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quinta-feira, 28 de março de 2024

Prefeitura de Cabo Frio quer destruir espaço para a prática de skate

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ESPORTE É VIDA. “O skate salva vidas”, dizem praticantes do esporte na cidade (Foto: Ricardo Cezar)

Demolição da mini rampa que fica ao lado do Teatro Municipal vem causando revolta entre os praticantes do esporte. 

Jean Moura
Cabo Frio (RJ)


CULTURA – Já não é de hoje que a Prefeitura de Cabo Frio demonstra irresponsabilidade com o dinheiro público e com a memória social da sua juventude. Além da recente e triste notícia da demolição da mini rampa que fica ao lado do Teatro Municipal, em 2013 a Prefeitura mandou demolir um skatepark que havia sido inaugurado há menos de um ano e custou R$ 180 mil aos cofres públicos da cidade.

Cabo Frio é uma cidade que investe pesado em turismo litorâneo, mas que acaba invisibilizando uma juventude que vem na contramão da sociedade. O skate é mais do que um esporte. No mundo do skate há uma interação social intensa entre a juventude e os demais sujeitos da rua. Assim, toda “revitalização” do espaço público interfere na dinâmica do skatista. A mini rampa que está sendo destruída tem vida, e quem deu vida à ela não foi o governo que a construiu, mas os jovens que mantiveram uma relação social e histórica com esse espaço.

Agora, se não houver uma mobilização para que a Prefeitura reforme a mini rampa, ao invés de destruí-la, toda a memória social de mais de três gerações irá morrer. Essa ação da Prefeitura agride não só o skatista, mas toda uma comunidade de cultura de rua que faz desses espaços um refúgio em meio a tanto caos e desigualdade que a sociedade produz.

E por falar em desigualdade, cabe ressaltar que a mini rampa fica localizada bem no meio de uma área residencial, uma área nobre por sinal. O skate é uma prática barulhenta, envolve música, boas risadas, gritos de alegria e comemoração. Essa “desordem” pode não estar agradando quem mora por ali, afinal somos marginais não por opção, mas por subjugação.

São inúmeras as mobilizações políticas por skate no Brasil e no mundo. Mais do que direito ao esporte e lazer estamos reivindicando o direito à cidade, que nos é negado uma vez que a cidade é produzida a partir dos interesses econômicos de uma classe dominante. Não podemos deixar que a mini rampa mais clássica da Região dos Lagos morra e que que essa memória social se apague. O skate salva vidas e nós devemos salvar o skate.

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1 COMENTÁRIO

  1. parabéns pela iniciativa, a região dos lagos precisa investir mais em cultura… “kultur” e não “civilization”

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