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sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Metroviários de SP: “Precisamos aliar as lutas presenciais e virtuais!”

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Ricardo Senese,
Diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e militante do MLC


Trabalhadores do Metrô de São Paulo apresentam as reivindicações da categoria. Foto: A Verdade.

A pandemia colocou a classe trabalhadora em luto permanente, após milhares de vidas de nosso povo serem perdidas. A verdade é que os governantes atuais se preocuparam mais em manter o lucro da burguesia do que a saúde dos mais vulneráveis. Nós, metroviários, sabemos que nunca houve uma quarentena real no transporte sobre trilhos. Os trens lotados nos horários de pico confirmavam que muita gente seguia trabalhando normalmente, às vezes sem nenhuma proteção e segurança.

O correto seria disponibilizar auxílio emergencial, manter emprego e salários a todos trabalhadores afetados, ou seja, um plano concreto visando o problema sanitário que enfrentamos. Pelo contrário, impuseram desemprego, redução salarial e mais exploração, comprovando que a classe dominante utilizará por muito tempo a desculpa da pandemia para tentar impor uma rígida exploração mental, física e econômica, como evidenciou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante reunião ministerial: vamos aproveitar e passar a boiada.

Devemos defender tanto os empregos quanto os direitos! 

 

Apesar da aparente divergência entre os setores da burguesia nacional sobre a continuidade ou não do governo Bolsonaro, existe um ponto de unanimidade: Paulo Guedes deve economizar com os micros e pequenos empresários, privatizar tudo que resta e acabar com as leis trabalhistas e de investimentos sociais.

O governo teria a possibilidade de agir diferente, apoiando a distribuição de renda e mantendo empregos mesmo na pandemia, mas seu foco é massacrar a classe trabalhadora. Antes mesmo da pandemia, Bolsonaro já defendia que seria melhor manter empregos sem direitos do que ter direitos sem empregos.

A luta de classes mundial se intensifica e no Brasil essa situação se agrava por não termos apoio da justiça e/ou da mídia. A decisão patronal é de aumentar a exploração seja como for. Golpes, eleições fraudulentas e aumento da repressão militar são métodos válidos para a burguesia para cumprir seus objetivos e dar fim às leis protetivas ao trabalho, garantir um judiciário servente ao interesse dos poderosos e congelamento das políticas públicas na área da saúde e educação, pontos essenciais para diminuir a desigualdade social.

Trabalhadores do metrô em campanha salarial. Foto: A Verdade.

Só o povo salva o povo!

O Metrô de São Paulo, que realiza um trabalho essencial para a circulação de pessoas de forma eficiente, vem sendo destruído e precarizado de forma intensa nos últimos anos. Para o governador do estado, João Dória (PSDB), o que ainda é patrimônio público deve ser entregue a um consórcio capitalista, que explore e enriqueça encarecendo a passagem e piorando a qualidade, para garantir dinheiro para suas campanhas em época eleitoral.

Diante deste cenário, está claro que os metroviários são uma pedra no sapato do programa de privatizações do PSDB e por isso se tornaram um alvo do governo estadual, a ser banido enquanto categoria.

As lutas e greves dos metroviários expõem a corrupção por parte dos indicados do governo, que tentam fazer do patrimônio público (custeado pelo povo) uma empresa de interesse privado do governador. Somos exemplo de combatividade, admirados por diversas categorias quando lutam por seus direitos.

Nos orgulhamos deste posto, porém, temos ciência que vivemos uma fase difícil no país e que precisamos nos preparar para um embate aberto da luta de classes contra um inimigo poderoso e decidido. Não lutar e idealizar uma negociação minimamente justa é derrota na certa. Precisamos nos preparar e escolher o melhor momento para o enfrentamento. Metroviárias e metroviários sabem a força que tem em suas mãos e com unidade podemos vencer todas as lutas!

Fortalecer o Sindicato para o combate que virá

 

Além dos ataques econômicos, a empresa anunciou um ataque para enfraquecer o sindicato, acabar com o financiamento da nossa entidade e cortar canais de informação e prestação de contas administrativas.

Caso consigam, será um ataque grave e permanente à democracia que já está em frangalhos. A participação e envolvimento da categoria em sua entidade é o único caminho seguro para defendermos nosso Acordo Coletivo e a nossa ferramenta política, a organização sindical. A auto organização é o único modo dos nossos interesses, que são interesses da maioria da classe trabalhadora, serem considerados.

