Morte de Edson Luís pela Ditadura Militar completa 53 anos

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Edson Luis, estudante secundarista assassinado pela Ditadura Militar em 1968. Foto: reprodução

Neste dia lembramos os 53 anos da morte de Edson Luís de Lima Souto. Em 28 de março de 1968, o estudante secundarista de apenas 18 anos foi covardemente assassinado por policiais do regime militar fascista no Calabouço, no Rio de Janeiro. Depois de Edson, mais de 200 jovens foram assassinados durante a ditadura. 220 dos 434 mortos tinham menos de 30 anos.  

Por Igor Barradas | Redação Rio

Edson Luís nasceu em Belém, no Pará, no dia 24 de fevereiro de 1950. Filho de uma família paraense, iniciou seus estudos na escola estadual Augusto Meira. Devido à ausência de opções de ensino na sua região mudou-se para o Rio de Janeiro com o intuito de cursar o ensino médio no Instituto Cooperativo de Ensino que funcionava no Restaurante Central dos Estudantes, mais conhecido como “Calabouço”.

O Calabouço (apelido criado devido à lenda de que ali teria existido uma prisão de escravos) foi fundado em 1951 na sede histórica da UNE, no bairro do Flamengo, mas logo no ano seguinte foi transferido para as proximidades do aeroporto Santos Dumont exatamente no centro do Rio.

Apesar de formalmente administrado pelo Ministério da Educação era a própria União Metropolitana dos Estudantes (UME) quem geria o local. Desde então, e particularmente durante o ascenso de manifestações da década de 60, o Calabouço tornou-se um palco de inúmeros embates estudantis, relacionados à defesa da educação, da luta contra o aumento do preço dos alimentos dos restaurantes estudantis e, após o golpe de 1964, contra o regime militar.

Corpo de Edson Luis sendo velado na Assembleia Legislativa da Guanabara, hoje ALERJ. Foto: reprodução

“Mataram um estudante. Podia ser seu filho”

No dia 28 de março de 1968, durante uma manifestação estudantil que reivindicava melhores condições para o restaurante, Edson foi brutalmente assassinado por policiais militares que invadiram o restaurante. Ele tinha apenas 18 anos e era um dos 300 estudantes que jantavam no local. Carlos Alberto da Silva, uma testemunha que estava em uma banca de jornal próxima, afirmou que viu policiais se dirigindo para o Calabouço e que ouviu a ordem: “Atira, já mandei atirar”.

Outro estudante, Benedito Frazão Dutra, ferido a bala, foi levado para o hospital, mas não resistiu ao ferimento e morreu. Os estudantes conseguiram resgatar o corpo de Edson Luís e o carregaram em passeata pelo centro do Rio até as escadarias da Assembleia Legislativa, na Cinelândia, onde seu corpo foi velado.

Naquele dia, houve manifestações de protesto contra a ditadura e greve geral de estudantes em todo o país. Edson foi enterrado aos brados de “Mataram um estudante. Podia ser seu filho!”. Passados 53 anos, o 28 de março é lembrado e celebrado como o Dia Nacional de Luta dos Estudantes. Ainda hoje, um jovem negro de 15 a 29 anos é assassinado a cada 23 minutos. Portanto, que nós honremos o legado e memória de Edson Luís em nossas lutas cotidianas contra os cortes orçamentários na educação, pela criação e manutenção de bandejões universitários, pelo passe livre estudantil e contra o genocídio da juventude e do povo negro.

Após o assassinato, manifestações contra a ditadura tomaram o país e a resistência popular ao regime militar aumentou. Foto: reprodução