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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

O neoliberalismo é baseado na mentira

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RESISTÊNCIA – Povos lutam contra a exploração neoliberal em todo o mundo (Foto: Reprodução)

Julio Cesar P. de Almeida

SÃO PAULO – A ciência teve de enfrentar, em muitos momentos da história, a falsificação de fatos e a deturpação de suas descobertas, foi assim com a falsa alegação da superioridade da raça branca durante os séculos XVII e XVIII e é assim com o neoliberalismo nos séculos XX e XXI. A diferença entre a desinformação no passado e no presente se dá por alguns motivos, entre eles o fato de que não havia, no século XVIII, uma doutrina com bases cientificas capaz de dissecar o oportunismo da classe dominante e expor a verdade para todo o povo: o marxismo-leninismo.

A construção científica do socialismo foi uma consequência histórica, avançando através da luta contra a exploração e a partir do acúmulo teórico e prático que as diversas civilizações promoveram durante seus desenvolvimentos, chegando à doutrina marxista-leninista. Utilizando o método materialista histórico-dialético, o socialismo científico vem destruindo e reconstruindo as mais diversas linhas de pensamento, conseguindo acumular uma complexidade e completude não observada nas ciências tradicionais burguesas.

A burguesia desenvolveu a capacidade de raptar, falsificar e distribuir amplamente ideias equivocadas por toda a sociedade para radicalizar cada vez mais sua política de extrema acumulação de capital e de genocídio do povo pobre. Por controlar a estrutura econômica, política e ideológica mundial, a classe dominante consegue desenvolver em todos os cantos do planeta mecanismos de exploração cada vez mais intensos.

Em nações que experienciaram de perto o socialismo real a situação é ainda mais crítica, com diversos golpes promovidos pela burguesia diariamente, mas que são respondidos a altura com a mobilização popular. Entendendo isso, a última carta na manga da classe dominante para continuar exercendo sua dominação sobre todos os povos é o neoliberalismo. Fica cada dia mais evidente a angústia que os grandes ricos sentem ao ver a sobrevivência e o desenvolvimento do sistema socialista cubano e a resistência popular em todos as nações vítimas do aprofundamento da exploração do capital, seja na América Latina, no Leste Europeu, na Ásia ou em África.

O neoliberalismo tem sido implementado de forma agressiva pela burguesia internacional, seja com golpes de estado, como o sofrido pelo povo chileno em 1973 e na Bolívia em 2019, ou por meio de eleições ilegítimas, como as observadas no Brasil em 2018 e no Equador neste ano de 2021. A vitória de Jair Bolsonaro foi também a vitória do plano de implementação de políticas neoliberais iniciado no fim do governo petista e aprofundado com o governo golpista de Michel Temer.

Tendo sido irregularmente eleito por meio de fake news e detendo toda a máquina jurídica-estatal, Bolsonaro e seus colegas “Chicago boys” utilizam do resto de democracia existente no Brasil para legitimar a implementação de todo e qualquer tipo de reforma econômica genocida sem resistência institucional.

O exemplo mais claro de falência do capitalismo neoliberal é encontrado aqui na América Latina com a análise da ditadura chilena.  Quando tomou o poder de forma sangrenta, Augusto Pinochet tratou de estabelecer uma espécie de “laboratório neoliberal”, um forte regime de reformas com o objetivo de aprofundar a exploração da classe trabalhadora e o acúmulo de capital. A medida mais marcante que o ditador implementou, com a ajuda dos “Chicago boys”, foi a privatização da previdência, colocando todas as reservas financeiras do povo chileno nas mãos de instituições privadas e sem compromisso com a manutenção das necessidades básicas dos trabalhadores.

É evidente, ao analisarmos os dados, que a política econômica neoliberal tem como principal pilar a miséria do povo: já em 2015 cerca de 90,9% dos aposentados chilenos recebiam menos de 150 mil pesos por mês de aposentadoria, pouco mais que metade do salário-mínimo vigente no momento. Por ter o custo de vida mais elevado da América do Sul e um dos piores sistemas previdenciários do mundo, o Chile tornou-se o país com o maior número de suicídios entre os idosos do continente, no ano de 2017 a taxa chegou a 17,7 a cada mil habitantes com mais de 85 anos, tendo como principal causa a incapacidade de se manterem financeiramente.

Na década de 80 os acadêmicos da burguesia utilizavam a justificativa de que as medidas neoliberais trariam crescimento econômico e o consequente aumento na qualidade de vida dos chilenos, o que se provou uma falácia. No Brasil a linha é a mesma: a burguesia prometeu que com a aprovação das reformas da previdência e trabalhista o país voltaria a crescer, mas a realidade é que o primeiro ano de governo Bolsonaro apenas prosseguiu com a estagnação herdada de Michel Temer.

Ao contrário do que prega a grande burguesia, a privatização de estatais e a aprovação de outras reformas como a tributária e a administrativa não vão colocar o Brasil em um ritmo de crescimento econômico e desenvolvimento social acentuado, muito pelo contrário, contribuirão para o aumento da desigualdade e da precarização do trabalho e para o desmonte total do estado.

Contrariando as expectativas da turma de Paulo Guedes, o número de brasileiros desempregados aumenta todos os dias, sendo a juventude a mais afetada pela falta de postos de trabalho, e não há perspectiva de melhora, visto que os próprios economistas neoliberais reafirmam suas posições de repúdio à ideia de emprego para todos, como o que é observado em Cuba atualmente e como foi no período revolucionário da União Soviética.

Historicamente, o socialismo conseguiu estabelecer um ritmo de crescimento econômico e de desenvolvimento humano muito superior ao do sistema capitalista. Cuba, por exemplo, tem seu Produto Interno Bruto (PIB) em constante crescimento desde 1998, tendo superado com sucesso a crise de 2008; a União Soviética é outro exemplo da superioridade econômica do socialismo, tendo passado de quarta para segunda maior economia do mundo entre 1913 e 1950, além de ter sido o primeiro país a estabelecer direitos iguais entre homens e mulheres.

Os neoliberais argumentam que quanto menos intervenção estatal houver, mais rápido a economia tende a crescer e a sociedade a se desenvolver, mas essa correlação já se demonstrou inexistente, colocando abaixo toda a base teórico-prática da burguesia do século XXI. O que pode ser observado é a existência da superioridade econômica e social do regime socialista, em que o crescimento econômico e o desenvolvimento humano dependem do trabalho coletivo e não da superexploração do povo e o enriquecimento de alguns poucos.

Paulatinamente o neoliberalismo é derrotado pela organização da classe trabalhadora, como foi observado na convocação da nova assembleia constituinte no Chile, nos levantes populares no Equador, na derrota institucional de Macri na Argentina e na expulsão da burguesia mineradora conservadora do poder na Bolívia.

Ao não seguir as regras do jogo que ela mesma criou, a burguesia tenta implementar regimes economicamente neoliberais e politicamente fascistas, mas suas consecutivas derrotas demonstram o fim próximo do sistema capitalista e de suas variáveis.

Com tantas contradições expostas, fica evidente que apenas a organização de toda a classe trabalhadora em defesa da ciência do proletariado é capaz de promover o soterramento definitivo do capitalismo e fazer o verdadeiro socialismo florescer rumo a sociedade sem classes.

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