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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Nossa riqueza como a nossa pobreza: um paradoxo brasileiro

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VEIAS ABERTAS – “A mão”, monumento de Oscar Niemeyer, representa a luta da América Latina contra a exploração capitalista (Foto: Reprodução)

Isabella Catarina

SÃO PAULO – O subdesenvolvimento da nação brasileira não é uma novidade, mas um problema com causa histórica, decorrente do processo de colonização. Quando os portugueses e espanhóis chegaram na América, por conta de seus interesses comerciais e de exploração, rapidamente notaram as riquezas das “novas” terras, que possuíam muitos minérios e um solo extremamente rico e fértil, não demorando para se apossarem do território latino em prol do desenvolvimento capitalista em todo o continente europeu; assim começou a colonização, que promoveu um verdadeiro holocausto ao povo latino-americano em nome do aumento da riqueza europeia.

À partir desse processo toda a América Latina foi condenada desgraça, como diz Eduardo Galeano em “As Veias Abertas da América Latina”: a nossa riqueza foi a responsável pela nossa miséria”. A abundância de metais preciosos (encontrados em todo o território, destacando a Bolívia como um dos maiores alvos da extração mineral quando colônia) e de alimentos que podiam ser produzidos nas terras americanas, contribuíram muito para a acumulação de capital das metrópoles, enquanto as populações nativas e africanas eram escravizadas e dizimadas: o desenvolvimento do “primeiro mundo” foi pago com o sangue e a miséria do povo latino.

Entretanto, atualmente as coisas não são muito diferentes: os países latino americanos carregam o fardo da herança colonial, possuindo uma economia basicamente primária, que serve principalmente de exportação aos países imperialistas; exporta-se riqueza natural, matériasprimas e alimentos para que estes sejam transformados, nos centros capitalistas, em tecnologia,  produtos cosméticos, aparelhos eletrônicos, utensílios do dia a dia, entre outros produtos que garantem o lucro exorbitante das multinacionais. “Exportamos açúcar para importar caramelos”… é extremamente favorável e lucrativo para as nações imperialistas este ciclo de dependência, que mantém a maioria das nações da América Latina sem soberania. 

No Brasil, por exemplo, poderiam ser produzidos os mais diversos alimentos alimentar a população, no entanto, a estrutura fundiária capitalista, dominada pelo latifúndio, destina milhares de hectares à produção de pouquíssimos produtos, como a soja e o milho, que servem para alimentar as vacas estrangeiras e fortalecer a pecuária, contribuindo para a destruição da natureza, enquanto produtos básicos que poderiam ser produzidos em solo brasileiro são importados, como o próprio feijão. Dá-se de comer às vacas estadunidenses enquanto o povo passa fome.

O capitalismo não oferece incentivo algum para mudar essa realidade: as políticas neoliberais brasileiras, que tornam os trabalhadores escravos do mercado internacional, apenas servem ao interesse da burguesia, as privatizações das empresas nacionais, pauta frequente no governo Bolsonaro, servem para aumentar a dependência do país sob as multinacionais estrangeiras, acabando com qualquer resquício de soberania nacional. “Assim, os países pobres pagam aos seus compradores ricos para que lhes façam concorrência”.

É preciso repetir o que fizeram os cubanos e acabar de uma vez por todas com a exploração, não há outra maneira de pôr fim às heranças miseráveis causadas pela colonização senão a revolução socialista; apenas com um governo popular, com o socialismo, será possível finalmente desfrutar da riqueza, dos frutos e da beleza das terras e da soberania brasileira.

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