Pedro Antonelli e Gustavo Roth
SÃO PAULO – O Campus Instituto das Cidades, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), é fruto de mais de 30 anos de luta pela criação de uma Universidade pública na Zona Leste da cidade de São Paulo, região com mais de 4 milhões de habitantes. Funcionando parcialmente desde 2016, com apoio de emendas parlamentares, o campus tem trabalhado com foco em pesquisa e extensão, mas já iniciou suas primeiras turmas de graduação em geografia.
Apesar de estar se consolidando como uma Unidade Universitária e, assim, poder receber parte do orçamento do Ministério da Educação destinado à UNIFESP, o Instituto das Cidades está ameaçado. Isso porque com a Lei Orçamentaria aprovada em abril pelo governo fascista e inimigo da ciência de Jair Bolsonaro, as universidades tiveram um corte de 20,6% em seu orçamento anual, além de bloqueios nos repasses da verba restante, gerando um risco real de fechamento da UNIFESP em setembro de 2021, já que os recursos efetivamente acessados pela Universidade são insuficientes para pagar salários de funcionários e contas básicas de funcionamento como água e luz; segundo a Pró Reitora de Administração, Tânia Mara Francisco, dos R$60 milhões aprovados pelo governo, apenas R$20 milhões puderem efetivamente ser utilizados pela gestão da Universidade.
Para impedir o fechamento das universidades e defender mais verbas para a educação, os estudantes estão organizando nacionalmente um grande ato nesse dia 11 de agosto, dia do estudante, defendendo a queda imediata de Bolsonaro e sua trupe de generais e milicianos. No Instituto das Cidades será realizada uma atividade pelo Fórum do Campus Zona Leste, DCE da UNIFESP e pela Comissão Pró Centro Acadêmico da Geografia, com intuito de pressionar os parlamentares e garantir o prosseguimento das emendas que ajudam a manter o campus funcionando.
A importância do Campus da Zona Leste
O Campus Instituto das Cidades, desde sua fundação, tem buscado formar profissionais conectados às necessidades dos trabalhadores e moradores das regiões mais carentes do país, além de trabalhar pelo desenvolvimento da própria Zona Leste. Trata-se de um grande avanço para a região, pois como apontou o professor Tiaraju Pablo, em entrevista à Folha de São Paulo: “A zona leste sempre foi relegada a segundo plano, foi aqui que o transporte demorou para chegar, as políticas públicas chegam sempre tardiamente e se for pensar em universidade, a USP foi implantada no Butantã na década de 1930. A gente está com 80 anos de atraso”.
Durante a luta pela construção de uma Universidade pública na região, alguns personagens se destacaram, como o educador marxista e padroeiro da educação brasileira, Professor Paulo Freire, e o Padre Ticão, pároco da Paróquia de São Francisco de Assis de 1978 até 2020, ano de sua morte. Hoje, o curso de graduação em geografia, além de ser apenas o quarto curso da área no estado e o terceiro com opção de bacharel, oferece aos estudantes unidades curriculares que visam a compreensão da problemática urbana, como a gentrificação de bairros pobres e a grave situação habitacional que o nosso país passa historicamente, aproximando-se do que foi sonhado para a educação por esses históricos lutadores do povo brasileiro.
O Campus Instituto das Cidades é uma vitória do povo trabalhador da Zona Leste e deve ser defendido com unhas e dentes frente aos ataques do Governo Federal, assim como todas as universidades federais que estão na mira do presidente corrupto.