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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Privatização da CDHU deixa famílias depejadas pela Copa de 2014 sem casa

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DESCASO – Governo despejou as famílias, demoliu suas moradias e as abandonou para morar de aluguel (Foto: Reprodução)

Lucas Nascimento

SÃO PAULO – Se é verdade que a luta contra a Pandemia fortaleceu a solidariedade entre o povo, também é verdade que muitos oportunistas tentam se aproveitar dela para justificar ataques à população: governos usam a Pandemia para justificar a crise e a retirada de investimentos públicos, mas já cortavam os direitos dos trabalhadores com a retirada de verbas para a saúde, a educação e políticas de moradia antes mesmo da Pandemia; grandes empresas usam a Pandemia pra justificar cortes de salários e demissões, mas já fechavam fábricas e mandavam embora milhares de empregados, que saiam com uma mão na frente e outra atrás, muito antes do aparecimento da Covid-19 no Brasil.

Desemprego, falta de moradia e privatização da saúde pública (SUS) fizeram o terreno perfeito para que hoje o Estado de São Paulo tenha acumulado quase 90 mil óbitos e quase 3 milhões de casos mas, João Dória (PSDB) tenta passar a imagem de “defensor da vida” usando a Butanvac, vacina desenvolvida pelos trabalhadores do Butantã. Esse é o mesmo Dória que no dia 14 de Outubro de 2020, já durante a Pandemia, aprovou o PL (Projeto de Lei) nº529 que privatiza a CDHU, empresa pública do Estado de São Paulo responsável por construir moradias populares para famílias de baixa renda e que hoje tem 313 mil contratos em andamento. A privatização abre caminho para o setor privado fazer dinheiro com o déficit habitacional, pois agora a construção de moradias no estado fica a cargo da Secretaria de Habitação (Casa Paulista), comandada por Flavio Amary, representante dos patrões do setor imobiliário.

Com a construção de moradias populares nas mãos de donos de construtoras o sonho da casa própria do trabalhador fica quase impossível já que o interesse dos patrões é construir casa pra quem pode pagar. Quanto mais caro, melhor.

Isso significa que projetos prometidos pela CDHU não sairão do papel. É o caso dos projetos Campo Belo A e Campo Belo B, que seriam habitações populares para 400 famílias da região do Campo Belo, Zona Sul de São Paulo, moradoras das favelas do Comando, do Buraco Quente e do Buté. Essas famílias foram desabrigadas pelo Metrô há dez anos, para a construção da Linha da Linha 17-Ouro do Monotrilho, obra prometida para a Copa do Mundo no Brasil. Hoje, 10 anos depois, a linha está paralisada pela Justiça, devido irregularidades nos contratos entre o Governo e a empresa Constran Internacional.

As famílias, criadas por gerações na região do Campo Belo, tiveram seus laços cortados, saindo da casa própria para morar de auxílio aluguel, espalhadas pelos quatro cantos da cidade, longe do trabalho, escola dos filhos e faculdade.

Campo Belo é uma região que foi propriedade de fazendeiros, donos da Casa-Grande ligadas ao Império, como a família Vieira de Morais, que fizeram suas riquezas sobre a exploração muita gente do povo. Hoje a região sofre com a especulação imobiliária, motivo esse de o Governo Dória não se importar em iniciar a construção das moradias populares prometidas, tendo passado mais de 5 anos do prazo de entrega dos apartamentos e nem mesmo a licença da Prefeitura para o início das obras ter sido emitida. Os terrenos continuam vazios e a cidade continua sem Monotrilho, mas cresce o número de famílias despejadas e sem moradia. Só a luta organizada dessas famílias trará a casa própria e a vitória sobre um governo representante dos ricos.

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