“Esse cenário faz com que nós, mulheres, tenhamos um papel imprescindível para exigir nossos direitos e encontrar, através da solidariedade de classe, alternativas para sobrevivermos, em meio a tantos ataques.”
Coordenação Nacional do Movimento de Mulheres Olga Benário
Jornal A Verdade
RECIFE (PE) – O Movimento de Mulheres Olga Benario completa sua primeira década de lutas em defesa dos direitos das mulheres, da classe trabalhadora e do socialismo. Em um momento em que nosso país vive uma grave crise econômica e social, agravada por uma pandeia que já matou mais de 260 mil brasileiros, onde milhões não têm mais emprego e contam moedas temendo não ter o que comer. Em um momento onde o fascismo avança em nosso país, assassinando o povo negro e nossas crianças, devastando nossas florestas, privatizando o que restou dos nossos recursos naturais e retirando um a um nossos direitos, é fundamental que estejamos organizadas e em luta!
Nossa trajetória, ao longo destes dez anos, foi marcada pela combatividade e rebeldia daquelas que cansaram de ser estatísticas trágicas e fatais no nosso país. Somos mais de 50% da população e não aguentamos mais ver tantas de nós vivendo na miséria, subempregadas, submetidas a todas as violências que esse sistema capitalista nos impõe.
Por isso, seguimos o legado de Olga Benario e de tantas outras que nos antecederam, que deram seu sangue e suor para nos libertarmos dessa exploração e opressão. Assim, temos orgulho de olhar para trás e ver que construímos as primeiras ocupações de mulheres do nosso país e da América Latina – Tina Martins (MG), Irmãs Mirabal (RS), Helenira Preta e Laudelina de Campos (SP). Estivemos na linha de frente das principais lutas sociais do nosso país, no enfrentamento ao Golpe de 2016 e, nos desdobramentos deste, sobretudo no enfrentamento ao governo do fascista Bolsonaro.
Sabemos que temos muito a construir e conquistar e, justamente por isso, seguimos reafirmando nosso compromisso de “Lutar pelo Justo, pelo Bom e pelo Melhor do Mundo!”.
Basta de Violência!
Em meio a essa grave conjuntura, de propagação desenfreada do coronavírus, colapso do SUS nos estados, desemprego e fome, nós mulheres ainda tivemos nossa situação agravada pelo aumento da violência contra nós e nossas crianças! Principalmente entre mulheres e crianças negras.
No Brasil: uma mulher é morta a cada sete horas, a cada dois minutos uma mulher sofre violência, quatro meninas menores de treze anos são estupradas por hora, somos o quinto país que mais mata mulheres no mundo.
Esses dados são alarmantes, e, pior, na contramão do que deveria ser feito frente a esse quadro de atentado às nossas vidas, Bolsonaro e sua ministra Damares promovem um desmonte das já insuficientes políticas de enfrentamento de violência contra as mulheres. Por isso, não nos resta outra saída senão lutar, precisamos estar organizadas para derrubar esse governo que odeia as mulheres!
Por um 8 de Março de luta nas ruas
Apesar da grave crise sanitária, é preciso que estejamos nas ruas para gritar bem alto: Fora Bolsonaro e militares do poder! O 8 de março é uma data de luta das mulheres trabalhadoras. Estamos enfrentando uma crise sem precedentes. Precisamos exigir a vacinação do nosso povo e defender o SUS; precisamos exigir um auxílio emergencial de um salário mínimo! Precisamos organizar uma grande luta contra a carestia: não podemos aceitar a privação que muitos de nós estamos passando por não termos recursos suficientes para alimentação.
Nosso povo tem feito uma enorme luta para sobreviver. No início do ano passado, o fascista Bolsonaro, junto com ministro da Economia Paulo Guedes, propôs um auxílio de R$ 200 mensais para trabalhadores desempregados. Graças à pressão popular, garantimos o auxílio de R$ 600, sabendo que era um valor muito baixo para garantir o sustento de uma família. O ano acabou e o auxílio também. Agora, somos milhões de desempregados e desempregadas sem o mínimo para sobreviver.
Além de não garantir o mínimo de renda, Bolsonaro não impede o aumento dos preços de alimentos, gás e aluguéis. O aumento do custo de vida tem levado o povo brasileiro a passar fome, chegando à cifra de mais de 10 milhões de pessoas que não sabem o que irão comer no dia seguinte. Aumentou também o desemprego, chegando a uma taxa recorde com 14,6% da população, o que seria em torno de 14 milhões de pessoas. Para aqueles e aquelas que ainda têm um emprego, o salário também já não cobre mais as despesas, que só aumentam.
Esse cenário faz com que nós, mulheres, tenhamos um papel imprescindível para exigir nossos direitos e encontrar, através da solidariedade de classe, alternativas para sobrevivermos, em meio a tantos ataques. Não temos outra opção a não ser a de se organizar e lutar! Esse governo é um governo da morte, que nada faz para salvar a vida de milhares de brasileiros contaminados pelo coronavírus. Neste ano de 2021, travaremos uma grande luta contra esse governo fascista que apenas cria políticas contra o povo e contra as mulheres.
Por isso, defendemos: vacinação imediata, suspensão do pagamento de água e luz para as famílias mais pobres, controle no preço dos alimentos, pela redução do valor da cesta básica já, suspensão do aumento dos alugueis em 2021, aumento do salário mínimo e retorno do auxílio emergencial para os desempregados e desempregadas! Comemoramos nossos 10 anos ocupando as ruas do nosso país, Junte-se a nós!