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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

12 pessoas morreram de frio nas ruas de São Paulo em junho

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DESIGUALDADE – Na cidade mais rica do país, famílias vivem nas ruas e morrem de frio (Foto: Reprodução)

Ana Carolina Sales

SÃO PAULO – Na madrugada do dia 30 de junho, os termômetros no centro da cidade de São Paulo marcaram 6º C; a cidade “que nunca dorme” matou de frio, entre 29 e 30 de junho, ao menos 9 pessoas que se encontravam dormindo nas ruas. A Prefeitura da cidade, que não se importa com o povo, nem mesmo notificou as mortes, dizendo que não tinha meios para atestá-las; coube ao Movimento da População de Rua levantar os dados, mostrando que, somente em junho, pelo menos 12 pessoas morreram de hipotermia nas madrugadas frias da capital.

Milhares de pessoas, entre elas crianças, idosos e deficientes, são obrigadas a dormir nas ruas, debaixo de chuva ou durante as noites frias do inverno, pois mesmo São Paulo sendo uma das cidades mais ricas do mundo, possui a maior população em situação de rua do Brasil. Segundo o Censo da População em Situação de Rua, em 2019 a cidade possuía cerca de 24 mil pessoas morando nas ruas, mas esse número aumenta cada vez mais, principalmente com a chegada da pandemia.

O valor do auxílio emergencial dado pelo governo é incompatível com os gastos de moradia, alimentação e produtos básicos para a sobrevivência digna de quem está desempregado, jogando assim famílias inteiras nas ruas, que além de sofrerem com a violência, a fome e o abandono, estão agora jogadas à própria sorte para se contaminarem e morrerem com a covid-19.

Não foi o frio que causou essas mortes, o que matou e mata todos os dias as pessoas em situação de rua é a negligência do poder público, do prefeito e do governador de São Paulo, que pouco se importam com o acolhimento dessas pessoas e ainda dizem “que é por falta de vontade de dormir nos albergues”; não levam em consideração, no entanto, que muitos centros de acolhida são precários em estrutura e higiene e não garantem dignidade a quem os utiliza. No ano de 2017, a prefeitura de João Dória (PSDB), atual governador de São Paulo, queria distribuir uma “ração” para as pessoas pobres, grãos feitos de produtos que não poderiam ser comercializados nos mercados por conta da validade, tratando o povo sem humanidade e respeito. Esse é o caráter do capitalismo e dos que governam nesse sistema, lucrar em cima da fome e da morte das pessoas que se encontram à margem da sociedade.

Relembro a frase da escritora negra, favelada e doutora: Carolina Maria de Jesus, que em sua obra “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada” (1960), relatou a fome e todos os anos que passou sendo catadora de papel: “O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende a pensar no próximo, nas crianças (…) Quem governa o nosso país é quem tem dinheiro, quem não sabe o que é fome, a dor, e a aflição do pobre (…)”.

É urgente pensar um novo tipo de sociedade, onde todos possam ter um teto para morar e viver de maneira digna e feliz, sem passar fome ou frio, uma sociedade sem desigualdades sociais, uma sociedade que não lucra com a morte dos moradores de rua, uma sociedade conduzida e governada pelos pobres e trabalhadores desse Brasil, pois o povo pode garantir a satisfação de suas necessidades.

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