Redação Rio
LUTA POPULAR – Nesta quinta (24), cerca de 150 famílias sem teto organizadas pelo Movimento de Luta, nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam um prédio abandonado no centro da capital fluminense. As famílias ocupam o imóvel de 7 andares por conta da falta de moradia crônica no Rio de Janeiro.
O Rio é caracterizado por um grande déficit habitacional e ter um dos alugueis e metros quadrados mais caros do país. Nas periferias a população sofre com a especulação imobiliária liderada pelas milícias. Já nas áreas centrais, as últimas gestões da prefeitura e a atual do prefeito Eduardo Paes (PSD) existe um processo de expulsão das famílias pobres e elitização.
Prédio se encontra sem função social há anos
O prédio, ligado à Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio, há muitos anos se encontra vazio e sem utilização. O imóvel foi estatizado durante a II Guerra Mundial quando abrigava um banco ligado à Alemanha Nazista.
As famílias que ocuparam o espaço se encontravam sem moradia digna e numa situação de completa insegurança por conta da pandemia. O Rio continua sendo uma das cidades com mais mortos por COVID-19. Desde o ano passado, o MLB vem mobilizando uma ampla rede de solidariedade, onde foram distribuídas toneladas de alimentos para atenuar a situação de pobreza extrema dessas famílias.
No entanto, o agravamento da pandemia impôs a necessidade também de se intensificar a luta por moradia digna, para se garantir o mínimo de isolamento físico. Por isso, nos últimos meses as famílias que hoje fundaram a Ocupação Kathlen Romeu, em homenagem à jovem grávida de 14 semanas que foi assassinada pela PM do Rio, vem se organizando.
“O déficit habitacional na região metropolitana do Rio é de mais de 350 mil moradias. Com a pandemia, o desemprego e o aumento do custo de vida, milhares de famílias passaram a viver nas ruas, pontes e viadutos da cidade. É uma realidade cruel, que precisa ser enfrentada com luta e mobilização popular”, afirma o movimento, que batizou a Ocupação Kathlen Romeu.
Prefeitura do Rio aprova projeto para expulsar pobres do Centro
Nesta semana também a Câmara de Vereadores do Rio aprovou o projeto “Reviver Centro”. O projeto oficialmente trata de uma “revitalização” do Centro do Rio de Janeiro prevê na verdade a expulsão de camelôs, trabalhadores e famílias pobres do espaço central.
A proposta prevê imóveis apenas para a especulação imobiliária. Além disso, a ideia da prefeitura é que haja´moradia social para servidores públicos que ganhem mais de 6 salários mínimos e estudantes cotistas. Na prática, a quantidade de moradia destinadaa pessoas pobres será irrisória.
Ocupação quer transformar prédio em espaço de divulgação científica
O prédio ocupado pelas famílias do MLB, localizado na Rua da Alfândega 48, pertence ao Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, ligado à Secretaria de Ciência e Tecnologia. Por conta do desinvestimento na ciência patrocinado pelo governo do estado, a FAPERJ não conseguiu dar função social ao imóvel.
Nesse cenário, uma das discussões que as famílias tem feito é da necessiade do espaço ser além de moradia popular, também um local de divulgação de conhecimentos e pesquisa científicas. A ideia é valorizar a importância da ciência também para o povo pobre.
COMO APOIAR A OCUPAÇÃO
As famílias estão em constante vigília para impedir qualquer ação de repressão por parte do Estado e precisam de doações de materiais de construção, itens de higiene, água e alimentos.
Advogados, entidades estudantis, sindicatos, movimentos de mulheres, trabalhadores e demais apoiadores concentraram-se em frente ao prédio para prestar solidariedade às famílias e à luta pelo direito humano de morar dignamente.
Maravilhoso trabalho!. As famílias que ocuparam o prédio que estava vazio , estão todas de parabéns. E que se disponham a lutar para conservar esse espaço conquistado . Espaço este denominado Kathleen, muito bem lembrado , passa a ser um marco na luta pela reforma habitacional ko Rio. PARABENS. GRANDE ABRAÇO A TODOS.
Temos que conseguir a abertura de água encanada para evitar a proliferação do vírus