Caio Sad – Coordenação Distrital da UJR
Nos dias 25 e 26 de Setembro a União da Juventude Rebelião reuniu a sua militância com um clima de muita disposição, no seu primeiro congresso do Distrito Federal. O congresso aprovou uma jornada de lutas da juventude pela derrubada do genocida Bolsonaro contra o fascismo, pelo poder popular e o socialismo.
Os dois dias do congresso foram marcados pela energia e agitação características da juventude revolucionária, desde a abertura do congresso, com o Hino da Internacional Comunista cantado por todos, continuando com várias palavras de ordens, como também uma seria de intervenções artísticas, muitas músicas e poesia apresentadas pelos militantes.
Os delegados presentes discutiram a realidade brasileira e internacional e a importância da construção de uma poderosa organização marxista-leninista que seja um instrumento capaz de organizar a juventude e o povo brasileiro para as lutas que se avizinham. Foi enfatizado a importância dos núcleos de base, definição de um plano de formação política, a construção material como tarefa de todos e a necessidade de fortalecimento da relação com a juventude tanto das escolas e universidades como nos bairros. O congresso decidiu por unanimidade a palavra de ordem central: É hora de unir a juventude para lutar contra a corrupção, o genocídio e o fascismo! Pelo poder popular e o socialismo!
Ao final do congresso, dezenas de propostas foram aprovadas no intuito de fortalecer a organização revolucionária da juventude brasileira, alcançar milhões de corações e mentes numa grande onda de luta que coloque o povo no poder. Como síntese das suas discussões, o congresso aprovou a seguinte resolução política:
RESOLUÇÃO POLÍTICA DO I CONGRESSO DISTRITAL EXTRAORDINÁRIO DA UNIÃO DA JUVENTUDE REBELIÃO:
Unir a juventude contra a corrupção, o genocídio e o fascismo! Pelo Poder Popular e pelo Socialismo!
Camaradas, é com muita alegria e combatividade que realizamos o I Congresso da UJR no Distrito Federal, após um intenso processo de preparação e formação teórica, ideológica e prática da nossa militância, fundamentada no marxismo-leninismo e nas lutas cotidianas contra os ataques da burguesia à juventude e ao povo trabalhador do nosso país.
Esse evento histórico realizado no centro do poder do Brasil, acontece sob uma conjuntura de acirramento da luta de classes, em que para sustentar sua existência diante da crise mundial, que se prolonga há mais de dez anos, a burguesia dependente brasileira se ajoelha ao imperialismo e assume sua face mais brutal, a do fascismo, para destruir cada direito social e político conquistado através da luta popular e implementar os planos perversos do liberalismo.
O povo brasileiro tem enfrentado maus bocados com o governo do fascista Jair Bolsonaro. Vítimas do crescimento da miséria, do desemprego, da fome, da exploração, das opressões e da covid-19, com milhares de mortes evitáveis não fosse o genocídio em curso, que corrompeu inclusive dinheiro de vacinas, segundo investigação recente.
A juventude, grande maioria da população, está também entre os que mais sofrem. No último período, sentimos na pele o desemprego, a desigualdade no acesso à educação, assim como a luta para permanecer, também a necessidade de lutar por moradia digna, saúde, cultura, lazer, enfim, contra o capitalismo apodrecido que nos arranca os sonhos e perspectivas de uma vida mais justa e feliz.
No entanto, o povo não se entrega e vai à luta. Recentemente milhões de pessoas ocuparam as ruas no Chile, Equador, Bolívia, Colômbia, Haiti, Espanha e até mesmo no coração do capitalismo, os EUA. Em nosso país, as gigantescas manifestações contra esse governo genocida, que encheram as principais ruas do país com mais de 1 milhão de pessoas, traz resultados, prova disso é a aceleração na vacinação em vários estados e o enfraquecimento do governo que ameaça, mas até hoje não conseguiu dar um golpe.
