O Amazonas é o único estado do país onde as aulas presenciais retornaram. Mesmo com o governo assegurando que várias medidas de segurança foram aplicadas, vemos que na verdade todos aqueles que desejam aprender ou lecionar estão colocando em risco a si mesmos ou parente próximos.
Por Gabriel e Lívia
Unidade Popular – Manaus
AMAZONAS – No dia 01/09, professores da Escola Estadual Francisco das Chagas Souza de Albuquerque, em Manaus (AM), decidiram cruzar os braços contra a decisão do governo local de retomar as aulas em plena pandemia. Ao fazerem isso, cumprem sabiamente sua profissão de educar a nova geração de brasileiros.
O Amazonas atualmente é o único estado onde as aulas presenciais retornaram. Mesmo com o governo assegurando que várias medidas de segurança foram aplicadas, vemos que na verdade todos aqueles que desejam aprender ou lecionar estão colocando em risco a si mesmos ou parente próximos, pois as promessas do governo são vazias e mentirosas em relação à realidade do Amazonas.
A supervisão de alunos para que respeitem o distanciamento social é falha, pois, segundo os mesmos, no horário de intervalo sempre há aglomeração, com muitos tirando as máscaras e trocando abraços e beijos no rosto, entre outros tipos de contatos físicos que precisam ser evitados por conta da pandemia. Muitas vezes até funcionários da escola (aqueles que deviam servir de exemplo) também não cumprem as regras e acabam desrespeitando as medidas de segurança.
A ida e volta para a escola também apresentam muitos riscos, visto que os estudantes fazem uso do transporte público, o que aumenta as chances de contaminação.
Os alunos sem acesso à internet são prejudicados, uma vez que muitos professores estão passando atividades online e nem todos podem realizá-las. Não adianta transmitir as aulas pela televisão (projeto Aula em Casa) se o aluno não tem condições de entrar em plataformas online como o AVA SEDUC ou Google Classroom. A internet do estado é uma das piores do país, e o governo se recusa a reconhecer, fingindo que está tudo bem.
É dever do Estado zelar pela vida dos cidadãos e assegurar que o número de casos diminua, mas com a negligência do governador Wilson Lima, em média 600 pessoas por dia são diagnosticadas com o vírus. Apesar da situação “estável”, vidas continuam sendo perdidas. Os casos precisam ser reduzidos ao máximo, algo que é impedido pela reabertura das escolas.
E são por esses motivos que os professores desta escola decidiram paralisar suas aulas, arriscando seus salários, que já são baixos, para salvar as vidas de familiares próximos e de seus estudantes. Atos de bravura assim devem ter nosso apoio frente ao descaso que o governo estadual não só ignora, mas fomenta.