Liberalismo enfraquece empresas nacionais e preocupam trabalhadores.
Redação Minas Gerais
Jornal A Verdade
BELO HORIZONTE (MG) – O Governo Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes mostram a sua total subserviência aos grandes monopólios internacionais e ao capital estrangeiro, quando aceleram sua política entreguista de ataque ao patrimônio público e à soberania nacional com um plano de desmonte e privatizações das importantes empresas estatais, estratégicas e fundamentais para uma economia soberana e voltada para os interesses do povo brasileiro. Este é o caso da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte, onde os trabalhadores já sentem esta política. Em entrevista exclusiva ao Jornal A Verdade, o dirigente do Sindipetro/MG, Alexandre Fujimore (Barriga), fala da luta dos petroleiros contra este desmonte e a defesa da Petrobras e da Regap.
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Qual é a atual situação da Petrobras? O plano de desmonte e sucateamento da companhia está tendo enorme êxito. Aos poucos, e sem grande alarde, muitos dos ativos de exploração e produção já foram vendidos. A empresa vem deixando de ser nacional para ser apenas mais uma empresa exploradora do pré-sal. Este plano, criado na gestão de Pedro Parente, foi acelerado e aprimorado na gestão Castello Branco. Dos quase 60 mil funcionários que tínhamos, em 2016, hoje só restam menos de 30 mil. A venda das refinarias é o ápice deste desmonte, pois fará o povo brasileiro eternamente dependente dos preços internacionais de derivados, um prejuízo incalculável para a soberania energética do país.
Qual a situação dos trabalhadores da empresa neste momento? Atualmente, os trabalhadores vêm sofrendo pressões da companhia para esvaziar os ativos à venda, com programas de desligamento voluntário e transferências entre unidades, além de um acelerado programa de terceirização. Hoje, a Regap está operando com setores abaixo do número mínimo de postos de trabalho ocupados de forma que há uma insegurança nas operações. A possibilidade de acontecer um acidente é altíssima. Além de tudo isso, o estresse provocado pela venda da refinaria compromete ainda mais a saúde dos trabalhadores.
Como é possível melhorar esta situação? O Sindipetro-MG é um dos idealizadores do Comitê Mineiro em Defesa da Petrobras e vem denunciando a situação dos trabalhadores para o Ministério Público do Trabalho e orientando a categoria a denunciar situações de risco à saúde e ao meio ambiente. Para nós, o cancelamento imediato das vendas e a reposição do pessoal nas unidades, através de concurso público, não só reestabeleceria as condições seguras e salubres dos trabalhadores da Regap como também garantiria soberania energética para o país e combustíveis a preço justo para a população.
Quais são as propostas do Comitê em defesa da Petrobras para garantir a permanência da empresa pública? Há hoje no Brasil uma necessidade de aumento da capacidade de refino e a grande solução proposta por esse governo é a venda da nossa capacidade de processamento de petróleo para o setor privado.
Ora, é importante dizer que o setor de refino nacional foi aberto à participação privada na década de 90, durante o Governo FHC, e, de lá para cá, não houve nenhum grande investimento privado no setor. Inclusive, existe um relatório produzido pelo BNDES, em 2018, que corrobora essa afirmação. Há ainda um estudo realizado pela Escola de Economia da PUC-Rio, escola com profunda tradição liberal, que indica que a venda das refinarias da Petrobras irá criar, em curtíssimo prazo, monopólios regionais privados. Isso porque o parque de Refino da Petrobras foi projetado para ser integrado e não para concorrer entre si.
O Comitê Mineiro defende uma Petrobras pública, nacional e capaz de coordenar o setor de refino, ampliando a capacidade de refino instalada no Brasil com a implantação de novos empreendimentos e não com a mera transferência do capital público para privado. Essa alternativa sim trará benefícios do povo brasileiro.