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sexta-feira, 29 de março de 2024

Governador Romeu Zema despeja militantes do MST em Minas Gerais

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Moradores resistem há mais de 30 horas ao despejo truculento do governo.                     Foto: Gean Gomes – MST

Crime contra a vida em plena pandemia! Militantes denunciam que local estava cercado. Governo disse que suspendeu reintegração de posse, mas polícia militar avança com aparato ainda maior.

Por Guilherme Piva e Redação
MINAS GERAIS – Desde o dia 12 de agosto, 450 famílias do Acampamento Quilombo Campo Grande, situado no município de Campo do Meio, lutam contra um ato bárbaro do governo estadual. Romeu Zema (NOVO) jogou a Polícia Militar pra cima das pessoas que ocupam o terreno há mais de 20 anos, com uma grande produção de café, além de alimentos orgânicos, como cereais, milho, hortaliças e frutas. Com ampla mobilização da sociedade e uma campanha de denúncias que ganhou as redes sociais, o governo tentou jogar panos quentes. Em nota, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social afirmou na tarde de quarta que havia suspendido a reintegração de posse. Porém, o O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST denunciou que policiais permaneciam no local, mostrando a tentativa do governo de utilizar a nota para desmobilizar a sociedade. Na manhã de quinta (13), a situação se agravou. A polícia avançou com mais de 200 agentes sobre o acampamento e destruiu a sede da Escola Popular Eduardo Galeano. Militantes relatam que o local está sitiado pela Polícia Militar.
Tuíra Tule, da coordenação estadual do MST, denuncia o crime do governo do estado e convoca a mobilização em defesa das famílias: “A gente queria denunciar a covardia do governador Romeu Zema, do estado de Minas Gerais, que está permitindo essa atrocidade nesse momento de pandemia, ele é contra a vida. Nesse momento, a nossa escola acabou de ser demolida, e nós estamos aqui e a Polícia Militar está com muita hostilidade, sitiando a cidade, não deixando a gente se juntar, não deixando os parceiros entrarem com comida. A gente pede a todos muita atenção pro que a gente ‘tá! vivendo aqui. Nós não queremos um massacre, mas essa área é nossa e nós vamos resistir!”
Foto: Gean Gomes – MST
O terreno pertencia à antiga Usina Ariadnópolis, pertencente à Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia). Com a falência da usina nos anos 90, parte dos antigos trabalhadores que ficaram sem indenização hoje vivem no acampamento. Em mesa de diálogo sobre o conflito, um acordo havia sido firmado para que as famílias permanecessem no local ao menos enquanto houvesse necessidade de isolamento social. A determinação da reintegração de posse pela Justiça estadual contraria o decreto de estado de calamidade pública em Minas Gerais devido à pandemia. O despejo se iniciou justamente no Dia Nacional de Luta contra a violência no Campo e pela Reforma Agrária, data que marca o aniversário do assassinato de Margarida Alves.
Moradores do Acampamento Maria da Conceição fazem ato em solidariedade ao Quilombo Campo Grande, em frente a uma loja da rede de Romeu Zema. Comunicação MST
O MST promove uma ampla campanha de denúncia nas redes sociais e fora delas. Na cidade de Itatiaiuçu, famílias do Acampamento Maria da Conceição realizam um ato em frente às lojas de Zema. Entidades como a Comissão Pastoral da Terra, além de outros movimentos sociais e partidos políticos, se solidarizam e repercutem a mobilização. Em suas redes sociais, o Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB se solidarizou com os sem-terra e destacou a atitude criminosa de Zema e a campanha pelo Despejo Zero.

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