No Distrito Federal, nossa juventude também não abaixou a cabeça e foi força determinante para as lutas mais consequentes desenvolvidas no último período contra o governo de Ibaneis Rocha, milionário, corrupto e submisso à Bolsonaro. Desde o início da pandemia, nossa juventude cresceu mais de 150%! Participamos com entusiasmo e rebeldia das principais manifestações contra o governo fascista; apoiamos a luta por moradia, contra os despejos, contra o aumento de passagens, contra a privatização da CEB, por redução das mensalidades nas faculdades privadas, por renomeação da ponte Costa e Silva em homenagem à Marielle Franco e Honestino Guimarães, construímos a campanha de solidariedade às famílias do DF, junto ao MLB e ao Movimento Olga Benário, e muito mais.
Resistir ao golpe e ao fascismo
Desde que Bolsonaro foi eleito, a UJR e o PCR vêm indicando que o objetivo do ex-capitão, de sua família e das forças armadas é impor uma ditadura para aprofundar a exploração dos trabalhadores e o controle da burguesia e do imperialismo sobre nosso país.
Com reduzido apoio popular, Bolsonaro avança nas aproximações sucessivas para um golpe, pois sabe que não ganha a próxima eleição e, por isso, tenta impedi-la ou realiza-la sob seu total controle. Para tanto, conta com a participação e apoio do alto comando das forças armadas, composto por ricos generais corruptos e fascistas. O desfile militar aqui em Brasília, em agosto, foi um ensaio dos planos golpistas e serviu para comprovar que os comandantes das forças armada querem e apoiam o golpe, a exemplo do que fizeram várias vezes na história da república burguesa em nosso país.
Os generais apoiam os planos do ex-capitão de impor uma nova ditadura pois sabem, um governo militar e o controle sobre o país, representa benesses para suas famílias, regalias e impunidade.
O dia 07 de setembro foi a data escolhida para o golpe de Bolsonaro. Apesar do apoio dos generais, de todo o dinheiro colocado nas mobilizações pró-Bolsonaro, da propaganda nas redes sociais, da articulação entre várias associações patronais e do assédio às polícias militares em vários estados, o golpe fracassou. Primeiro, porque a base social do fascismo é limitada (Bolsonaro chegou a anunciar que colocaria 2 milhões de pessoas na Paulista e em Brasília, mas não passou de 125 mil); segundo, por que faltou apoio internacional ao golpe (nenhuma potência imperialista deu aval aos planos do ex capitão, especialmente os EUA); por fim, porque a realização de manifestações populares na maioria das capitais no dia 7 de setembro demonstrou que haveria resistência aos golpistas nas ruas.
Ao mesmo tempo, o 7 de setembro também revelou que há no Brasil uma massa de 10 a 15 % de reacionários, fascistas, defensores da ditadura e da repressão aos trabalhadores. Esse setor é a base de apoio fundamental de Bolsonaro, não pode ser subestimado e precisa ser enfrentado e esmagado pelas forças populares e pela revolução.
Diante disso, é necessário fortalecer a UJR e prepará-la para enfrentar e resistir às novas ofensivas golpistas. O fato é que não há possibilidade de seguirmos muito mais tempo sem a ameaça de um golpe fascista. O Brasil não é uma potência imperialista, que pode manter a aparência de uma democracia burguesa à custa da opressão das nações dependentes. Em nosso país, não há como a burguesia seguir controlando as massas sem uma brutal repressão e uma ditadura fascista. Por isso, é preciso levar a sério a situação política, a começar pelo combate à maneira liberal como os militantes se comportam e se comunicam, muitas vezes expondo toda sua vida e sentimentos nas redes sociais e falando detalhes da organização por telefone ou internet.
Outro elemento fundamental para preparar nossa organização e seus militantes para o embate que se aproxima é acelerar a formação política e ideológica dos quadros.
Seguir desprezando a formação marxista-leninista é impedir o próprio desenvolvimento da revolução, pois, como disse o camarada Lênin, “sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário”.
