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sábado, 16 de novembro de 2024

O papel da imprensa revolucionária

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Brigada do jornal em Brasília

Jorge Batista

Há uma inegável crise na produção e distribuição de jornais impressos em todo o Brasil. A situação de pandemia e de isolamento social acelerou rapidamente o processo que já vinha se desenvolvendo há anos, causando o fechamento de redações e de bancas de jornal em muitas cidades do país.

Muitos jornais com vários anos em circulação abandonaram a edição de sua versão impressa. É o caso, por exemplo, do Jornal do Commercio, de Pernambuco, fundado em 1919 e fechado em abril de 2021. A Folha de S. Paulo, jornal que alcançou, na década de 1990, uma tiragem superior a um milhão de exemplares diários, publicou, em junho de 2020, 340.511 exemplares, contando, inclusive com os assinantes digitais, segundo o Instituto Verificador de Comunicação (IVC). O mesmo fenômeno vem ocorrendo com a edição de revistas semanais impressas. Os donos do Grupo Globo decidiram encerrar, em maio deste ano, a circulação da revista Época. A revista Veja, de propriedade dos donos da editora Abril, viu sua tiragem semanal cair de 861 mil, em 2017, para 144 mil exemplares, em 2021.

E não se trata apenas de um fenômeno de migração da forma impressa para a forma digital de difusão das mídias. Se as assinaturas digitais da revista Veja forem tomadas separadamente, é possível observar que estas tiveram uma queda de mais de 300% entre 2017 e 2021, indo de 387 mil para 117 mil, segundo os dados do IVC.

Os jornais e revistas que vivem da veiculação de propagandas de empresas capitalistas em suas páginas passam, cada vez mais, por uma crise de identidade que questiona sua própria existência.

De um lado, perderam completamente a condição de ser o veículo das últimas novidades, uma vez que as notícias publicadas nesses jornais são quase sempre velhas em relação à massa de informação que circula pelas chamadas redes sociais, blogues e sites. São, assim, incapazes de apontar para os novos movimentos da sociedade, prever ou interpretar as mudanças que estão em curso. A sustentação de uma cara rede de correspondentes profissionais dentro e fora do país, assim como o domínio dos instrumentos rápidos de comunicação, que permitiam se apossar das novidades, não definem mais a capacidade de informar as últimas notícias.

Por outro lado, fica cada vez mais desmascarada perante toda a sociedade a postura pretensamente neutra que esses veículos de comunicação buscaram assumir. Através da força do capital, quiseram se apresentar como porta-vozes da opinião pública e da parcela mais esclarecida da nação. Hoje, são vistos com desconfiança, percebidos como autores de uma mídia venal, submissa aos interesses ideológicos dos capitalistas que pagam pelas propagandas.

Nesse momento de crise da imprensa capitalista, cresce ainda mais a importância do trabalho feito pela imprensa revolucionária. Percebemos isso na atividade prática realizada pelo jornal A Verdade que, nos últimos anos, reforçou sua presença em reuniões nas comunidades, na campanha eleitoral, na formação e desenvolvimento dos mais diferentes núcleos de lutadores sociais de norte a sul do país, sem cessar nem atrasar sua publicação impressa uma edição sequer.

Mesmo nas difíceis condições da pandemia, cresceu a produção e divulgação do jornal A Verdade, seus exemplares e colaboradores, de maneira que estamos diante da possibilidade de aumentar a quantidade de edições do jornal, tornando-o quinzenal. É importante ressaltar que nosso jornal segue e seguirá sustentado unicamente pela contribuição de seus leitores, assinantes e colaboradores, sem receber nem publicar propaganda de grandes empresas capitalistas.

Aumentar a tiragem e a periodicidade de publicação tornou-se uma necessidade em todas as tarefas que o nosso jornal se propõe a cumprir.

Como propagandista, precisamos de um jornal que atue ainda mais no trabalho de formação política que é realizado nos núcleos e nas comunidades. Um jornal de periodicidade quinzenal pode ampliar a difusão da literatura revolucionária, ampliar o debate sobre a realidade brasileira e latino-americana e combater mais firmemente as posições revisionistas, reformistas e liberais.

Como agitador, podemos aprofundar a linha política da agitação que é realizada nos meios virtuais e na rua, ampliando a quantidade e, principalmente, a qualidade de sites, canais, perfis, programas e brigadas realizados em torno dos temas de denúncia levantados pelo jornal A Verdade a cada 15 dias. Teremos, assim, um veículo de denúncias mais ágil, que receba e publique mais regularmente cartas de trabalhadoras e trabalhadores de várias origens, relatando suas condições de trabalho e de vida.

Mas é como organizador coletivo que a necessidade de um jornal quinzenal é ainda mais imperiosa. Aqui, a existência do jornal impresso é insubstituível, uma vez que esse trabalho de organização exige o encontro olho no olho, a conversa franca e aberta e a troca de ideias. É necessário que os coletivos coloquem cada vez mais o trabalho com o jornal no centro da sua atividade política, organizando a distribuição, debatendo seu conteúdo e aprofundando seus temas de análise. É este trabalho que dá a identidade nacional unificada que é marca da nossa organização. Ampliando a quantidade de edições do jornal, teremos um organizador ainda mais eficaz, a formação de mais militantes e a ampliação da nossa força.

Precisamos agora criar as condições para editar o jornal A Verdade de forma quinzenal no início de 2022. Todos os militantes e colaboradores têm tarefas e responsabilidades relacionadas com essa meta. Em cada região, é necessário debater formas de atingir as seguintes condições:

Ampliar a quantidade de exemplares vendidos (dos atuais 10 mil para 15 mil jornais). Fortalecer em cada região o trabalho regular de empresa do jornal, o controle dos pagamentos, a prestação de contas e, principalmente, a ampliação das cotas de cada coletivo para que se seja possível alcançar este novo patamar.

Realizar aperfeiçoamentos no layout do jornal impresso e do site, inaugurando uma nova identidade visual, junto ao lançamento da periodicidade quinzenal.

Liberar, nos principais estados, o tempo de atividade de militantes-chave para que passem a ter prioridade na redação do jornal, possibilitando a formação de uma equipe regular que dê conta do trabalho de edição a cada 15 dias.

Fortalecer a estrutura de produção e de logística de distribuição em cada região, planejando formas mais econômicas e ágeis para imprimir nossa publicação e fazê-la chegar nos diferentes locais.

Só será possível atingir essas condições com o compromisso e a organização do trabalho coletivo. É preciso a participação de toda a militância, o esforço e a mobilização para fortalecer nosso instrumento de propaganda, agitação e organização, fazendo um jornal dos trabalhadores, a serviço da luta pelo socialismo e ainda mais presente na vida da classe trabalhadora brasileira.

Publicado na edição nº 240 (julho de 2021) do jornal A Verdade

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