ACT da Atento: milhões para o patrão e nem um centavo para os trabalhadores

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TRABALHADORES QUEREM VIVER! – Em março, a Unidade Popular (UP) e o Movimento Luta de Classes (MLC) promoveram uma luta pela paralisação do trabalho na Atento em defesa da vida dos trabalhadores. (Foto: Jornal A Verdade)
Movimento Luta de Classes
Jornal A Verdade

SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP) – No último mês de agosto, foi aprovado o Acordo Coletivo de Trabalho dos atendentes de telemarketing da empresa Atento do Estado de São Paulo. Apontado como uma vitória pelo Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo (Sintetel), o acordo é extremamente rebaixado e mantém a categoria entre uma das com maiores níveis de exploração.

Enquanto em 2019 a empresa Atento Brasil faturou USD$827,3, os trabalhadores pagam a conta a prazo, pois no acordo fechado o piso salarial da categoria, até o final deste ano, permanece sendo o salário mínimo do ano de 2019 (R$ 998,00) e o VR/VA será reajustado de acordo com a inflação apenas no início de 2021, ou seja, apesar do evidente aumento geral dos preços de itens básicos para sobrevivência, o pagamento continuará no mesmo valor de um ano atrás.

É importante ressaltar que a empresa já havia pago no início do ano a diferença entre o salário mínimo antigo e o atual em forma de abono equivalente aos seis primeiros meses do ano, mas agora, com o fechamento do acordo, desenha-se um calote para o segundo semestre do ano, no qual seria formalizado o reajuste para R$ 1.045,00, com os devidos descontos de INSS, FGTS e qualquer outra verba devida.

O volume de serviço da Atento, devido à quarentena, tem aumentado, uma vez que muitas pessoas têm preferido o atendimento por telefone para não ter de sair às ruas e se expor ao vírus. Assim, o lucro da empresa segue seguro. Enquanto isso, quem faz os atendimentos não recebe nem um centavo a mais.

Ainda que o salário fosse reajustado para o salário mínimo atual (R$ 1.045,00), sabemos que esse valor é insuficiente para sustentar uma família. Como aponta pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo necessário para arcar com os custos básicos de vida (alimentação, aluguel, educação, transporte, saúde, lazer, vestuário e previdência) seria de R$ 4.420,11, considerando as condições dos serviços públicos do Brasil, que vem sofrendo constantes desinvestimentos, piorando as condições de vida da população mais pobre.

As operadoras e operadores de telemarketing foram considerados, no início da pandemia, um serviço essencial, inclusive serviços de ofertas de planos de internet/TV, cartões de crédito, entre outras “promoções” que não têm nada de essencial. Sendo assim, em um primeiro momento as empresas obrigam os trabalhadores a irem até o local de trabalho para realizar suas funções. Somente após muita pressão e paralisação das atividades é que algumas unidades da empresa decidiram implantar a modalidade de home office.

Home Office e Novos Desafios

O caso da unidade da Atento na cidade de Santos trouxe à tona uma situação que nos aponta novos desafios pela frente.

Após pressão das trabalhadoras e trabalhadores, a empresa resolveu colocar uma parte de sua mão de obra em serviço home office. Algum tempo depois, foi anunciado pela mídia (G1) que todos que não estivessem trabalhando remotamente seriam demitidos, mesmo em meio a uma pandemia. O sindicato em momento algum se pronunciou sobre o caso.

As demissões aconteceram e a unidade da empresa fechou as portas. A empresa afirma que não terá mais unidade física na cidade e manterá apenas o trabalho remoto, mas entre a categoria reina a insegurança, pois não se sabe dos próximos passos da empresa, se vão continuar empregados e até quando.

Além disso, houve o ACT, que é considerado uma retirada de direitos. Resta agora a dúvida: como se organizar, uma vez que já não existe um local centralizado onde os trabalhadores se reúnam e possam realizar sua assembleia para decretar greve ou qualquer tipo de manifestação?

O papel de centralizar os contatos dos trabalhadores, que seria dos sindicatos, quando estes forem pelegos em defesa dos patrões vai caber a nós, revolucionários que sempre estivemos ao lado da classe trabalhadora e, assim, vamos permanecer no caminho pela revolução que traga uma sociedade capaz de acabar com as mazelas que afligem a população que constrói toda a riqueza da sociedade.

Esse exemplo se deu na Atento Santos. O presidente da empresa anunciou recentemente que manterá 30% da sua mão de obra em trabalho remoto de maneira permanente, ou seja, aproximadamente 20 mil pessoas no Brasil. Muitas empresas também afirmaram que farão o mesmo, por isso precisamos nos preparar, nos organizar e lutar desde já!