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quinta-feira, 25 de abril de 2024

“Dia do Índio”, Etnocídio e Capitalismo

Foto: Emanuele Rodrigues

Por: Maria Elaine, UJR PE e Coordenadora Geral do DA de Geografia da UFPE

Em 19 de abril é comemorado de forma preconceituosa o “Dia do Índio” e na última fase do capitalismo, o imperialismo, é comum uma construção narrativa burguesa para cimentar preconceitos sobre os povos tradicionais, para esconder toda a diversidade, riqueza e humanidade dos povos indígenas: isso faz parte de um longo projeto etnocida¹ do capitalismo. Em 2019, primeiro ano do governo fascista do Jair Bolsonaro, houve mais invasões violentas de terras indígenas de norte a sul do país, segundo o “Relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil – dados de 20192” elaborado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

As ações perversas desse governo de militares fazem parte de um projeto capitalista, que pretende fazer avançar as concessões de território aos donos do agronegócio, das mineradoras e das madeireiras, que expulsam violentamente, quando não assassinam, os povos originários de suas terras para aumentarem seus lucros de forma explicitamente criminosa e etnocida.

Um governo etnocida e mentiroso, que extermina os povos originários e manda carta aos EUA!

Quatro dias antes de uma data que deveria ser importante para o avanço do debate sobre a regulamentação do direito à terra e à vida dos povos indígenas no Brasil, o governo genocida de Jair Bolsonaro, como uma criança que desaponta o pai e precisa recuperar rapidamente a atenção paterna, envia uma carta de 7 páginas ao novo presidente dos EUA, Joe Biden, pedindo apoio político  e prometendo eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030, contando com a ajuda do que chamou “entidades do terceiro setor”; foi assim que Bolsonaro se referiu aos povos indígenas e quilombolas na carta.

Os EUA não confiam em muitas promessas realizadas nesta carta. Os capitalistas se reconhecem e, mesmo assim, mostrar-se fiel ao imperialismo estadunidense antes da cúpula dos Líderes sobre o Clima, mesmo que Bolsonaro tenha assinado a carta, foi uma questão de política externa urgente para Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, que nesta semana foi denunciado no Supremo Tribunal Federal. Nesta denúncia, um documento que lista a possibilidade dos seguintes crimes: organização criminosa, advocacia administrativa e obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do poder público no trato das questões ambientais.

Bolsonaro genocida e a farsa da preocupação Ambiental Estadunidense

A denúncia resultou de um desgaste com o delegado responsável pela maior apreensão de madeira da história, de uma espécie nativa da Amazônia, que ocorreu na virada do ano. Salles visitou os locais do desmatamento e afirmou que a PF falhou na tarefa e que a razão estava com os donos das madeireiras. Para os EUA, convocar uma Conferência para tratar das questões climáticas e deixar o governo de Bolsonaro com medo da impressão mundial não significa que os EUA sejam comprometidos de verdade com as questões ambientais. Na verdade, o imperialismo dos estadunidenses, dos franceses e de outros países capitalistas “ambientalistas” quer administrar os recursos naturais de países mais pobres e essas nações não poupam esforços para conquistá-los.

O povo indígena não acredita mais nesse governo de mentirosos! Bolsonaro afirmou numa assembleia da ONU: “É uma falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, que a Amazônia, nossa floresta, é o pulmão do mundo” e em coletivas da imprensa nacional banalizou a resistência dos povos indígenas. Em reunião vazada com os ministros no ano passado, vimos a prova da complacência de todas as atrocidades cometidas contra os povos originários e o meio ambiente, onde Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, afirmou que “a boiada tem que passar”, fazendo entender que o momento de pandemia da COVID-19 é propício para agilizar processos criminosos contra a fauna e a flora do país e, consequentemente, contra o povo que resiste desde a chegada do colonizador em solo brasileiro.

É preciso apoiar a organização da população indígena mesmo nos lugares ainda mais afastados da urbanização em nosso país.  Onde a igreja evangélica num processo atual de catequização tem chegado, onde o agronegócio e o capitalismo têm chegado e exterminado centenas de crianças, mulheres e idosos que são parte da história ainda viva e pouco conservada do nosso povo. É preciso construirmos o poder popular e o socialismo no Brasil. Enquanto houver capitalismo, haverá extermínio dos povos indígenas. Enquanto houver capitalismo, haverá um dia apenas no ano para lembrarmos de forma preconceituosa a resistência dos povos indígenas!

Viva os povos originários!

GUARANIS, TICUNAS, CAINGANGUES, MACUXIS, TERENAS, GUAJAJARAS, IANOMÂMIS, XAVANTES, PATAXÓS, POTIGUARAS e todos aqueles que deram suas vidas na luta pela terra e acreditaram que só a luta muda a vida.

Fora Bolsonaro Genocida!

Pelo Poder Popular e Pelo Socialismo!

¹Etnocídio/ etnocida significa: destruição metódica da cultura de um grupo étnico;

2 https://cimi.org.br/wp-content/uploads/2020/10/relatorio-violencia-contra-os-povos-indigenas-brasil-2019-cimi.pdf

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