O 8 de março de 2021 é marcado por diversos desafios para mulheres de todo o mundo, principalmente devido à pandemia a nível mundial que já ocasionou mais de 2.500.000 mortes. Apesar das dificuldades, esta data reafirma o papel das mulheres pela libertação e emancipação dos povos.
Desde 1910, o 8 de março é especial graças à II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas celebrada em Copenhague, quando Clara Zetkin propôs que tal dia fosse de manifestações para marcar o combate das mulheres contra a exploração capitalista. Na presença de 100 delegadas oriundas de 17 países diferentes, a proposta foi aprovada e para o jornal “A Igualdade” Zetkin escreveu: “Em acordo com as organizações políticas e sindicais do proletariado nos seus respectivos países, as mulheres socialistas de todos os países organizarão todos os anos um dia das mulheres […] Este dia das mulheres deve ter carácter internacional e ser cuidadosamente preparado”. Desde então, as mulheres de todo o mundo se uniram, expressamos e reafirmamos a necessidade de transformar as condições de vida de todas as mulheres.
Neste ano, apontamos para os problemas que se agravam com a crise econômica e humanitária acelerada pela pandemia da Covid-19. Os 75% dos vacinados a nível mundial estão em 10 países e há 130 países que não tem acesso nem a uma dose. Os países imperialistas descarregam com crueldade a crise sobre os países emergentes.
Na América Latina há governos de distintas características. Estamos enfrentando a entrega de nossos recursos naturais, a repressão que alcança características fascistas, políticas que levam nossos povos à fome, a falta de uma política sanitária que garanta vacinas para todos e todas, a dependência das potências imperialistas, a perseguição e assassinato de lideranças sociais, o aumento da violência machista e estatal.
Desde 2008 o capitalismo agoniza e, atualmente, o capitalismo e a classe burguesa descarregam os prejuízos da crise nos ombros das trabalhadoras.
Em nosso continente, vivemos o aumento da violência contra as mulheres, tanto doméstica como institucional, sendo a região mundial mais letal para as mulheres: 9 mulheres são assassinadas por dia (ONU MULHERES, 2018).
Com a pandemia, a situação piorou. Alguns países tiveram 5 vezes mais registros de violência doméstica.
A sobrecarga de trabalho também tem colocado as mulheres trabalhadoras em uma situação mais precária, com dupla e triplas jornadas de trabalho. Além disso, o desemprego aumenta, atingindo 41 milhões de trabalhadores latino-americanos e caribenhos e, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho – OIT, 60% dos trabalhadores atualmente empregados na região estão expostos a uma possível perda de emprego. Há, ainda, o trabalho não remunerado que cumprimos e do cuidado realizado principalmente pelas mulheres, que não é reconhecido, mas que ajuda a diminuir a crise e coloca as mulheres sob mais opressão.
Frente a isso, em toda América Latina e Caribe se organizam grandes lutas populares onde as mulheres também têm sido protagonistas, lutas que mostram que não estamos conformadas com o atual sistema capitalista e que uma transformação é necessária.
Na Argentina, as mulheres se organizaram pela lei da emergência sanitária, estando as mulheres na primeira linha do combate à Covid, organizando protestos populares, lutando por teto, terra e trabalho, contra a violência e os feminicídios e conquistaram a legalização do aborto após anos de mobilização.
No Brasil, as mulheres conquistaram o direito de ter vagas em creches emergenciais para mulheres que passaram por violência doméstica.
Por todo o continente, temos erguido com firmeza a bandeira dos direitos das mulheres trabalhadoras, organizado e participado de atividades virtuais e passeatas nas ruas, de atos em memória das mulheres assassinadas durante as ditaduras militares fascistas, realizado cursos de formação e de profissionalização, palestras em universidades, bairros e escolas, ocupando prédios abandonados e secretarias, desenvolvendo a luta por creches públicas, organizando casas de referência para mulheres vítimas de violência e denunciando a exploração da população feminina, em especial das mulheres não brancas.
Saudamos a todas as mulheres do mundo, reconhecendo seu papel decisivo e transformador de suas lutas, o sentimento e a decisão de romper com as barreiras impostas pelo patriarcado e pelo capitalismo. Há 110 anos da primeira comemoração do Dia Internacional da Mulher, nossas vozes se escutam cada vez mais alto, exigindo uma verdadeira emancipação.
VIVA O 8 DE MARÇO!
Por uma América Latina e Caribe livres e soberanos!
Mulheres trabalhadoras do mundo, vamos nos unir e lutar contra a desigualdade, a violência, a exploração e as forças reacionárias!
COMITÊ DE ORGANIZAÇÃO DO III ENCONTRO DE MULHERES LATINO-AMERICANAS E CARIBENHAS