam-se irrelevantes em sociedade, podem refletir se não faltou antes análise crítica acerca de cada ação e como tal atinge o outro. Ademais, a quarentena circunscreve o subterfúgio necessário para tal atividade do pensamento, que possibilita a cada um afundar-se na própria alma, obtendo daí a fonte para tornar-se melhor e conscientemente mais ativo, para além da pandemia.

A dimensão do efeito das próprias escolhas no mundo, que talvez simplesmente não fora evidente aos olhos da razão, agora fornece exemplos claros do peso de agir contra a mesma. Portanto, cabe a cada um o dever de contribuir para a solução do problema e até mesmo para a evolução da sociedade humana.

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