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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Porto Alegre em colapso

por Lucas Neumann*

Guarda Municipal chamada devido a aglomeração na Fila do 2º Cartório de Registro Civil. Resultado do aumento no registro de óbitos. Foto: Luis Magnário

A cidade de Porto Alegre tem vivido alguns dos dias de maior tristeza na sua história. A capital dos gaúchos encontra-se atônita diante dos inúmeros casos de contaminação e falecimentos em decorrência do coronavírus. O povo quer vacina e lockdown, mas o Prefeito e a sua patota de fascistas clamam pela reabertura do comércio e fim do isolamento social para a manutenção de seus lucros.

Nas últimas semanas, entre o final de fevereiro e o início de março, o estado do Rio Grande do Sul tem vivido seus piores momentos da pandemia de Covid-19. O estágio de contaminação está tão crítico que o governador Eduardo Leite (PSDB) precisou rever sua política de bandeiras, tão criticada a ponto de virar piada para as Prefeituras, que as alteravam através de pedidos judiciais ou pela cogestão, se viu obrigado a cessar temporariamente a cogestão e deixar o estado inteiro na bandeira preta, que supostamente é a que indica a fase de medidas mais restritivas. Contudo esse mesmo Leite, que tenta articular candidatura para a Presidência da República em 2022, também pretende ir na contramão de suas próprias medidas e trabalha pelo retorno das aulas presenciais no RS, colocando milhares de profissionais da Educação em risco.

No dia de hoje (17 de março), Eduardo Leite se associou oficialmente à política genocida de Bolsonaro, liberando novamente o comércio, bares e restaurante. A diferença é que não o faz sob um discurso de ódio, mas sob uma fala bonita, pausada e articulada. Mostrando gráficos que provavelmente nem ele entenda e dizendo que se apoia nas evidência científicas. Mata como Bolsonaro, porém fantasiado de bom moço.

Ao mesmo tempo que a tragédia atinge índices alarmantes na cidade, os fascistas estão cada vez mais confiantes e colocando sua cara pra fora, desrespeitando quaisquer condições sanitárias No último domingo (14), realizaram uma carreata pedindo a reabertura do comércio, fazendo questão de fazer um buzinaço em frente ao Hospital Ernesto Dornelles, cuja ocupação dos leitos encontra-se em 152%. Pior ainda é a situação da Santa Casa de Misericórdia, que chegou a anunciar no mesmo dia a taxa de ocupação de 300% dos leitos.

Fascistas pedindo volta da ditadura protestam em frente ao Hospital de Clínicas enquanto carro da funerária tenta acessar o recinto. Foto: Thales Renato.

Poucos dias antes, no dia 10, esses mesmos fascistas já tinham ido às ruas pleitear a morte da população, quando se aglomeraram em frente ao Palácio Piratini, sede do governo estadual, reinvindicando o fim das medidas restritivas, com direito a pedidos de volta da ditadura militar e chegando  até mesmo ao ponto de ser utilizada a frase nazista “o trabalho liberta” por advogada filiada ao Patriotas.

Tudo isso na semana que totalizou o maior número de mortes pela covid-19 no estado do Rio Grande do Sul, tendo sido notificadas um total de 1.516 pessoas que perderam suas vidas entre o domingo (7) e sábado (14), ultrapassando o total de 15 mil. Na terça-feira houve 502 mortes no estado do RS, sendo o estado com maior número de mortes (proporcionalmente à população) no país. Isso também acabou resultando em filas durante a madrugada  de sábado em frente ao 2º Cartório de Registro Civil e a Central de Atendimento Funerário, reunindo pessoas em busca de obter a certidão de óbito. Além disso, as próprias fabricantes de caixões não estão mais conseguindo dar conta da demanda e registram falta de matéria-prima, alertando para um possível risco de faltar caixão pra enterrar as pessoas. 

Filas também registradas na Central de Atendimento Funerário. Foto: Luis Magnário

Aliado aos fascistas está o atual Prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (PMDB), que chegou a suplicar publicamente ao povo portoalegrense que “contribua com sua vida para a melhora da Economia”, ou seja, um manifesto pedindo para que o povo pobre e trabalhador sacrifice sua vida em nome do lucro dos ricos. Melo vem desde o período eleitoral se mostrando uma extensão do governo federal na capital gaúcha.

Os que clamam pela volta dos militares estão com seus olhos vendados para a realidade. O Estado brasileiro foi tomado por militares nas diversas áreas da Administração Federal, que demonstram diariamente a sua incompetência para a administração pública, como a exemplo do, agora ex-Ministro da Saúde, General Pazuello e sua suposta capacidade técnica para lidar com a logística, que veio a se mostrar uma grande fraude vendida pela mídia burguesa, tendo em vista sua incapacidade para negociar e garantir a vacinação do povo brasileiro.

Portanto, a sobrevivência do povo brasileiro está ligada diretamente a derrubada de governantes como Melo e Bolsonaro, que pregam a política de extermínio em massa da nossa população ao não garantir condições financeiras, como o auxílio emergencial de pelo menos um salário mínimo pro povo não morrer de fome, muito menos condições sanitárias, ao divulgarem notícias mentirosas sobre tratamento precoce, incentivarem o fim do isolamento social e não garantirem a compra de vacinas para erradicar a pandemia.

*Militante da UP e do MLC no RS

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