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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

O dia dos estudantes e o seu caráter de luta

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Foto: reprodução

Por Laryssa Ferreira e Giovanna Dias*

ABC Paulista – Nesta terça-feira, dia 11 de agosto, foi comemorado o dia do estudante, data importante para todos os jovens e adultos que compõem essa categoria, desde o ensino básico ao superior. Representando uma grande parcela da população, nós, estudantes, seguimos sofrendo intensamente com os ataques e cortes de verbas, mas também construímos uma das maiores frentes de combatividade na história nacional, seja com entidades, movimentos ou associações estudantis. Pensando na trajetória do Brasil, essa luta fica muito evidenciada, como é o caso do período da ditadura militar, onde os estudantes, inseridos numa grande entidade (UNE), tiveram um importante papel na luta contra o regime.

A história de Edson Luís, estudante secundarista pobre de 18 anos que foi assassinado em 1968 pelos militares, tornou-se um grande símbolo de resistência contra a violência do Estado, desencadeando diversas manifestações que culminaram no fim dessa época fascista e tão dura do nosso país. Edson participava da Frente Unida dos Estudantes do Calabouço (Feuc), onde era um espaço de agitação política e de recreação estudantil no Rio de Janeiro, alvo dos interesses ditatoriais do governo militar.

Uma das manifestações contra o encerramento das atividades do Calabouço ocorreu no dia 28 de março e os manifestantes foram ferozmente reprimidos pelos policiais, dentre eles Edson Luís foi assassinado brutalmente com um tiro no peito. Sendo apenas mais um dos jovens revolucionários que tiveram suas vidas encerradas pela violência de um Estado genocida, sua revolta seguiu sendo exemplo mesmo após sua morte, onde em seu velório, arrastou a população indignada às ruas pela primeira vez após o golpe e segue arrastando até hoje.

Em tempos atuais, a luta dos estudantes continua sendo de extrema importância na defesa de um ensino público, gratuito e de qualidade. No ano de 2016, no Brasil inteiro, diversas escolas foram ocupadas pelos estudantes organizados contra os ataques do governos da direita (PSDB, MDB etc.), conhecidos nacionalmente como inimigos da educação e ladrões de merenda, que tentavam (e tentam até hoje) implantar medidas desumanas e até mesmo de censura nas nossas escolas.

Só no estado de São Paulo, mais de 180 escolas foram ocupadas, mostrando a indignação e resistência dos estudantes e professores, que mesmo com sabotagens e repressões intensas e constantes, garantiu uma grande vitória. Entretanto, as conquistas vindas das nossas reivindicações ainda é ameaçada pelo governo fascista vigente, que afirma parceria com os tucanos, como é o caso do BolsoDória, alinhados na política de extermínio da nossa juventude.

Os estudantes nunca deixaram de lutar e seguem impondo suas pautas mesmo num momento de ascensão do fascismo e de um cenário desastroso com a chegada de uma pandemia nacional. O adiamento do Enem, conquistado através da mobilização daqueles que não aguentavam mais ver seus próprios futuros atrapalhados por uma minoria que não se preocupa com a vida dos alunos pobres é um exemplo disso. O ex-ministro Abraham Weintraub, representava na época essa pequena parcela mesquinha e anti-povo e também teve sua queda anunciada pela luta unificada dos estudantes, demonstrando que a rebeldia estudantil segue estremecendo os poderosos ao longo da história.

Imposição do ensino remoto: mais um ataque à educação pública

A imposição do ensino remoto nas escolas desde março simboliza mais um ataque à nossa juventude vindo do governo atual. Trata-se de um ensino excludente que não chega a todos mas cobra de todos, sem pensar na parcela dos estudantes que não possui internet ou até mesmo moradia; opção não tão segura já que, como denunciado pelo Jornal A Verdade, os despejos intensificaram, as ações policiais nas periferias matam cada vez mais jovens e o índice de estupro de vulneráveis em algumas regiões chegaram a quadruplicar.

Desde o começo da sua implementação, os governadores mostram-se apáticos com essa realidade e, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, os estudantes se organizam para melhorar essa condição tão precária que vem nos fazendo bater recordes de evasão. A tese rebele-se e todas as entidades que a constrói, como a Associação Regional dos Estudantes Secundaristas do ABC (ARES-ABC) e a Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet), seguem lutando pela garantia do ensino a todos e constroem ações vitoriosas contra a tentativa de precarização do nosso ensino.
Não satisfeitos o Ministério da Educação (MEC), atualmente representado pelo Milton Ribeiro, pastor famoso por defender a tortura infantil, alinhado com os governadores estaduais planeja nos colocar de volta em escolas que não possuem água, sabão, papel higiênico ou o mínimo de estrutura para funcionar durante uma pandemia. Essa preocupação nunca foi demonstrada quando tratava-se de cortes, inclusive, a pouco tempo atrás negociava-se a manutenção do FUNDEB, que só teve sua permanência garantida pela mobilização dos estudantes e dos professores. Bolsonaro e toda sua corja não se preocupa nem um pouco com as nossas vidas, deixa isso bem claro com o seu “e daí?”, mas mesmo assim quer se afirmar como salvador da educação ao legalizar um possível genocídio entre os estudantes da rede pública com a retomada do ensino presencial.

Portanto, reafirmar o caráter de combatividade dessa data, principalmente em meio a nossa atual conjuntura, vai muito além de um dia celebrativo, precisa ser lembrado, celebrado e encarado como um dia de muita luta, pois os ataques contra a educação não pararam e não irão parar enquanto vivermos em um sistema que defende mais o lucro do que a vida de seus próprios jovens. Entretanto, nós, estudantes, não vamos cessar a tarefa de desgastar esse governo, ocuparemos as ruas em defesa das nossas vidas e por todas as outras perdidas, vítimas da negligência desse Estado. Enquanto esse sistema injusto e desigual não acabar, não vamos parar de combatê-lo.

*constroem a ARES-ABC (Associação Regional dos Estudantes Secundaristas do ABC Paulista).

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