O risco diário no trabalho

Nossa categoria conquistou o direito de nossos companheiros e companheiras do grupo de risco ficarem em casa com muita luta. Apesar da injusta redução salarial para quem está em teletrabalho, o fato é que já perdemos pessoas e poderíamos ter perdido mais, caso o descalabro protagonizado pelo presidente do Metrô, Silvani Pereira, fosse consumado. O sindicato e os membros eleitos das CIPAs agiram rápido e impediram que apenas os trabalhadores com mais 70 anos fossem afastados para teletrabalho.

Os que se mantiveram na linha de frente em tempos extraordinários, apesar do alerta do sindicato à necessidade de fechar algumas estações e aliviar a sobrecarga de trabalho, seguem se arriscando diariamente. O crescimento diário do número de passageiros aumenta o risco de contágio e desenvolvimento da COVID-19.

Fazemos aqui a homenagem ao Armandinho, vitima do vírus que contraiu em atividade laboral. Também registramos nossa homenagem a vários outros colegas que faleceram no último período e estamos apreensivos com a quantidade de metroviários que tem contraído a COVID-19. O último informe do sindicato foi de 301 metroviários, lembrando que no momento em que mais precisamos de apoio, a diretoria da Cia quer aumentar a taxa dos participantes da metrus.

Todas as formas de lutas são necessárias

 

O momento atual requer a combinação equilibrada das formas de luta presenciais e via internet, já que estamos muito expostos nos locais de trabalho, sendo atacados em plena pandemia, obrigados a lutar presencialmente.

É fato que diversas atividades já estão sendo realizadas com sucesso nas redes e as lives, setoriais, vídeos, memes e os impulsionamentos, pago e voluntário, das redes sociais do sindicato devem ser ampliados para que seja possível quebrarmos coletivamente a bolha e o bloqueio da grande mídia aos temas das nossas lutas.

Da mesma forma, é necessário realizarmos manifestações de rua, atos relâmpagos, exposição de faixas e cartazes em estações, passagem com carros de som na periferia e demais meios de difusão presencial precisam ser encaminhados, sempre visando a segurança dos mais vulneráveis.

A assembleia presencial é mais do que uma votação

 

Todas as nossas vitórias só foram possíveis com assembleias presenciais, que ilustram nosso comprometimento coletivo de agirmos de forma unificada: uma grande mão forte e fechada para bater no inimigo de classe. Esta grande demonstração de força está comprometida com a pandemia e até agora abrimos mão de nosso principal instrumento de luta comprovadamente vitorioso!

Voltar a realizar assembleias presenciais é uma necessidade para defendermos nosso acordo coletivo. Nossa disciplina deve ser rigorosa, garantindo a utilização de máscaras, álcool em gel e o distanciamento de 2 metros, além da aferição da temperatura e a proibição do consumo de bebidas alcoólicas enquanto estivermos nesta situação.

Proposta de formato de assembleia presencial e online:

 

Para realizar a assembleia presencial, devemos garantir algumas questões de segurança e uma metodologia clara.

Os debates devem ser transmitidos online. Os diretores do sindicato que são do grupo de risco deverão utilizar o mesmo mecanismo das transmissões ao vivo para realizarem os informes necessários, com a reprodução da imagem em telão na quadra do sindicato.

Presencialmente devemos utilizar cartazes e faixas para expor nossa indignação e, através do uso da palavra, aprovarmos as propostas. Isso garante nossa movimentação e demonstração de força.

A assembleia presencial deverá ter horário de início e término previamente estabelecidos a fim de que seja possível abrir a votação online em tempo hábil.

Outra medida de segurança para realizar a assembleia presencial é a definição de limite de participantes. Devido à Pandemia, não poderemos ficar aglomerados como de costume e precisaremos limitar quantidade de pessoas. Assim, o sindicato deve organizar uma lista unificada, com no mínimo dois dias de antecedência, para confirmação da presença por ordem de inscrição. A publicação dos confirmados deverá ocorrer em até 4 horas antes do início da assembleia.

As propostas aprovadas devem ser organizadas em no máximo 5 blocos que se traduzam em perguntas para serem respondidas com um “sim” ou “não”. E a política aprovada presencialmente deve ser traduzida num texto curto, de fácil compreensão pelos coordenadores gerais do sindicato.

Todas as propostas aprovadas presencialmente só serão colocadas em prática caso também sejam aprovadas online garantindo assim o mesmo peso de votação e isonomia na decisão.

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