Nossa tática e o papel da Unidade Popular
Camaradas, nossa UJR e PCR deve acelerar sua preparação para a situação revolucionária que, mais cedo ou mais tarde, eclodirá em nosso país. A verdade é que não há, além da UJR, PCR e UP, nenhuma outra organização política que tenha vontade e disposição de dirigir essa revolução. Esperar que a socialdemocracia e os reformistas (PT, PCdoB, PSOL, MST, etc) assumam a direção dessa luta é decretar a derrota da revolução e da classe operária e sua juventude. Assim, devemos preparar a UJR para tempos de guerra, não para tempos de paz social; preparar a UJR para um processo de ruptura, não para conciliação entre as classes. É na UJR e PCR que as organizações marxista-leninistas e os povos da América Latina depositam suas esperanças de uma transformação revolucionária no Brasil.
Neste sentido, cada militante da UJR deve trabalhar mais, dedicar cada minuto de seu tempo à construção da UJR e da revolução, recrutar com mais audácia e profundidade novos camaradas, aumentar nossa agitação e atuação na classe operária, disputar e conquistar sindicatos, promover mais brigadas do Jornal, realizar ocupações, organizar a juventude na luta pelos seus direitos. Precisamos ter como exemplo o trabalho abnegado dos bolcheviques russos, dos revolucionários cubanos, dos guerrilheiros vietnamitas e de nossos heróis e heroínas: Manoel Lisboa, Olga Benário, Marighella e muitos outros.
A melhor forma de cumprir essas tarefas, aprofundar nossa relação com as massas e ganha-las para a revolução é ampliar o trabalho e projeção da UP. Para crescer, a Unidade Popular pelo Socialismo deve se constituir com uma força política independente da socialdemocracia e dos partidos burgueses e pequeno-burgueses. Diante da ameaça de um golpe fascista e da suspenção das eleições marcadas para o ano que vem, a UP deve lutar para que as eleições aconteçam, defender o direito do povo de votar e escolher seus candidatos.
Não atrairemos as massas para a revolução defendendo o PT e seus candidatos e a união nacional com a grande burguesia apoiadas pelo imperialismo. Além do mais, só seremos um partido forte, com base e referência de massas se nos dedicarmos à construção da UP. Essa tarefa também é necessária para arrancar a direção do movimento de massas das mãos da social democracia e do reformismo, que fazem de tudo para impedir que a luta contra o fascismo avance e tenha consequência. Exemplo disso é a inércia das centrais sindicais diante da ameaça de golpe fascista e a recusa de sequer discutir a proposta de greve geral contra o golpe e pela derrubada do governo.
Na atual situação, onde diversos partidos burgueses e socialdemocratas fazem articulações, negociação e apresentação seus candidatos, é fundamental afirmarmos que existe outro caminho e coesionar o conjunto de nossos militantes para ganhar as massas para uma revolução popular e construir uma nova sociedade, uma sociedade socialista.
Por fim, a melhor tática para seguir mobilizando o povo para as manifestações é a unidade popular, a denúncia da carestia e a defesa das bandeiras de luta que interessam às massas, como Auxílio emergencial de R$ 600, controle dos preços, aumento do salário-mínimo e fim do desemprego, bandeiras essas que devem ser vinculadas à palavra de ordem Fora Bolsonaro, Governo da Fome e do Desemprego!
Desafios para a UJR – DF no próximo período
Vemos, portanto, que o decrépito sistema capitalista, só tem a nos oferecer a fome, guerras, pobreza, miséria e desemprego. Só a luta popular é capaz de pôr fim a esses problemas através de uma revolução socialista que construa uma sociedade sem exploração de um ser humano por outro. Porém, para sermos capazes de cumprir com tal tarefa, é fundamental uma forte organização de vanguarda do povo brasileiro, capaz de dirigir a revolta das massas rumo a revolução. É preciso fortalecer a UJR, o PCR e a UP para derrotar o fascismo e fazer uma revolução no Brasil!
Viva a União da Juventude Rebelião!
Pelo poder popular e pelo Socialismo!
Brasília, 26 de Setembro de 2021