Por: Redação – RN
No domingo, dia 7 de março, o Movimento Correnteza do Rio Grande do Norte(RN), promoveu a Plenária de Mulheres, no formato online, com o intuito de abrir o mês de março – destinado à luta das mulheres – com discussões profundas referentes a temas relacionados à questão da mulher no âmbito histórico, nacional e universitário. Para construir um espaço que fornecesse discussões mais concretas e dignas, a Plenária foi dividida em alguns temas: mulheres indígenas; mulheres no movimento estudantil brasileiro; mulheres mães, negras e periféricas; mulheres pelo “Fora Bolsonaro”; e mulheres universitárias.
A Plenária contou com uma grande mobilização que resultou na presença de mais de 40 mulheres estudantes, mães, indígenas e trabalhadoras, as quais, de forma ativa, participaram positivamente ao decorrer das exposições feitas pelas convidadas da mesa.
Dentre as convidadas, Sarah Silva Domingues – Diretora de Mulheres da UNE e Coordenadora Geral do DCE da UFRGS – somou-se à mesa expondo o papel das mulheres no movimento estudantil brasileiro e a importância da organização feminina nesses espaços de representação. Nesse sentido, Sarah denunciou a constante falta de reconhecimento em relação às pesquisas desenvolvidas por mulheres no espaço universitário e à urgência destas ocuparem esses mesmos espaços, os quais foram desenhados para o homem.
Objetivou-se, portanto, mudar esta realidade utilizando a força política das mulheres combinada com a luta feminista. A companheira pontuou que o nosso papel nesses espaços também deve incluir o incentivo às outras mulheres seguirem no meio acadêmico pois somente assim haverá a possibilidade de ocupar espaços nos quais a presença feminina é minoritária.
“Eu não quero participar menos da política, quero mais gente participando comigo. Se formos mais, teremos menos desgaste e mais vitórias no movimento estudantil e no país todo.”, disse Sarah.
O Correnteza Potiguar também convidou a estudante de Ecologia e Coordenadora de Mulheres do DCE da UFRN, Amanda Moura de Assis, para expor um pouco da sua cultura e compartilhar algumas das suas vivências e experiências referentes à pauta das Mulheres Indígenas. Amanda trouxe, nesse sentido, uma realidade da mulher indígena que não é abordada pela mídia e que não é amplamente discutida. Valendo-se de fortes denúncias sobre a prática de tráfico humano na Amazônia, que tem como suas principais vítimas as mulheres indígenas, a estudante conseguiu a sensibilização das várias outras mulheres que ouviam sua fala.
A convidada também colocou a questão do ideal europeu que vê a mulher indígena como um ser exótico e como um objeto sexual. Assim, mostrou como essas ideias errôneas perseguem essas mulheres e as tornam alvo de cada vez mais exploração, principalmente a de caráter sexual. Amanda terminou sua fala pontuando a extrema importância da denúncia sobre esses casos graves de exploração e a conscientização por meio de discussões profundas, abordando essa tão “distante” realidade.
“As pessoas não-indígenas não têm ciência de nem 1% do que acontece com os povos originários; a mídia não chega até esses povos, é seletiva, mas a nossa luta não pode ser.”, disse Amanda.
A atividade também contou com a presença da vice-presidenta da Unidade Popular (UP), Samara Martins, que expôs os desafios das mulheres mães, que devem escolher entre ser mãe ou exercer um papel intelectual e profissional. Samara, como mãe negra e moradora da periferia, trouxe perspectivas importantes sobre o tema e pontuou a importância das mulheres se organizarem, lutarem e não abaixarem a cabeça.
“Nós, mulheres, negras, pobres não podemos abaixar a cabeça nem a guarda! A Luta não é uma escolha, é sobrevivência!”, disse Samara.
Outra importante companheira que se somou de forma combativa ao debate foi a presidenta da União dos Estudantes Secundaristas Potiguares (UESP), Adriane Moreira Nunes, que participou de forma ativa dos atos contra o governo Bolsonaro e liderou as lutas contra a intervenção no IFRN.
Adriane trouxe uma análise bastante completa sobre a conjuntura social, além de pontuar o perigo do governo Bolsonaro no atual contexto pandêmico, considerando as políticas antipovo e anticiência pregadas pelo Governo Federal. Mostrou-se, assim, que o presidente sempre afirmou e reafirmou seu machismo e seu compromisso de diminuir a voz feminina. Em contraponto a isto, Adriane afirmou que as mulheres sempre serão – agora e sempre – linha de frente na luta contra o atual governo e tudo o que ele representa.
“As mulheres são, declaradamente, inimigas do Bolsonaro. Lideramos o ‘Ele Não’ e continuaremos pelo Fora Bolsonaro!”, afirmou Adriane.
Por último, a plenária contou com a participação de Inaê Oliveira – coordenadora do Movimento de Mulheres Olga Benário do Rio Grande do Norte – que falou sobre os constantes descasos que as mulheres universitárias são obrigadas a sofrerem dentro de tal espaço. Assim, Inaê se baseou em suas experiências dentro da UFRN, visto que é estudante de Serviços Social na mesma universidade sobre a qual falou.
Dentre as tamanhas negligências sofridas pelas mulheres no meio acadêmico, tem-se os atrasos absurdos do auxílio creche, atrasos estes que obrigam as estudantes a abandonarem seus cursos pois não conseguem estudar enquanto cuidam de seus próprios filhos. A fala da companheira contou com denúncias e exposições referentes às ações cometidas pela UFRN, as quais impulsionaram a vontade e a necessidade das mulheres presentes na plenária a se organizarem e lutarem por uma universidade mais inclusiva e pela permanência estudantil.
“Se nossa luta não aponta para a transformação social, tudo o que conquistamos durante a história está em risco, já que a raiz dos nossos problemas está na estrutura da sociedade.”, denunciou Inaê.
O evento foi de extrema importância e aproximou muitas mulheres incríveis do Movimento Correnteza Potiguar, tendo em vista o seu caráter combativo e suas discussões coesas. Nessa perspectiva, o Movimento Correnteza deve sempre objetivar o fornecimento de espaços como esse para as massas a fim de compartilhar a luta dos nossos militantes e concretizar o contato das pessoas de fora do movimento com a luta estudantil universitária.
Mesmo após o mês de março, é de extrema necessidade continuarmos avançando com as nossas lutas pelo Fora Bolsonaro, com as absurdas denúncias que muitas vezes são evitadas por diversos movimentos e apresentarmos o sentimento de luto e revolta ao passarmos por esse mês de mobilizações. As mulheres gritam:
Fora Bolsonaro!
Vacina para todos, já!
Dignidade não se vende!
Universidade inclusiva, já!